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NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 20/03/2013





Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil e até do mundo. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.


Azul diz estar pronta para Congonhas e pretende ligar as principais capitais

Marina Gazzom

 Aviação. Presidentes da TAM e da Gol, que seriam as maiores prejudicadas com a mudança das regras que permitiria a entrada da rival no aeroporto paulista, criticaram ontem a proposta da SAC e se manifestaram contra medidas intervencionistas no setor aéreo.
A companhia aérea Azul está pronta para entrar em Congonhas e deve fazer voos para as principais capitais brasileiras partindo do aeroporto localizado no centro de São Paulo, afirmou ontem o diretor de comunicação e marca da companhia, Gianfranco Beting. "Temos a expectativa de que efetivamente Congonhas seja aberto para um maior número de companhias aéreas e já estamos nos posicionando para aproveitar essa oportunidade", disse Beting, durante o evento Fórum Panrotas.
Segundo ele, o plano de expansão da capacidade da empresa está atrelado à entrada em Congonhas e a voos para novas cidades. Azul e Trip, que anunciaram a fusão no ano passado, têm uma frota de cerca de 120 aviões. A empresa receberá 16 unidades neste ano, mas poderá usar os novos modelos para substituir aviões mais antigos da Trip.
A entrada da companhia no aeroporto paulista, porém, tem provocado polêmica. Uma proposta da Secretaria de Aviação Civil (SAC) prevê novas regras para a concessão de slots (horários de pouso ou decolagem) em Congonhas, usando critérios como regularidade, pontualidade, participação de mercado e realização de voos regionais.
Pela regra atual, novas companhias entram no aeroporto apenas se as empresas que já estão lá não cumprirem índices de regularidade. Esses horários vão majoritariamente para as empresas que já atuam no aeroporto, que têm direito a ficar com 80% desses slots. Com o critério proposto pela SAC, Gol e TAM, que detêm 95% dos slots em Congonhas, perderão esse espaço para a Azul, que realiza apenas um voo semanal a partir do aeroporto. Apesar de toda a polêmica que essa proposta vem provocando, o Estado apurou que o governo está realmente determinado a abrir espaço para a Azul no aeroporto paulista.
Críticas» Os presidentes da TAM e da Gol, que seriam as maiores prejudicadas por uma eventual mudança, criticaram publicamente ontem, pela primeira vez, a proposta do governo - até agora, apenas a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) vinha se posicionando sobre o assunto.
Marco Antonio Bologna, da TAM, disse que alterações bruscas em um aeroporto impedem o planejamento feito pelas companhias aéreas. "Regras estáveis são importantes para planejamento de frota e investimento. Nossa proposta como Abear é ter estabilidade da oferta. Isso é importante para nós que já estamos no aeroporto (de Congonhas) e para os novos entrantes, que deixam de ser novos entrantes no dia seguinte", disse.
Gol e TAM também se manifestaram contra medidas intervencionistas no setor. "O estímulo à concorrência não deve ser um desestímulo a conquistas do setor nos últimos anos", disse Paulo Kakinoff, presidente da Gol.
"Todo mundo tem de trabalhar. A gente não ganhou nada, a gente conquistou (nosso espaço) com muito trabalho e dedicação. No caso da TAM, o comandante Rolim (Amaro, fundador da TAM) fez uma opção de ir para Congonhas quando ninguém voava dela. Ele mesmo falava: "Já comi muita poeira aqui"", disse Bologna.
As empresas defendem que a abertura de Congonhas a novas empresas seja feita pela expansão da capacidade do aeroporto. Em reunião com a presidente Dilma Rousseff na semana passada, os representantes do setor pediram que os slots usados para a aviação executiva em Congonhas sejam destinados às linhas regulares. Hoje, o aeroporto opera com capacidade de 34 movimentos por hora, mas quatro são usados pela aviação executiva.
Oficialmente, a própria Azul diz defender a posição da Abear. "O slot é um direito da empresa que está operando e não pode ser simplesmente tomado. Não gostaria de imaginar um cenário em que o slot é recolhido e redistribuído. Não concordamos com isso", disse Beting, sem especificar qual seria a fórmula adequada para viabilizar a entrada da Azul em Congonhas. "Vamos seguir o que for decidido. Não cabe a nós fazer juízo de valor."


Operação em aeroporto de Vera Cruz tenta combater tráfico e contrabando

Polícias Civil, Militar e Federal e, Receita Federal, atuam em conjunto. Espaços aéreo e terrestre estão sendo monitorados nesta terça-feira.

Do G1 Bauru e Marília

Uma operação conjunta das polícias Civil, Militar e Federal e da Receita Federal está movimentando o aeroporto em Vera Cruz, SP, nesta terça-feira (19). Os espaços aéreo e terrestre da região estão sendo monitorados para tentar combater o tráfico de drogas e o contrabando, já que o Centro-Oeste Paulista é considerado uma das principais rotas dos criminosos.
Até o começo da tarde, a polícia não confirmou a apreensão de mercadorias ou a prisão de suspeitos. A Secretaria de Segurança Pública do estado deverá divulgar um balanço da operação ainda nesta terça-feira.

Aeronáutica abre inscrições de concurso para 265 vagas

Oportunidades são para formação de sargentos. Candidatos devem ter entre 18 e 24 anos.

Do G1, em São Paulo

São 215 vagas para Estágio de Adaptação à Graduação de Sargento e 50 para Estágio de Adaptação à Graduação de Sargento – modalidade especial – Eletrônica.
As inscrições devem ser feitas no site http://www.eear.aer.mil.br/ no período de 19 de março a 10 de abril. A taxa de inscrição é de R$ 60.
Os candidatos ao Estágio de Adaptação à Graduação de Sargentos (EAGS-B) precisam comprovar, no ato da matrícula, que possuem ensino médio no caso dos candidatos à especialidade de música; ou curso técnico (nível médio) para os candidatos às demais especialidades.
É exigido ainda não ter menos de 17 anos e nem completar 25 anos de idade até 31 de dezembro do ano da matrícula no estágio.
O quadro de suboficiais e sargentos da Aeronáutica, estabelecido pelo regulamento do Corpo do Pessoal Graduado da Aeronáutica, aprovado pelo Decreto nº 3.690, de 19 de dezembro de 2000, e normatizado pela Instrução Reguladora do Quadro de Suboficiais e Sargentos da Aeronáutica (ICA 39-10), destina-se a suprir as necessidades de graduados de carreira para o preenchimento de cargos e para o exercício de funções técnico-especializadas de interesse do Comaer.
O concurso é composto de exame de escolaridade (língua portuguesa) e de conhecimentos especializados (relativos à especialidade à que concorre o candidato), inspeção de saúde, exame de aptidão psicológica, teste de avaliação do condicionamento físico, prova prática da especialidade e análise e conferência dos critérios exigidos e da documentação prevista para a matrícula.
O EAGS-B tem a duração aproximada de 21 semanas. Já o EAGS-ME-BET tem duração de um ano.
O curso e estágios são ministrados pela Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR), em Guaratinguetá (SP).
As provas serão realizadas nas cidades de Belém, Recife, Fortaleza, Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, São José dos Campos (SP), Campo Grande, Porto Alegre, Curitiba, Brasília e Manaus, no dia 9 de junho.
Especialidades e vagas:
Estágio de Adaptação à Graduação de Sargentos (EAGS-B)
Administração: 100
Enfermagem: 48
Eletricidade: 13
Sistemas de Informação: 19
Laboratório: 4
Música – Flautim/Flauta: 1
Música – Clarinetas: Soprano – Baixo: 3
Música – Saxofone: Soprano / Contralto / Tenor / Barítono: 2
Música – Trompa: 1
Música – Trompete e Flugelhorn: 2
Música – Trombone Tenor e Trombone Baixo: 2
Música – Bombardino e Barítono: 1
Música – Tuba e Sousafone: 2
Música – Lira e Teclado: 1
Laboratório: 4
Pavimentação: 2
Radiologia: 4
Topografia: 4
Obras: 6
Estágio de Adaptação à Graduação de Sargentos – Modalidade Especial – Eletrônica (EAGS-ME-BET)
Eletrônica – 50 vagas

Brasil e EUA buscam acordos bilaterais

Por Sergio Leo

O governo dos Estados Unidos quer encontrar "meios concretos" para ampliar a relação comercial e econômica com o Brasil, como um acordo de investimentos, disse ao Valor o assessor adjunto para Segurança Nacional dos Estados Unidos, Michael Froman, um dos integrantes do governo americano mais próximos do presidente Barack Obama. Froman e a secretária interina de Comércio dos EUA, Rebbeca Blank ouviram ontem do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, uma proposta para buscar acordos bilaterais que possam ser discutidos sem necessidade de aprovação dos membros do Mercosul, em temas como serviços, investimentos, transportes e tributos.
Os EUA, já dispostos a aprofundar as relações comerciais e de investimento com o Brasil, estão em conversas avançadas para cooperação no setor de energia, inclusive nuclear, disse Froman. O governo americano quer discutir com o Brasil novas tecnologias de exploração de gás de xisto voltadas à sustentabilidade ambiental, aproveitando a experiência do país com esse combustível que provocou uma "revolução" no setor de energia, barateando custos e promovendo o ressurgimento da indústria.
Froman é cotado para ser o representante comercial da Casa Branca (embora já tenha recusado um posto na área, por preferir suas funções na Casa Branca, com maior amplitude de ação e maior proximidade ao presidente). Mesmo mostrando forte interesse do governo americano, não deixou de criticar, em entrevista exclusiva ao Valor, as medidas tomadas recentemente pelo governo brasileiro em sua política industrial, como a elevação de tarifas para cem produtos e a criação de exigências de conteúdo local para investimentos no país.
"Respeitamos muito o desejo do Brasil de ter um setor industrial vibrante, nós também temos nosso setor industrial e uma política industrial dirigida a esse objetivo, mas há várias maneiras de promover a industrialização", disse o assessor de Obama. "Há uma boa discussão a ser feita se protecionismo e exigências de produção local encorajam ou desencorajam uma indústria globalmente competitiva." Froman defendeu o modelo adotado pela Embraer, com esforços tecnológicos que incluem apoio do MIT, um dos mais prestigiados institutos tecnológicos dos EUA e instalações fora do país, em cooperação com companhias americanas. "Esse modo de cooperação da Embraer, com o setor acadêmico, setor privado e abertura, me impressiona como um modelo muito bom."
Ele lamentou, como protecionistas, as medidas de elevação de tarifas e restrições a investimento, que, na sua avaliação, contrariam os compromissos assumidos pelos países com as economias mais influentes do mundo, reunidos no G-20. Durante conversa com a secretária Rebbeca Blank, Pimentel argumentou que o Brasil não busca um modelo de substituição de importações como nos anos 50, mas a produção local de bens de alto conteúdo tecnológico. O ministro do Desenvolvimento defendeu, porém, um esforço para "acelerar" negociações em torno de acordos de investimento, serviços, tributos e transportes.
A proposta de Pimentel reflete a crescente preocupação, no setor privado brasileiro e em algumas áreas de governo, com a exclusão do Brasil nas grandes negociações de comércio iniciadas recentemente, à margem da organização Mundial do Comércio (OMC). O ministro brasileiro afirmou aos americanos que o Brasil está disposto a encorajar os sócios no Mercosul a manter uma "negociação madura" de liberalização comercial com os EUA.
"Devemos explorar todas as possibilidades de avanços bilaterais enquanto nos preparamos", disse à secretária Blank. Após uma reunião, à tarde, Pimentel e Blank participaram de outro encontro de trabalho, no Palácio do Planalto, com Froman e a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.
A proposta de avançar em negociações bilaterais foi recebida com aprovação e cautela pelas autoridades americanas. Os EUA, lembrou o assessor de Obama, além de terem lançado negociações de livre comércio com a União Europeia e países do Pacífico ("que somarão 65% do Produto Interno Bruto e do comércio mundiais"), estão engajados em três grandes frentes de negociação: um acordo plurilateral de serviços, com 46 países, em Genebra, que representam 70% do mercado global de serviços; um acordo para estender o alcance do atual tratado de liberalização em tecnologia de informação; e um tratado multilateral para "facilitação de comércio" (remoção de obstáculos burocráticos ao trânsito de mercadorias).
O Brasil participa apenas da última delas e todas podem ser oportunidades de ampliar a relação bilateral, comentou Froman. "Estamos de mente aberta e à espera de sugestões do lado brasileiro sobre o que querem fazer", disse o conselheiro econômico de Obama. O tema acaba de ser incluído na agenda bilateral, comentou ele.


FOLHA DIRIGIDA

Sargento da FAB: um sonho realizado

Por Yasmin Karam

Passar em concursos públicos é projeto e sonho de milhares de brasileiros. E para realizar essa conquista, é essencial ter motivação. Uma pessoa motivada é mais feliz e produtiva, o que leva à disposição para agir e vencer. Esse é o perfil de Carine Pennaforte, de 23 anos, aprovada no concurso para sargento militar da Força Aérea Brasileira (FAB), em 2011. Ela é um exemplo de que foco e determinação são as chaves para o sucesso. Carine conta que dedicação e garra marcaram a sua história e que, apesar de muitos obstáculos no caminho, a vontade de vencer e ingressar na carreira militar era muito mais do que um objetivo - um sonho a ser realizado.
ImagemVinda de família humilde, incentivada pelos pais desde o início, ela sempre teve a certeza de que o estudo é a melhor opção, e isso fez com que se mantivesse firme e forte em todas as suas decisões. "Eu venho de uma família com poucos recursos financeiros. Meu pai é motorista de ônibus e minha mãe, dona de casa. Sempre estudei em escola pública, mas sempre tive uma direção de que o estudo era a melhor opção. Eu e minha irmã. Meus pais sempre nos incentivaram a isso, para que no futuro, nós possamos dar aos nossos filhos uma vida melhor do que eles puderam dar para nós, com mais benefícios."

Com essa visão, ela passou para um colégio federal no ensimo médio, onde fez o curso técnico de Administração, que a permitiu entrar na Força Aérea Brasileira. Depois, prestou o Enem e conseguiu bolsa de 100% em uma faculdade particular, onde cursou Jornalismo. "Passei por muitas dificuldades, mas a parte principal sempre foi essa: estudar para ter um futuro melhor."

Carine diz que a escolha de sua profissão não teve relação com o objetivo de ingressar na carreira militar. "Cursei Jornalismo porque gostava também, mas ingressar na carreira militar era um sonho desde pequena. Hoje sou sargento especilista em Administração, nada a ver com a área do Jornalismo. Eu passava em frente a uma Vila Militar e falava que um dia eu ia fazer parte daquilo. Sempre via as mulheres de farda e o meu sonho também era estar vestida daquele jeito, achava lindo demais. Corri atrás e graças a Deus estou aqui hoje", conta, emocionada.

A jovem ficou sabendo do concurso através de um amigo, que a incentivou a participar e correr atrás desse seu sonho. "Eu sempre falei para os meus amigos que queria ser militar. Um dia, um deles me ligou falando do concurso e que dava para eu concorrer, pois eu tinha o nível técnico. A partir dessa ligação, comecei a pesquisar, procurar editais e saber se eu estava na faixa etária para poder participar. Quando vi que tinha todos os requisitos, comecei a minha trajetória."

Mediante a decisão, ela conta que o planejamento de estudos e o processo de adaptação não foram fáceis. "No começo foi muito difícil. Eu fazia faculdade, trabalhava como jornalista em uma empresa privada e, ao mesmo tempo, fazia um curso preparatório. Quase não tinha tempo de estudar durante a semana, então aproveitava os sábados e domingos, mas era correria total. Contei com a ajuda desse mesmo amigo que me avisou do concurso e começamos a estudar, pois ele também queria participar. No final das contas, após dias e tardes longas de muito estudo, conseguimos passar. Foi muito bom tanto para mim quanto para ele, pois quando um desanimava, o outro dava força e a gente seguia firme", lembra.

Mas a vitória não veio tão rápido. Antes de ser aprovada, Carine prestou cinco vezes o concurso para a FAB, para o mesmo cargo, e não conseguiu passar. "Nunca prestei concursos para outros órgãos, só para a Força Aérea Brasileira. Antes de conseguir a aprovação, em 2011, eu já tinha feito cinco vezes a mesma prova, e nada. Meus familiares falavam para eu desistir, que seria impossível e que Deus não queria isso para mim. Mas era meu sonho e não existia ninguém no mundo que me fizesse repensar. Eu lutei, estudei e, depois de cinco tentativas, eu passei."

Desde a aprovação, a vida de Carine deu uma volta de 180 graus. "Minha vida mudou completamente. Na carreira militar há essa possibilidade de servir em qualquer lugar do país. Sou carioca e sempre morei no Rio de Janeiro, mas tive que me mudar para Brasília, pois sirvo em uma unidade de lá. Então, a minha vida hoje é outra. Saí da casa dos meus pais, moro sozinha, tenho toda uma independência, um dinheiro que é só meu", explica.

Para ela, não só na carreira militar mas como em todo concurso público, o que mais atrai é a garantia da estabilidade e o salário. "Ter uma tranquilidade em relação à estabilidade é outra coisa, não é? Fora o salário, que é ótimo. Mas, no meu caso, o que mais me atrai no serviço militar é a vocação. Como disse, eu nasci para isso, falo desde pequena que esse era o meu sonho. Tem que gostar e vibrar, e eu sou assim."

A sargento deixa como exemplo a importância da autoconfiança e de não ter medo de correr atrás do que se quer. "O principal é ter foco. As pessoas falavam para eu estudar para outros concursos, mas eu estava focada em ser sargento da Aeronáutica e eu estudei para isso." E ela aconselha: "não desistam dos seus sonhos. Quando não passei, todos falavam para eu deixar de lado e hoje eu estou aqui, de farda. Eu sonhei e lutei para isso acontecer. É claro que é preciso abrir mão das horas de lazer e momentos com a família, mas depois vem a recompensa. Não tenham medo, confiem e vão atrás dos seus objetivos."

JORNAL BRASIL ECONÔMICO

Copa no Brasil pode dar certo por razões erradas, afirma especialista 

Com receio de atrasos nos aeroportos, empresas vão adiar viagens durante a Copa e melhorar o tráfego
Brian Winter
Reuters
"Imagina na Copa!" O bordão, evocado nos últimos meses por brasileiros presos em congestionamentos ou nas filas dos aeroportos, reflete uma expectativa de que esses problemas se agravem durante o torneio do ano que vem, com a chegada de centenas de milhares de visitantes estrangeiros.
Mas Paulo Resende, um dos maiores especialistas em logística do Brasil, acha esses temores infundados. Após uma recente pesquisa com cerca de 20 grandes empresas e agências de viagem, Resende chegou à conclusão de que durante a Copa os aeroportos e estradas terão na verdade um tráfego inferior ao de dias úteis normais.
Isso porque, de tanto imaginarem o que pode acontecer na Copa, as empresas vão evitar viagens a negócios, as famílias vão alterar as datas das férias e algumas pessoas vão simplesmente preferir ficar em casa o máximo que puderem, vendo os jogos, segundo Resende.
"Que sorte: nossa incompetência vai nos salvar", disse Resende, um dos diretores da Fundação Dom Cabral, uma escola de administração em Belo Horizonte. "As pessoas estão tão preocupadas com a Copa que algumas vão se fechar dentro de casa", completa.
Em 2010, cerca de 300 mil turistas estrangeiros foram ver a Copa na África do Sul, segundo a consultoria Grant Thornton. O Brasil também espera números expressivos, já que a o conhecido fanatismo futebolístico do país — e seus cinco títulos mundiais — deve ser um grande chamariz.
Resende disse que 100% das empresas brasileiras por ele consultadas planejam adiar viagens durante a Copa, que terá jogos em 12 cidades. As agências de viagens também informaram que os clientes estão solicitando explicitamente que os pacotes de férias para 2014 não coincidam com o evento, e pessoas que já haviam reservado para essa época estão tentando remarcar, segundo ele.
Observadores citaram uma tendência semelhante na Olimpíada de 2012 em Londres, quando a população abandonou a cidade, e muitos dos problemas antevistos não aconteceram. A África do Sul também teve um tráfego aéreo doméstico inferior ao habitual durante a Copa de 2010, segundo Resende.
Mas essa desaceleração não aconteceu na Alemanha durante a Copa de 2006, disse o especialista. E também está claro que, sob muitos aspectos, o Brasil é um caso à parte.
Rede obsoleta
O Brasil não está só tentando se preparar para a Copa do Mundo e para a Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro. O país também luta para modernizar sua infraestrutura, que se tornou obsoleta depois do boom econômico da última década.
Por exemplo, o número de passageiros em voos domésticos mais do que triplicou desde 2000, já que milhões de brasileiros ascenderam à classe média e andaram de avião pela primeira vez. O Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, o mais movimentado do país, recebeu no ano passado 34 milhões de passageiros, quase o dobro da sua capacidade oficial. As filas e atrasos são lendárias.
O governo originalmente esperava usar os dois eventos esportivos como uma espécie de pretexto para promover uma reforma ampla e duradoura na rede de transportes. Mas a burocracia e a falta de recursos fizeram com que sucessivos projetos fossem adiados.
Cuiabá (MT), uma cidade-sede de porte médio, provavelmente não concluirá antes da Copa o seu sistema de veículo leve sobre trilhos, segundo relatório apresentado em dezembro por auditores do governo.
Uma linha de monotrilho atendendo ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, também só ficará pronta depois da Copa, disse em novembro o governador estadual. "É uma pena", disse Resende. "A realidade será distante do que se esperava originalmente."
A Fifa já manifestou preocupações de que o Maracanã e outros estádios não fiquem prontos a tempo da Copa das Confederações deste ano. Outras questões logísticas, como a capacidade das redes de telefonia celular para atender ao tráfego adicional dos visitantes estrangeiros, também permanecem em aberto. Para compensar a falta de progresso nos transportes, o governo brasileiro anunciou que irá declarar feriados nas cidades sedes nos dias de jogos.
Isso significa, por exemplo, cinco feriados em São Paulo, principal polo econômico do país, o que leva alguns economistas a preverem uma perda de produtividade. Outros argumentam que, num país tão louco por futebol quanto o Brasil, provavelmente o mês da Copa não teria mesmo como ser muito produtivo.
Resende planeja realizar uma versão mais detalhada da pesquisa no começo de 2014 para prever exatamente qual será a queda no tráfego de passageiros. Mas ele disse que a decretação de feriado, mais o fator medo, claramente levarão a uma queda de atividade.
"A gente vai ver todas essas fotos de grandes ruas vazias, e as pessoas da Europa vão dizer: "Puxa, o Brasil é um país rico, olha como a infraestrutura deles é boa"", disse Resende. "É perverso. Mas parece que é isso que vai acontecer."









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