|

NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 19/03/2013

Imagem



Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado nos principais órgãos de comunicação do Brasil e até do mundo. O NOTIMP apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.


Força Nacional de Defesa Civil vai ajudar vítimas da chuva em Petrópolis

Danilo Macedo - Repórter da Agência Brasil

Brasília – A presidenta Dilma Rousseff ligou na manhã de hoje (18) para o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, oferecendo apoio federal às áreas atingidas pelas chuvas na serra fluminense. A informação foi confirmada pela assessoria da Presidência da República. Dilma está na Itália para participar amanhã (19) da missa que inaugura o pontificado do papa Francisco.
O governo do estado informou que, além da presidenta, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, também telefonou para o governador do estado para oferecer o apoio necessário a Petrópolis e demais áreas afetadas pelas fortes chuvas dos últimos dias. Segundo a assessoria de Cabral, o governador explicou a situação e a Força Nacional de Defesa Civil já está se deslocando para Petrópolis.
Sérgio Cabral disse, em nota, que está recebendo informações atualizadas das regiões atingidas e está disponibilizando toda a estrutura necessária para o enfrentamento da situação. “Reforçamos o número de bombeiros militares com a ida do Grupamento de Salvamento. Colocamos todo o maquinário do Inea [Instituto Nacional do Ambiente], que já se encontra em Petrópolis, para as eventuais necessidades nas áreas atingidas. Todo o governo foi acionado”.
Segundo a Secretaria Estadual de Defesa Civil, chega a dez o número de vítimas de deslizamentos de encostas causados pela forte chuva que caiu na cidade entre a noite de ontem (17) e a madrugada de hoje.
Ministro da Integração visita Rio após fortes chuvas na região serrana

O ministro da Integração, Fernando Bezerra Coelho, desembarca amanhã (19) na capital do Rio de Janeiro, por volta das 13h. O ministro ainda não definiu a agenda, mas deve visitar as áreas afetadas pelas fortes chuvas na região serrana do estado, encontrar-se com autoridades e discutir os impactos da tragédia. Ainda hoje, o secretário da Defesa Civil, coronel Humberto Viana viaja ao local com uma equipe de cinco técnicos interdisciplinares a fim de avaliar os estragos causados pelas chuvas.
Segundo o Ministério da Defesa, uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) estará disponível para o secretário Viana e para os técnicos a partir das 9h. De acordo com o Ministério da Integração, as defesas civis dos estados e municípios afetados foram acionadas. A Força Nacional da Defesa Civil ainda não foi solicitada. Segundo as pastas, isso pode ser feito online, 24 horas por dia, por pedido do estado ou dos municípios.
Nas últimas 24 horas, os municípios da região serrana, que registram maior quantidade de chuva foram Teresópolis, onde choveu 354,4 milímetros (mm), Petrópolis (340,2 mm), Resende (243,9 mm). Na Baixada Fluminense, em Duque de Caxias, no distrito de Xerém choveu 299,6 mm, e no Rio choveu 169,5 mm.
Pelo menos 50 pessoas estão desalojadas em Nova Friburgo, região serrana fluminense. Em Petrópolis, 13 pessoas morreram, vítimas de deslizamentos de encostas em decorrência das chuvas registradas entre a noite de ontem (17) e a madrugada de hoje. Em Angra dos Reis, 36 pessoas estão desabrigadas e a cidade está em alerta por causa do risco de deslizamento de encostas e transbordamento de rios.


Voo cego

Finalmente pode surgir uma arma para os brasileiros que sofrem nas viagens aéreas. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deve avaliar amanhã o projeto do senador Sérgio de Souza (PMDB-PR) que estabelece a criação, pela Agência Nacional de aviação Civil (Anac), de uma página internet para receber exclusivamente as queixas dos usuários, que, quando reclamam nas próprias companhias, acabam ficando sem resposta e sem solução. A Anac alega que já tem um telefone 0800 para receber críticas, sugestões e até elogios. Ora, bolas!

Chuvas matam 16 no RJ

Deslizamento de terra em Petrópolis, na Região Serrana, deixa casas soterradas. Entre os mortos estão agentes que ajudavam nos resgates
Com a forte chuva, os bombeiros tiveram dificuldade para resgatar todos os corpos soterrados
Petrópolis (RJ) – Dois anos depois da maior tragédia natural do país, que deixou mais de 900 mortos e 300 desaparecidos, a Região Serrana do Rio de Janeiro voltou a sofrer com as fortes chuvas que castigam todo o estado desde domingo. Apenas em Petrópolis, a 80 quilômetros do Rio, o saldo é de 16 mortos – entre eles três crianças – e cinco desaparecidos, além de 650 desabrigados.
De acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) do Rio de Janeiro, 12 rios transbordaram. Em Petrópolis, foram registrados 400 milímetros de chuvas em apenas 24 horas, quase o dobro da média de março, de 270 milímetros. A partir das 17h de domingo, sirenes de alerta máximo foram acionadas em nove localidades gravemente afetadas pelas cheias de rios ou com risco de desabamento de encostas. A Defesa Civil informou que as chuvas vão continuar na região, mas em menor volume, e que o tempo só deverá melhorar a partir de amanhã.
Dois agentes da Defesa Civil – Fernando Fernandes Lima e Paulo Roberto Filgueiras – que trabalhavam na remoção de pessoas que ainda não haviam deixado as áreas de risco morreram quando um muro desabou. Outro agente, que também estava no local, ficou ferido e foi encaminhado a um hospital da região.
"Foram três estrondos durante a madrugada. O primeiro antes da sirene tocar, à 0h58. Eu sei porque olhei no relógio na hora que tocou. Depois é que vieram os outros dois estrondos. Onde eu moro não tem perigo, mas corri para ajudar essas pessoas", contou Vanessa da Costa, uma das moradoras do local. Ana Lúcia Bueno informou que nas casas estavam pelo menos nove crianças: "Só em uma delas eram sete menores, entre crianças e adolescentes. Tentei correr para ajudar quando escutei os gritos, mas fui impedida pelo meu filho. Se tivesse ido, talvez eu agora estivesse morta, como um vizinho que foi ajudar e não voltou. Muita gente gritava por socorro. Foi um desespero".
As ruas do Centro de Petrópolis ficaram completamente alagadas durante a madrugada, impedindo o deslocamento das pessoas. A própria Defesa Civil encontrou dificuldades para se movimentar pela cidade para ajudar a população. Foram 21 pontos de deslizamento ou alagamento. Houve ainda quedas de barreiras na Rodovia Washington Luís (BR-040), que liga o Rio a Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas Gerais, passando por Petrópolis.
"A continuidade das chuvas agrava muito o risco de deslizamentos. Pedimos que a população obedeça aos sinais sonoros de alarme, que as pessoas sigam para os abrigos da prefeitura", disse o coronel Sérgio Simões, secretário estadual de Defesa Civil. Segundo o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, os rios Quitandinha e Piabanha transbordaram. "O Rio Piabanha é o que mais nos preocupa porque corta Petrópolis de ponta a ponta", disse Minc.
OUTRAS CIDADES Na capital fluminense, alagamentos e quedas de árvores em vias importantes causaram transtornos e congestionamentos em diversos pontos da cidade. Segundo a Infraero (estatal que administra os aeroportos), os dois terminais da cidade – Galeão e Santos Dumont – operaram o dia inteiro com o auxílio de instrumentos para pousos e decolagens. Até as 10h, três voos haviam sido cancelados nos dois aeroportos.
Segundo o Corpo de Bombeiros, os municípios mais atingidos pelos temporais de ontem à noite foram Angra dos Reis, Mangaratiba, Niterói, Teresópolis, além de Petrópolis. O distrito de Xerém, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, também está em estado de emergência. Segundo o Corpo de Bombeiros, no entanto, a situação é de "inundação" e não há registro de mortes. Também Nova Friburgo, na Região Serrana, principal cenário da tragédia de janeiro de 2011, está em estágio de atenção.
Com comércio fechado, aulas suspensas e uma chuva que persistiu por todo o dia, pouca gente pôs os pés para fora de casa. Nem todos os ônibus das linhas regulares circularam. Com a interdição da estrada entre Rio e Petrópolis, o movimento nos pontos turísticos foi praticamente zero. Como na véspera, hóspedes deixaram os hotéis. Algumas agências bancárias abriram as portas, mas com atraso. Para evitar riscos, o prefeito Rubens Bomtempo decretou recesso escolar na rede municipal. Escolas estaduais, particulares e universidades seguiram o exemplo e também cancelaram as aulas. Dezoito instituições de ensino estão sendo usadas como alojamentos para os desabrigados. No Centro Histórico, as poucas lojas que abriram fizeram isso apenas para a retirada da lama levada pelas águas dos rios Piabanha e Quitandinha, que transbordaram.


Procuradoria prepara ações contra agentes da ditadura

MATHEUS LEITÃO

A Procuradoria-Geral da República planeja entrar na Justiça com novas ações contra militares na tentativa de responsabilizá-los pelos crimes cometidos durante a ditadura militar (1964-1985). 
A Folha apurou que ao menos dez ações devem ser apresentadas até o fim deste semestre em cortes federais. 
Um dos casos em que o Ministério Público Federal tentará responsabilizar os militares é o do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido desde 1971, quando foi preso.
Embora o Supremo Tribunal Federal tenha reafirmado a validade da Lei da Anistia, de 1979, os procuradores defendem a tese de que alguns crimes, como sequestro e ocultação de provas e cadáveres, são permanentes, e portanto estão fora do escopo da lei.
A tese foi apresentada nos últimos anos em processos abertos em instâncias inferiores da Justiça, mas ainda não foi examinada pelo STF.
No caso de Rubens Paiva, novos documentos revelados neste ano mostram que ele foi levado preso para o DOI-Codi, uma repartição militar, no Rio. É o caso da lista de seus pertences pessoais emitida no momento de sua prisão.
Lei da Anistia concedeu perdão para crimes cometidos por agentes da ditadura e também pelos militantes que lutavam contra o regime.
Em 2010, o Supremo julgou improcedente, por 7 votos a 2, ação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) que tentava revisar o perdão dado aos representantes do Estado, policiais e militares.
Não foi analisado, nesse caso, a tese do crime permanente, mas sim a constitucionalidade de ações que pretendiam promover a revisão da lei em caráter retroativo.
No mesmo ano, a Corte Interamericana de Direitos Humanos sentenciou que o Estado brasileiro deveria buscar punição para os crimes cometidos por seus agentes no combate à Guerrilha do Araguaia (1972-1975).
A corte é um tribunal internacional composto por representantes do Brasil e de outros membros da OEA (Organização dos Estados Americanos), mas não tem poder suficiente para obrigar os países a mudarem suas leis.
A decisão motivou procuradores a organizarem um grupo de estudo, a partir de 2011, que buscou encontrar alternativas jurídicas para os crimes cometidos na época.
Liderados pela subprocuradora Raquel Dodge, coordenadora da área criminal do Ministério Público Federal, o grupo, que ouviu especialistas da Argentina e do Chile, chegou à tese dos crimes permanentes e imprescritíveis.


Estudos confirmam boom asiático no comércio de armas

Insegurança regional e prosperidade econômica levam países do continente a superarem europeus nos gastos militares. China passa Reino Unido e já é quinto maior exportador mundial de armamentos.
Duas tendências vêm chamando a atenção no mercado armentista mundial: pela primeira vez, em 2012 os gastos militares da Ásia superaram os dos países europeus. E, num fato inédito desde a Guerra Fria, a lista dos maiores exportadores de armamentos se alterou, com a China arrebatando do Reino Unido o quinto lugar.

O deslocamento global do poder militar avança, diz o relatório O equilíbrio militar, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS). E o caminho é, inequivocamente, em direção à Ásia, referenda o estudo Tendências do comércio internacional de armas, publicado nesta segunda-feira (18/03) pelo Instituto Internacional de Estocolmo para Pesquisa da Paz (Sipri).

Os Estados asiáticos vêm comprando cada vez mais armas e, segundo o relatório do Sipri, os cinco maiores importadores da última meia década foram Índia, China, Paquistão, Coreia do Sul e Cingapura.

Mais armas não significam mais segurança

De acordo com Siemon Wezeman, especialista em Ásia do Sipri, um dos motivos para os investimentos crescentes da região em armamentos seria o grande número de ameaças e disputas territoriais. "A Ásia está insegura", afirma. E exemplos disso são a velha inimizade entre Índia e Paquistão, as ameaças cada vez mais estridentes por parte da Coreia do Norte, assim como os conflitos territoriais nos mares da China Meridional e Oriental.

As armas recentemente adquiridas, no entanto, de forma alguma elevam o grau de segurança, observa o IISS no relatório divulgado na última quinta-feira: "A aquisição de sistemas militares avançados na Ásia Oriental, uma região em que faltam mecanismos de segurança, eleva o risco de conflitos e agravamentos não intencionais", diz o texto.

Paralelamente à situação de insegurança, o contexto econômico é também de grande relevância, observa Wezeman: "São as economias em crescimento que sequer tornam a compra de armas possível". Porém decisivos para a superação da Europa no ranking armamentista mundial não são apenas os maiores investimentos por parte dos asiáticos, mas também a redução dos gastos militares no continente europeu, lembra o IISS.

Segundo o instituto britânico, a tendência dos últimos anos se reforça: enquanto a Ásia emprega mais verbas em armas, a América do Norte e a Europa, ambas em dificuldades econômicas, reduzem seus orçamentos militares. Desse modo, atualmente 19,9% dos gastos militares globais cabem à Ásia (inclusive Austrália), 17,6% à Europa e 42,0% à América do Norte.

Confronto indo-paquistanês

A ascensão da China ao posto de quinto maior exportador do setor (com uma participação de 5% no comércio mundial de armas, o qual segue sendo dominado por EUA e Rússia) se deve em especial às compras realizadas pelo Paquistão, para onde vão 55% das exportações de armas da China.

Uma vez que nenhuma das nações asiáticas com exceção da China possui uma indústria bélica digna de nota, elas dependem da importação de armas, explica Wezeman. A Índia, que compra sobretudo da Rússia, foi o país que mais importou armas nos últimos anos.

O general de brigada reformado paquistanês Farooq Waheed Khan atribui as compras de armas de seu país à proximidade de um arqui-inimigo: "A Índia segue sendo uma ameaça permanente para o Paquistão".

Segundo ele, a China substituiu os EUA como mais importante parceiro armamentista para os paquistaneses: "Um dos motivos principais para essa mudança estratégica é que o Paquistão considera os EUA um parceiro pouco confiável."

Pequim, por sua vez, tem interesse em abastecer o país sul-asiático com armamentos. E o objetivo, segundo Wezeman , "é manter a Índia em cheque e ter um parceiro que abra para a China o acesso à estrategicamente importante região do Golfo".
Modernização versus expansão

"Os países não só se modernizam, como em muitos casos estão também expandindo suas forças armadas. A ênfase é equipar a Aeronáutica e a Marinha", comenta Wezeman

E, nesse ponto, os chineses assumem papel pioneiro. "A capacidade da China de desenvolver de forma autônoma tecnologias militares avançadas transforma pouco a pouco o Exército de Libertação Popular", avalia o IISS.

O relatório do instituto estratégico cita como exemplo não só o primeiro porta-aviões do país cujas possibilidades operacionais, contudo, ainda são muito restritas como também o novo contratorpedeiro do tipo 052D, que presumivelmente ampliará as capacidades chinesas de combate marítimo-aéreo. Isso mostraria, segundo o IISS, o quão rapidamente a China assume a dianteira e como ela vem modernizando em especial suas forças de combate marítimas.

Entretanto, o Sipri ressalva que "os novos sistemas bélicos chineses continuam dependendo, em grande parte, de componentes estrangeiros". Seu porta-aviões, por exemplo, baseia-se num modelo ucraniano, e seus principais aviões-caça, tipos J-10 e J-11, seguem utilizando peças dos motores russos AL-31FN.

Entre os que mais se beneficiam da crescente modernização da indústria armamentista chinesa está o Paquistão, uma vez que os EUA se recusam a partilhar seus conhecimentos com os aliados. O general Khan lamenta que os americanos não se disponham a dividir com os paquistaneses a tecnologia de aviões não tripulados. No entanto, o ex-militar está seguro que a China poderá preencher essa lacuna.


Infraero apura lucro líquido de R$ 396,7 mi em 2012

Resultado é 7% acima do verificado em 2011, de R$ 370,7 milhões

Ayr Aliski

Brasília - A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) alcançou lucro líquido (antes dos investimentos próprios em bens da União) de R$ 396,7 milhões em 2012. O resultado é 7% acima do verificado em 2011, de R$ 370,7 milhões. Após dedução dos gastos com obras e serviços de engenharia em aeroportos, o lucro líquido ficou em R$ 107,7 milhões, ante R$ 147,5 milhões, em 2011. O lucro bruto foi de R$ 1,42 bilhão - um aumento de 31% em relação a 2011 (R$ 1,09 bilhão). Os dados constam do relatório anual de administração da Infraero, publicado na edição desta segunda-feira do Diário Oficial da União.
ImagemO superintendente de Controladoria, Elismar Gonçalves Lopes, destaca que, no ano passado, a Infraero atingiu uma cifra recorde de investimentos. Foi um total de R$ 1,69 bilhão aplicado em obras, terrenos, equipamentos e participações societárias no ano passado, com crescimento de 48% em relação ao investido em 2011. Dos investimentos, R$ 885,1 milhões foram feitos com recursos próprios, sendo R$ 78,3 milhões oriundos de aporte de capital, R$ 808,9 milhões com recursos do Adicional de Tarifa Aeroportuária (Ataero) e R$ 600 mil com recursos de convênios.
Os investimentos de 2012 incluem R$ 378,9 milhões referentes à fatia da Infraero nos aeroportos concedidos no ano passado (Brasília, Campinas e Guarulhos). Para este ano, estão previstos investimentos de R$ 1,808 bilhão, sendo R$ 1,508 bilhão em obras, serviços de engenharia e equipamentos, e R$ 300 milhões em aporte de capital nos aeroportos concedidos.
A Infraero informa também que encerrou 2012 com movimento de 186,5 milhões de passageiros, sendo 169 milhões domésticos e 17,4 milhões, internacionais. Isso representa crescimento de 3,7% sobre o ano anterior. O movimento de aeronaves no ano passado totalizou 2,9 milhões de pousos e decolagens, sendo que as operações domésticas cresceram 2,6%, chegando a 2,7 milhões, e as internacionais diminuíram 13,1%, com 163,2 mil.
Entre os projetos do ano passado, a Infraero ressalta a reforma da área central do terminal de passageiros e módulo operacional 2 do aeroporto de Brasília; restauração da pista de pouso e decolagem do aeroporto de Curitiba; terraplenagem do terminal de passageiros 3 e implantação do terminal de passageiros remoto de Guarulhos, entre outras.
 Atualmente estão em andamento obras de infraestrutura como reforma e ampliação do terminal de passageiros, pátio de aeronaves e adequação do sistema viário do Aeroporto de Fortaleza; reforma, modernização e ampliação do terminal de passageiros, pátio de aeronaves e pista de pousos e decolagens do Aeroporto de Confins; construção da nova torre de controle e ampliação do terminal de passageiros de Salvador, dentre outras.
Para este ano, Lopes relata o desafio do equilíbrio das contas da Infraero, pois os aeroportos de Brasília, Campinas e Guarulhos - que foram concedidos - representavam cerca de 36% do faturamento. Neste primeiro momento, as três unidades exigirão aportes para render dividendos somente daqui quatro ou cinco anos, quando o processo de concessão estiver maduro.
Mesmo sem esperar repetir neste ano o lucro registrado no ano passado, a Infraero pretende permanecer com cifras no terreno positivo. Por isso, o objetivo é intensificar a geração de receitas oriundas de outras fontes, como a melhor exploração comercial dos terminais. "A ideia é diversificação, para gerar receita", disse o superintendente. Dentro dessa lógica entram projetos como hotéis, centros de negócios e edifícios garagem.


Fundador da Embraer aponta falhas na formação de profissionais inovadores

Oficial da Aeronáutica e engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Ozires Silva é um dos fundadores da Embraer e já foi ministro da Infraestrutura, nos anos 1990. Hoje aos 82 anos, é reitor do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), em Santos (SP), e tem duras críticas ao sistema educacional brasileiro quanto à formação de seus profissionais.
Na última semana, em Porto Alegre (RS), Ozires proferiu a palestra “Criar, inovar e empreender - Ousar e avançar sobre o futuro”. O tema central foi inovação, área que permeou sua extensa experiência profissional, que inclui ainda a liderança do grupo que projetou e construiu o Bandeirante, primeiro avião comercializado pela empresa que hoje é uma das maiores da indústria aeroespacial. Foi duas vezes presidente da Embraer, além de ter ocupado o cargo também na Petrobrás e Varig. Além de estar à frente do Unimonte, dirige a empresa de engenharia tecidual Pele Nova e é presidente do Grupo Ânima de Educação e Cultura.
ImagemPara ele, o desenvolvimento brasileiro depende de educação, inovação, empreendedorismo, lideranças e competência administrativa. “As oportunidades estão abertas a todos, não podemos perdê-las”, disse. Como exemplo, cita a Coreia do Sul, cujo crescimento econômico se deu através da educação. “Produtos coreanos estão em todos os lugares do mundo, mas não encontramos produtos brasileiros nas ruas coreanas nem de muitos outros países”, comparou.
Para melhorar o nível de formação dos brasileiros, ele sugere eliminar a tributação sobre estudantes, instituir estímulos para as doações, eliminar encargos sociais de empresas que educam seus colaboradores, além de fornecer aberturas legais para empresas e pessoas físicas que contribuam para o avanço da educação. Confira, a seguir, trechos da entrevista concedida ao Terra após a palestra na capital gaúcha.
Terra - Qual é a sua opinião sobre a educação oferecida no Brasil atualmente? Ela propicia a formação de profissionais inovadores?
Ozires Silva
- Absolutamente não. O processo educacional que prevalece no Brasil é ineficiente, não estimula o crescimento, a inovação, não estimula a busca de soluções. Infelizmente, por aqui, a educação é mais voltada ao controle da população pelas autoridades do que ao crescimento efetivo dos alunos.
Terra - Qual é o papel das escolas e universidades no incentivo ao empreendedorismo?
Ozires
- Essa é uma pergunta para a qual tenho procurado respostas. Ao refletir sobre o assunto me surge outra questão: se pode ensinar empreendedorismo? Não sei se é possível ensinar alguém a ser empreendedor, inovador. O que pode ser feito, e é necessário que se faça, é trabalhar para criar um “ambiente de empreendedorismo” nas instituições de ensino, e, a partir daí, convidar os alunos a entrar nesse meio. É preciso que primeiro se dê os exemplos e as condições para que os talentos se formem; incentivar, e não reprimir as iniciativas inovadoras.
Terra - Como o senhor avalia as políticas governamentais de incentivo à formação e especialização em áreas ligadas à ciência e tecnologia, como o Ciência Sem Fronteiras?
Ozires
- Várias medidas têm sido úteis e todas somam um pouco. Mas eu gostaria que, além de um Ciência Sem Fronteiras, houvesse também um “Ciência Com Fronteiras”, para que se formassem professores e alunos aqui, em vez de dar bolsas para um só. Trazer de fora professores de talento também seria mais benéfico. A China é um país que faz bastante isso, manda pessoas para estudar no exterior, mas leva para lá bastante gente de fora. Mas me parece que as universidades brasileiras são bastante corporativas, e os professores não gostam que se traga gente de fora, se sentem incomodados.
Terra - De sua experiência como ministro da Infraestrutura e diretor de grandes empresas, o que se aplica à sua atual função, à frente de uma instituição de educação?
Ozires
- A experiência se aplica em tudo. A melhor coisa que existe é trabalhar com gente competente e talentosa, e eu procuro fazer isso onde quer que esteja. Certa vez foi perguntado ao presidente da General Electric, Jack Welch, o que um homem tão importante como ele fazia com o seu tempo para aproveitá-lo bem. A resposta dele foi uma lição importante que guardo até hoje: ele disse que passava a maior parte do tempo observando, buscando e selecionando talentos.
Terra - Sua carreira sempre foi marcada pela inovação, desde a fundação da Embraer, passando pela criação do Bandeirante e, mais recentemente, da empresa de engenharia tecidual Pele Nova. A que atribui essa vocação para o pioneirismo?
Ozires
- Quando comecei a me envolver no processo que fez com que o Brasil pudesse começar a fabricar aviões, naquela época não sabíamos no que ia dar. A partir de lá, sucessivas coisas aconteceram que me permitissem ser quem sou. Um avião é um aglomerado de equipamentos difíceis, então tivemos que encontrar soluções para problemas que nem conhecíamos.
Eu diria que não é nada inato, é mais fruto de trabalho e experiência. Claro que também há a parte da capacidade criativa, existem pessoas que já nascem com isso, com o talento para inventar coisas, como Thomas Edison, que criou centenas de inventos sensacionais graças à sua capacidade criativa, mas não sou uma dessas pessoas, sempre que a sorte bateu à minha porta, me encontrou trabalhando, não é coincidência.


Embraer: a boa gestão ‘está vencendo’

Como foi possível uma empresa brasileira em setor de alta tecnologia vencer nos Estados Unidos, país onde essa indústria é muito forte

José Roberto Ferro

Na semana passada houve mais uma rodada na luta em torno da decisão do governo norte-americano relativa à compra de 20 caças militares da Embraer (supertucanos) por parte da Força Aérea Americana no valor de US$ 427 milhões a serem usados como treinamento no Afeganistão.
Embora seja um negócio de valor relativamente pequeno em um segmento da indústria bélica de contratos multibilionários, representa uma vitória cujo simbolismo e relevância merecem destaque.
Até agora, a Embraer venceu uma batalha que envolveu gigantescas empresas americanas e setores do governo americano (legislativo e executivo) que consideravam esse negócio um assunto de natureza estratégica e de segurança para o país.
Tem havido repetidos recursos de uma empresa americana que se sentiu prejudicada e protestou usando argumentos nacionalistas e protecionistas. Mas acabou perdendo para a empresa brasileira que tinha a melhor solução.
A Embraer foi além de oferecer o melhor produto, pois conseguiu elaborar um amplo pacote que envolve, inclusive, a construção de uma fábrica nos Estados Unidos, no estado da Flórida, onde a empresa já tem fábrica de aviões executivos, seu escritório central, serviços pós-vendas, centro de distribuição de peças etc. A necessidade de geração de empregos locais é um assunto muito sensível nos Estados Unidos.
Mas como foi possível uma empresa brasileira em setor de alta tecnologia fortemente influenciada por políticas governamentais e com demandas por muitos recursos conseguir esse importante feito nos Estados Unidos, país onde essa indústria é muito forte?
Mesmo considerando que a empresa vem acumulando sucessos na aviação comercial com seus jatos regionais e, mais recentemente, com seus jatos executivos, a aviação militar é um setor em que a presença da Embraer ainda é muito restrita, e as bases da competição e dos mercados são diferentes.
As principais razões desse sucesso estão no processo de transformação que a empresa vem passando nos últimos anos. Com a melhoria substancial dos processos de fabricação, de desenvolvimento de produtos e de administração em geral, desde as decisões estratégias, passando por processos internos e de relação direta com os clientes, a empresa tem conseguido dar saltos de eficiência, produtividade, capacidade de resposta etc., o que a tem tornado cada vez mais competitiva globalmente.

A mudança para uma cultura orientada para resultados e para os clientes através de um maior engajamento das pessoas na melhoria de seus processos de trabalho vem gradualmente substituíndo a antiga cultura de forte influência militar e autoritária, muito mais orientada para si própria do que para a necessidade dos mercados e clientes.
Os resultados conquistados envolvem milhões de reais em reduções de custos, em liberação de capacidade e evitam as necessidades de investimentos, redução dos tempos e custos de desenvolvimento de produtos etc. Os clientes estão mais satisfeitos com a melhor qualidade e maior velocidade de resposta.
Sem essas substanciais melhorias feitas em sua capacitação operacional, a empresa teria enormes dificuldades de competir atualmente.
As empresas que perderam a disputa com a Embraer não tiveram o mesmo foco nesses últimos anos e, embora tivessem apoios políticos fortes nos Estados Unidos, mesmo assim não foram capazes de competir pela falta de capacitação operacional.
Para crescer e atingir novos mercados, onde a empresa tem menos experiência e a competição é intensa e politizada, essa vantagem competitiva que a Embraer vem conquistando é a maior garantia do sucesso, apoiada por outras iniciativas importantes além do plano operacional.
Mas duas ressalvas precisam ser feitas. A competição está acordando e pode usar os mesmos conceitos, técnicas e filosofia que a Embraer vem adotando.
E por outro lado, o perigo para a Embraer é acreditar que já fez tudo, já sabe tudo e diminuir o ritmo de sua transformação que apenas começou. Aprofundar, focalizar e acelerar sua transformação vai ser fundamental para garantir uma vantagem competitiva perene.
A maior parte da opinião pública brasileira ainda não percebeu que o sucesso econômico do país depende muito da competitividade de nossas empresas. E que uma empresa como a Embraer é uma benção tão ou mais importante, dependo do seu credo, do que ter um papa nascido no nosso país.
Recentemente, sentei-me ao lado de um casal canadense de Montreal em um voo dos Estados Unidos para a América Central. A primeira reação que eles tiveram ao saber que eu era brasileiro foi dizer: “Ah, é de lá que vem a empresa que compete com a Bombardier?”. (Bombardier é uma empresa originária de Quebec e que compete com a Embraer em alguns mercados). Eles se orgulham de ter uma empresa local competitiva globalmente. E nós parecemos ainda distraídos demais com outras coisas menos importantes.
(José Roberto Ferro, presidente do Lean Institute Brasil, escreve às segundas-feiras. )


Airbus fecha o maior contrato da história por 18,4 bilhões de euros

O construtor aeronáutico europeu Airbus fechou o maior contrato da história da aviação civil com o pedido de 234 aviões A320 por um total de 18,4 bilhões de euros (24,05 bilhões) feito pela companhia indonésia de baixo curto Lion Air.
O pedido inclui 109 aviões A320 Neo, a futura versão ecológica da aeronave, 65 aviões A321 Neo e 60 A320, o modelo atual.
"Trata-se do maior contrato da aviação civil da Airbus em termos de valor e em número de aparelhos", comemorou o presidente do construtor europeu, Fabrice Brégier.
Para enfatizar a magnitude do acontecimento, o contrato foi assinado no Palácio do Eliseu, em Paris, pelo presidente da Lion Air, Rusdi Kirana, e o da Airbus, na presença do chefe de Estado francês François Hollande.
O contrato representa 5.000 empregos na França ao longo de dez anos, segundo a presidência francesa.
Segundo a presidência francesa, os aviões Neo serão entregues a partir de 2016 e os modelos clássicos a partir do próximo ano.
Este anúncio acontece num contexto de más notícias sobre a indústria e o emprego na França, onde a taxa de desempregados atingiu 10,6% no final de 2012.
Hollande saudou "um contrato histórico por sua magnitude, histórico também pelo vínculo entre uma grande empresa europeia e uma grande empresa asiática e pelas perspectivas para a aeronáutica e a indústria entre os dois continentes".
A Airbus, com sede em Toulouse (sudoeste), tem 11.500 empregados, e é uma das poucas empresas que ainda contrata trabalhadores de forma importante na França. Seu presidente indicou em novembro que ia contratar em nível mundial cerca de 3.000 pessoas em 2013.
A Airbus já recebeu na semana passada outro grande pedido por parte da Turkish Airlines, no valor de 9,3 bilhões de dólares, e espera fechar outro com a companhia aérea alemã Lufthansa.
A Lion Air, companhia criada em 1999, foi originalmente uma modesta empresa com um único avião de 13 anos, mas que se converteu na primeira companhia aérea privada da Indonésia.
A companhia tem voos domésticos e também para Cingapura, Malásia, Vietnã ou Arábia Saudita.
No entanto, ainda não tem autorização para voar no espaço aéreo europeu e norte-americano por não respeitar satisfatoriamente normas de segurança.
A Lion Air não é cotada na bolsa e não publica suas contas. Seu volume de negócios e seus lucros são um segredo zelosamente preservado pelos irmãos Kusnan e Rusdi Kirana, dois discretos empresários que evitam ao máximo a imprensa.


Bittencourt perde cargo depois de recuperar prestígio

Por Daniel Rittner

O engenheiro Wagner Bittencourt perdeu o cargo de ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil (SAC) justamente quando havia recuperado seu prestígio com a presidente Dilma Rousseff, abalado no ano passado, após o resultado totalmente inesperado da primeira rodada de privatizações de aeroportos.
A aviação civil, tratada como um estorvo no Ministério da Defesa, ganhou uma Pasta específica em 2011, quando Dilma criou a SAC. Ela convidou o executivo Rossano Maranhão, ex-presidente do Banco do Brasil e dirigente do Banco Safra, para comandar o ministério. Diante da recusa, chamou Bittencourt, um funcionário de carreira do BNDES que ocupava a diretoria de infraestrutura e vinha se debruçando sobre a modelagem do trem-bala, projeto que fascina Dilma.
Sem vinculação partidária, Bittencourt tinha respaldo do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e recebeu uma missão: conduzir as concessões dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília à iniciativa privada. O prestígio dele no Palácio do Planalto implodiu assim que o resultado do leilão na Bovespa, em fevereiro do ano passado, foi conhecido. Dilma ficou surpresa - e decepcionada - com a vitória de grupos que julgava franco-atiradores no leilão, deixando as gigantes brasileiras (Odebrecht, CCR e Queiroz Galvão) e megaoperadoras internacionais (como a alemã Fraport, a anglo-espanhola BAA e a francesa Aéroports de Paris) de mãos abanando.
Na tentativa de encontrar um culpado pelo resultado frustrante, auxiliares de Dilma logo apontaram o dedo para Bittencourt, embora todas as regras do leilão tenham sido discutidas com a Casa Civil. Ele se colocou como um muro de proteção contra os desejos, manifestados por vários assessores presidenciais, de trocar as operadoras dos consórcios vitoriosos no leilão dos três aeroportos. Argumentava que isso tiraria a credibilidade do governo nas licitações futuras.
Durante o resto do ano, enquanto se discutia se e como privatizar mais aeroportos, o ministro passou quase por um processo de assédio moral e era bombardeado por colegas sempre que abria a boca nas reuniões. O plano de fomento à aviação regional e o decreto que a autorizava aeroportos privados para a aviação executiva, prontos desde o primeiro semestre de 2012, ficaram engavetados no Planalto.
Nada causou mais desgaste ao ministro, no entanto, do que insistir na continuidade das privatizações. Em meados do ano passado, ele foi voz isolada no governo. Começaram a prevalecer as ideias do secretário do Tesouro, Arno Augustin, que passou a dar pitacos em todas as decisões importantes do setor aéreo e queria a Infraero como sócia majoritária das futuras concessões.
As propostas de Arno, que foram encampadas pela corrente majoritária no governo, não sobreviveram ao Oceano Atlântico: bastou uma delegação de ministros ir à Europa, submetendo essas ideias a investidores estrangeiros, para que elas naufragassem. Outras alternativas, como a entrada de fundos de pensão, não prosperaram. Depois de dez meses de discórdias na equipe presidencial, prevaleceram os argumentos de Bittencourt, que recuperou o prestígio na reta final das negociações do pacote anunciado em dezembro para o setor.
Ele conseguiu emplacar as regras que defendia para as concessões do Galeão e de Confins, mantendo o modelo do primeiro leilão, com ajustes. E conseguiu finalmente desengavetar seu plano de aviação regional, com investimentos de R$ 7,3 bilhões nos próximos anos, em 270 aeroportos. Tanto dinheiro dando sopa, com a perspectiva de articulações com governos estaduais e municipais, fez crescer o olho do PMDB. Além disso, Moreira Franco terá, com as próximas privatizações, a visibilidade na mídia nacional que lhe faltava na Secretaria de Assuntos Estratégicos.
Bittencourt, um técnico que nunca se adaptou plenamente às avenidas sem calçadas de Brasília, volta ao Rio de Janeiro para fazer uma das coisas de que mais gosta: caminhar pelas ruas da Zona Sul. Ficam dúvidas sobre a permanência de duas figuras estratégicas no setor: o presidente da Anac, Marcelo Guaranys, cujo mandato no comando da agência termina em julho, e o presidente da Infraero, Gustavo do Vale. Ambos são próximos do ex-ministro.

Ex-marido de Dilma pede investigação da Fiesp

Por Sérgio Ruck Bueno

Na primeira audiência pública da Comissão Nacional da Verdade (CNV) em 2013, o advogado, ex-deputado estadual gaúcho pelo PDT e ex-marido da presidente Dilma Rousseff, Carlos Araújo, pediu ontem que as investigações sobre a prática de tortura durante o regime militar no Brasil, de 1964 a 1985, incluam os empresários que financiaram a repressão. "Tem que englobar também o núcleo da Fiesp [Federação das Indústrias de São Paulo],os torturadores da Fiesp", afirmou.
No encontro, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), voltou a defender a revisão da Lei da Anistia, enquanto a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, pediu que a Câmara aprove hoje o projeto de lei que cria o Sistema Nacional de Combate à Tortura, com peritos independentes para fiscalizar a situação de prisões e asilos. Ela também destacou os "indícios" de que o ex-presidente João Goulart, deposto pelo golpe de 1964, foi assassinado pela "Operação Condor", uma aliança entre as ditaduras do Cone Sul para perseguir opositores dos regimes militares da região.
"Tenho certeza de que a Comissão da Verdade vai entrar neste antro da Fiesp, que foi responsável não só por financiar, mas também por assistir e estimular a tortura", disse Araújo. Ele fez a cobrança após referir-se à entrevista publicada no fim de semana pelo jornal "O Estado de S. Paulo", na qual o presidente da CNV, Paulo Sérgio Pinheiro, afirmou que as apurações vão revelar as cadeias de comando da repressão, "de general a torturador".
Segundo Araújo, que foi preso e torturado durante a ditadura, a Fiesp financiou a Operação Bandeirante (Oban), um centro de investigação do Exército, e o Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), "dirigida sempre pelo empresário Nestor Figueiredo", que estaria na "cúpula" da entidade até hoje. "Não foram poucos os empresários que iam para a sala de tortura estimular os torturadores", acrescentou. Segundo ele, a investigação sobre a ação da Fiesp é importante porque a "direita raivosa está por aí".
Em resposta, Pinheiro disse que o financiamento da repressão durante o governo militar é uma das linhas de trabalho da comissão. Ele reconheceu que se trata de uma "linha delicadíssima", mas reiterou que não acha de "grande valia" divulgar as descobertas "a cada momento".
Em nota, a Fiesp afirmou que atua em defesa da democracia e do Estado de Direito, mas defendeu que "eventos do passado que contrariem esses princípios podem e devem ser apurados". Nos arquivos da Fiesp não consta nenhum Nestor Figueiredo como diretor e sim, Nadir Figueiredo, industrial do ramo de vidros, que foi um influente dirigente da instituição durante a ditadura.
Presente na abertura da audiência, Tarso Genro (PT) voltou a defender que a Lei da Anistia não pode ser interpretada de modo a beneficiar os torturadores. Ele afirmou que a "lamentável" decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2011, que manteve inimputáveis penalmente os agentes da repressão, pode ser revertida.
"Esta decisão pode ser mudada e aposto que vai ser mudada", afirmou o governador, que defende a reinterpretação da lei desde que era ministro da Justiça no governo Lula. "Vozes importantes dentro do STF estão dispostas a rever aquela decisão", acrescentou, sem especificar nomes.
Para Maria do Rosário, a tese defendida pelo governador gaúcho é "legítima" e "corajosa", mas o governo federal "não tem posição firmada" a respeito porque o assunto está relacionado a "outro poder". Questionada se a CNV seria um primeiro passo para uma futura punição dos torturadores, a ministra disse que o governo prefere "esperar" pelo relatório da comissão, previsto para ser concluído no ano que vem.
A ministra também afirmou que o país "não pode desconhecer" os indícios de que o ex-presidente João Goulart tenha sido assassinado na "Operação Condor". A versão oficial é que Goulart morreu de ataque cardíaco em 1976, mas o assunto vem sendo investigado pelo Ministério Público Federal (MPF). A família do ex-presidente sustenta que ele foi envenenado por um agente argentino sob ordens do ex-delegado brasileiro Sérgio Fleury com conhecimento do ex-general Orlando Geisel e ontem entregou documentos à CNV reforçando o pedido e a autorização para a exumação do corpo de Jango, sepultado em São Borja (RS).


Morte de Jango será analisada

Dispostos a elucidar as circunstâncias da morte do ex-presidente João Goulart, familiares do político gaúcho entregaram ontem, à Comissão da Verdade, um dossiê pedindo providências. Eles acreditam que Jango foi vítima de uma conspiração e voltaram a pedir que seu corpo seja exumado.
Receberam a promessa de que o material será analisado e o caso terá respostas. A ministra Maria do Rosário reconheceu que "não se pode fechar os olhos para os indícios de assassinato":
– Não só a família, mas o Brasil merece saber o que de fato aconteceu.
O ex-presidente morreu em 1976, em Corrientes, na Argentina. À época, a morte foi atribuída a um ataque cardíaco, mas os parentes sustentam que ele teria sido envenenado a mando do regime militar.
Além de pedir a autópsia, os familiares querem que o Ministério Público Federal (MPF) e a Comissão da Verdade recorram a Estados Unidos, Chile, Uruguai e Argentina para obter documentos e ouvir pessoas ligadas à Operação Condor – a aliança secreta entre as ditaduras militares da América do Sul para perseguir opositores.
– As dúvidas em torno da morte do meu avô existem desde sempre. Agora parece que finalmente estamos tendo um respaldo que não tínhamos antes – disse Christopher Goulart, neto do ex-presidente.
Responsável por um inquérito civil público aberto em 2007 no MPF, a procuradora Suzete Bragagnolo ouvirá hoje, em São Borja, o médico Odil Rubim Pereira, que acompanhou o traslado do corpo de Jango à época.
– Antes de pedir a exumação, como quer a família, precisamos ter mais subsídios – disse Suzete.









Receba as Últimas Notícias por e-mail, RSS,
Twitter ou Facebook


Entre aqui o seu endereço de e-mail:

___

Assine o RSS feed

Siga-nos no e

Dúvidas? Clique aqui




◄ Compartilhe esta notícia!

Bookmark and Share






Publicidade






Recently Added

Recently Commented