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Haiti: Hora da retirada

Abre-se oportunidade de fixar um prazo, não maior que dois anos, para trazer as tropas brasileiras na missão da ONU de volta do Haiti .

Fica aquém do esperado, seja pelo baixo número de militares repatriados, seja pelo lento cronograma, o plano de retirada parcial do efetivo militar brasileiro na missão de paz no Haiti.

A previsão é que até o final do ano que vem 250 dos 2.185 capacetes azuis brasileiros no Haiti retornem para cá. Portanto, ao final de 16 meses, o Brasil ainda manterá no país caribenho um efetivo 60% maior que os cerca de 1.200 militares que lá estavam antes do terrível terremoto de janeiro de 2010.

No total, a ONU prevê uma redução de 18% no número de soldados, de 8.700 para 7.100.

O aumento da presença militar no país depois do desastre foi crucial para a manutenção de um mínimo de ordem e segurança no Haiti. O sismo matou 230 mil pessoas. Um em cada cinco funcionários públicos pereceu, assim como uma centena de funcionários das Nações Unidas, entre eles o chefe da missão humanitária.

Desde então, no entanto, o eixo de prioridades mudou. Embora ainda haja surtos esporádicos de violência, e muitas áreas do país estejam longe de serem consideradas seguras, a situação estabilizou-se. A eleição presidencial do primeiro semestre de 2011, apesar de confusa e questionada, terminou consagrando o candidato que de fato obteve a maior fatia do apoio popular, Michel Martelly.

O foco da ajuda internacional já pode migrar, gradativamente, da segurança pública para as tarefas de reconstrução da infraestrutura do Haiti, formação de uma burocracia civil eficiente e aplicação de dinheiro doado em atividades econômicas capazes de emancipar o país ao longo dos anos.

Mais que soldados, o Haiti necessita agora formar seu governo -um impasse político no Parlamento impede a nomeação de um primeiro-ministro. Além disso, o país precisa de engenheiros e especialistas em legislação e em serviços públicos, como saúde e educação. Necessita, também, que os países doadores cumpram as promessas -até maio, 37% dos US$ 4,6 bilhões prometidos após o tremor haviam sido entregues.

As Nações Unidas deverão votar até o mês que vem a renovação do mandato da força de paz no Haiti, que atua na estabilização do país desde 2004. Questões como o escopo da missão militar e a data para sua retirada definitiva precisam passar por ampla revisão.

Após não mais que dois anos de diminuição paulatina, a atuação de soldados brasileiros no Haiti deveria ser interrompida. Já o apoio civil e financeiro ao país caribenho, do governo e da sociedade do Brasil, precisa ser duradouro -desde que esse esforço seja acompanhado, proporcionalmente, pelas nações mais ricas.

Fonte: / NOTIMP

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Brasil anuncia intenção de reduzir missão no Haiti

GUILLERMO PARRA-BERNAL

O Brasil planeja começar a retirar tropas da missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) que lidera no Haiti, no momento em que o país caribenho se recupera lentamente das turbulências políticas e do gigantesco terremoto do ano passado.

De acordo com o ministro da Defesa, Celso Amorim, uma redução das tropas seria coordenada com a ONU e é natural após um aumento no número de militares para ajudar nos esforços de recuperação após o terremoto de janeiro de 2010.

"A situação de segurança melhorou muito, e houve uma segunda eleição democrática desde que nós chegamos ali. Queremos fazê-la (a redução) de maneira coordenada com a ONU, sem nenhuma ação unilateral", disse Amorim em Buenos Aires, na segunda-feira.

Uma fonte do governo disse à Reuters nesta terça-feira que o Ministério da Defesa começou a analisar sobre como eventualmente sair da missão que já dura sete anos. A fonte pediu para não ter seu nome revelado, pois os estudos ainda estão em fase preliminar.

O comando do Brasil da força de 12.200 homens no Haiti, conhecida como Minustah, foi um teste para as ambições do país de desempenhar um papel maior no cenário regional de segurança, parte da busca do país por uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.

O mecanismo para a redução do número de tropas será discutido por Amorim e pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e precisará ser aprovado pela presidente Dilma Rousseff, segundo essa fonte. Atualmente, o contingente do Brasil no Haiti, país mais pobre do Ocidente, é de 2.166 militares.

O porta-voz da ONU para missões de paz, Kieran Dwywe, disse à Reuters que uma avaliação da situação do Haiti, requisitada pelo Conselho de Segurança, recomendou uma retirada parcial das tropas da Minustah no primeiro semestre do ano que vem.

Ele disse que ainda não está claro se o número de militares será reduzido para um nível inferior ao existente antes do terremoto.

Jornais brasileiros disseram que o general do país que está atualmente comandando a Minustah, Luiz Eduardo Ramos Pereira, afirmou que a redução no número de tropas brasileiras está em linha com o plano da ONU de reduzir o contingente geral da missão.

PLANO DE REDUÇÃO

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o general disse que, sob o plano atualmente analisado pelo ONU, 1.600 militares voltarão para casa, provavelmente até novembro, incluindo até 280 brasileiros.

Ele disse que um contingente considerável de militares brasileiros terá de continuar no país "por algum tempo", porque eles são responsáveis pela capital Porto Príncipe, onde a segurança ainda é precária.

A Minustah foi criada em 2004 pelo Conselho de Segurança da ONU e tem ajudado a polícia haitiana, carente de agentes e equipamentos, a manter a segurança no país, especialmente durante eleições marcadas por fraudes e turbulências.

Grande parte da infraestrutura civil e policial do país foi destruída pelo terremoto de 12 de janeiro de 2010, que matou mais de 300 mil pessoas em Porto Príncipe e arredores. O país também enfrentou neste ano uma epidemia de cólera que matou mais de seis mil pessoas, e que muitos disseram ter sido trazida por soldados nepaleses da ONU.

A Minustah foi alvo recentemente de indignação popular por causa das suspeitas de que soldados uruguaios da missão teriam estuprado um rapaz haitiano de 18 anos.

Amorim viaja na quinta-feira ao Uruguai para discutir a situação da missão com outros países integrantes da Minustah, disse na terça-feira um porta-voz do Ministério da Defesa.

Fonte: / NOTIMP








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