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Aviação: Governo investe só 9% do previsto









O PAC destinava R$ 3 bilhões para melhorar a estrutura aeroportuária até este ano, mas apenas R$ 281 milhões foram efetivamente gastos.

Problema ficará para Dilma Rousseff.

Gustavo Henrique Braga.

Passa ano, entra ano, e o discurso do governo de que os investimentos na ampliação e melhoria dos aeroportos são prioritários fica na promessa. Não à toa, a população está assistindo aos transtornos vividos por quem se aventurou a viajar nos dias anteriores ao Natal. Em 2007, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) — apontado como “filho” da sua sucessora, Dilma Rousseff. A previsão era destinar R$ 3 bilhões à infraestrutura aeroportuária até 2010. Porém, apenas R$ 281 milhões, o equivalente a 9% do total, foram efetivamente liberados.

Com a incapacidade em investir no setor, a solução encontrada foi apertar as exigências feitas às companhias, o que sobrecarregou ainda mais o sistema. Tentando evitar a greve que aeroportuários e aeroviários queriam fazer, Lula jogou no colo de Dilma a missão de desarmar a bomba relógio do apagão aéreo marcado para 2014, durante a Copa do Mundo de futebol.

Um levantamento da organização Contas Abertas mostra que o presidente deixará o cargo com a conclusão de 12 empreendimentos em 10 aeroportos. Em 2007, a previsão era realizar 25 empreendimentos em 20 terminais, o dobro dos que efetivamente obtiveram melhorias. Um balanço do PAC divulgado neste mês apontou que ao menos três obras preocupam o governo,
entre elas a do terminal de Brasília — as outras são as de Vitória (ES) e Macapá (AP). O governo considera ainda que o sistema de pista e pátio do Aeroporto de Guarulhos (SP) precisa de atenção.

Adyr da Silva, professor da Universidade de Brasília (UnB) e ex-presidente da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), avalia o tormento vivido pelos passageiros e as manifestações dos trabalhadores do setor como itens pontuais de um problema que, na verdade, é do sistema como um todo. “Há 10 anos, o governo não investe na ampliação da capacidade. Nesse período, o número de viajantes só cresceu. Hoje, temos um volume de 35 milhões de passageiros acima da capacidade dos nossos aeroportos”, relatou. O professor acusa ainda o aparelhamento político da Infraero, que, no entendimento dele, prejudicou a gestão do setor.

“Os principais aeroportos do país atuam acima do limite. Já que não há como abrir mão da segurança, o prejuízo vai para o lado da eficiência e da qualidade do serviço prestado”, acrescentou Silva. O PAC 2, com previsão de investimentos entre 2011 e 2014, projeta mais R$ 3 bilhões na expansão da capacidade do sistema, com 22 empreendimentos em 14 aeroportos. Os projetos vão desde a construção de terminais de passageiros, pistas e pátios a torres de controle.

As obras das pistas e dos pátios, além da reforma do terminal de cargas do Aeroporto no Galeão (RJ), constavam do primeiro cronograma de investimentos do PAC. Após quatro anos, o balanço oficial do programa apresenta as pistas e os pátios concluídos, mas o trabalho no terminal terá 35% de realização até o fim do ano.

Queixas no Juizado

A médica Divina Deusdará, 29 anos, enfrentou quase seis horas de atraso no Aeroporto Juscelino Kubitschek. Ela iria viajar de São Paulo à Palmas com escala em Brasília. Depois de alguns minutos em terra, Divina foi comunicada de que teria que embarcar em outro voo, que só sairia às 22h50. “Eles só me falaram que eu iria pegar outro avião quando eu vi que estava sozinha e fui perguntar. Esse descaso é um absurdo”, reclamou.

A família de Divina mora em Guaraí (TO), cidade a 170 km de Palmas. “Minha família viajou para me buscar no aeroporto e ficou esperando lá. Eles não têm condições de voltar para minha cidade e depois retornar”, disse. Ela foi ao Juizado Especial do aeroporto para tentar resolver o problema. “Vamos ver o que eles podem fazer por mim.” O órgão recebeu, até o fechamento desta edição, 30 reclamações — na quarta-feira, foram 40.

Fonte: CORREIO BRAZILIENSE / NOTIMP




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