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Mesmo sem greve, até 50% de atrasos









Emparedados pela Justiça, aeroviários e aeronautas suspendem paralisação, que só poderá ocorrer a partir de 10 de janeiro.

Ainda assim, a ineficiência das companhias provocou transtornos nos voos em todo o país.

A TAM foi a campeã de infrações.

Gustavo Henrique Braga.

A greve dos aeronautas e aeroviários foi suspensa, mas os transtornos para os passageiros que viajam neste Natal pioraram. O índice de atrasos nos aeroportos brasileiros chegou a 38%, ontem, conforme boletim divulgado pela às 19h. Nos aeroportos de Brasília, Guarulhos (SP) e Galeão (RJ), metade das decolagens ocorreu com mais de 30 minutos depois do previsto. No Aeroporto de Congonhas (SP), o índice alcançou 46%. Entre as companhias, a TAM liderou o desrespeito ao consumidor, com 58% das decolagens além do horário. Apesar dos protestos dos trabalhadores, no que depender da Justiça, eles só poderão cruzar os braços após 10 de janeiro, sob pena de serem multados em R$ 3 milhões por dia.

A decisão acatou pedido do Ministério Público Federal do Distrito Federal. As duas categorias do setor estão proibidas de promover, divulgar, incentivar ou adotar medidas que prejudiquem a prestação do serviço de transporte aéreo. No entendimento da Justiça, a deflagração de movimento às vésperas das festividades de fim de ano é oportunista e abusiva. Contudo, mesmo sem greve, os atrasos foram generalizados entre as empresas aéreas, o que reforça o argumento de que o problema não mora nas negociações salariais.

Depois da TAM, a Gol teve 37% dos voos atrasados e a Webjet, 33%. Ao contrário dos dados oficiais e dos relatos de passageiros, a TAM informou ter registrado “95% de regularidade nos voos”, além de “poucos cancelamentos”, esses motivados por problemas climáticos. A presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Solange Paiva Vieira, informou que 10 milhões de embarques e desembarques já ocorreram em dezembro. A expectativa é de que, até o fim do mês, o movimento alcance 14 milhões de passageiros, o que representa um crescimento de 12% em comparação ao mesmo período do ano passado. Só ontem, foram 500 mil embarques.

Reclamações
No aeroporto de Brasília, o ápice da demanda ocorreu entre 17h e 19h. Devido à superlotação, os passageiros tiveram dificuldade para embarcar. Rodrigo Garrido Dias, 35 anos, aguardou cerca de 50 minutos para despachar as malas.

“Fiz o check-in pela internet. Acho que, se não fosse por isso, esperaria mais”, avaliou. O advogado ia a Porto Alegre (RS) em um voo previsto para às 20h. “Cheguei três horas antes para garantir”. Ana Luísa Figueiredo, 26, viajou para Nova York. Ela esperou mais de uma hora para ir à sala de embarque e outras duas para decolar. “Inicialmente, o avião sairia às 19h26, mas atrasou. Teria uma escala no Rio de Janeiro, mas acho que não vai acontecer”, relatou. Até às 18h, o Juizado Especial do aeroporto registrava 28 reclamações contra as companhias.

Apesar da derrota na arena judicial, aeroviários e aeronautas receberam uma contraproposta dos patrões. O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) elevou, na madrugada de quarta para quinta-feira, o valor do reajuste de 6,5% para 8%. “Houve uma conversa por telefone com representantes da categoria e chegamos aos 8%. A proposta ainda precisa ser formalizada, mas acredito que há boas chances de ser aceita”, disse José Márcio Mollo, presidente do Snea. Contudo, Sérgio Dias, secretário-geral do Sindicato dos Aeronautas, informou que a oferta ainda terá de passar por votação das categorias, provavelmente, em janeiro. “Ainda não avaliamos nada, até porque não chegou nenhuma proposta documentada.”

Mollo atribuiu o alto índice de atrasos, registrado desde o início do mês, a três principais fatores: o movimento acima da média devido às férias; a deficiência em infraestrutura dos aeroportos e as chuvas desta época do ano. “A capacidade está estourada. Todos os grandes aeroportos operam acima do limite”, comentou. Mollo culpou ainda a precariedade da infraestrutura nas cidades. “Em São Paulo, por exemplo, quando há uma chuva, as vias de acesso terminam ficando alagadas e nem a tripulação consegue chegar ao aeroporto, de forma a tornar inevitável novos atrasos.”

Estratégia do confronto
» Apesar da proibição judicial, a presidente do Sindicato Nacional dos aeroviários, Selma Balbino, liderou um movimento pela paralisação de 20% dos funcionários no Aeroporto do Galeão (RJ). O protesto leva em conta a decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que obriga a manutenção de um efetivo de 80% dos trabalhadores do setor aéreo. Quanto à outra decisão, da Justiça Federal do Distrito Federal, que proibiu qualquer greve até 10 de janeiro, sob pena de multa de R$ 3 milhões por dia, Selma disse não ter sido notificada.

A sindicalista prometeu movimentos semelhantes em diversos outros aeroportos, entre eles o de Brasília. “O Nelson Jobim pediu ao governador para botar a polícia em cima da gente. Os bandidos do Rio devem estar pulando de alegria”, provocou a sindicalista.


Ameaça com faca
Por volta das 7h30 de ontem, cerca de 100 funcionários das empresas aéreas fizeram uma manifestação no Aeroporto Internacional de Brasília. Os trabalhadores fecharam as três faixas de acesso ao terminal, provocando um grande congestionamento. O protesto exaltou os ânimos dos que tentavam chegar ao aeroporto. Na tentativa de desviar da passeata, dois táxis bateram. Os motoristas, irritados, desceram e discutiram entre eles e com os manifestantes. Um dos taxistas puxou uma faca e ameaçou um aeronauta, mas a situação foi contida pela polícia.

Para evitar o bloqueio dos manifestantes, outros motoristas optaram pela contramão. Ao mesmo tempo, para não perder seus voos, passageiros foram obrigados a descer dos carros e carregar as malas a pé por uma distância de quase 1km. Os sindicalistas seguiram em direção ao terminal aéreo, onde andaram pelos dois pisos, enquanto carregavam faixas e entoavam gritos de reivindicações. O protesto chamou atenção dos passageiros. Alguns filmaram e fotografaram, outros aplaudiram.

Luciana Ferreira de Matos aguardava por atendimento na fila do guichê da Gol por volta das 5h, horário em que os trabalhadores do setor faziam uma assembleia pela suspensão da greve. “Tinha apenas uma atendente. Ela me informou que eu iria conversar com a superintendente, para ver se trabalhariam. Fomos orientados a esperar.”

Fonte: CORREIO BRAZILIENSE / NOTIMP




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