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Air France 447: Justiça francesa reconhece crime









Paris: O Tribunal de Grande Instância de Var, no Sul da França, reconheceu ontem a existência de um crime no acidente do voo Air France AF-447, que caiu no Oceano Atlântico em 31 de maio do ano passado, matando 228 pessoas. O desastre foi definido como homicídio involuntário, sem intenção de matar, pela Justiça. Com isso, parentes das vítimas do Airbus, que fazia a rota entre Rio de Janeiro e Paris, não precisam mais esperar pelo fim das investigações francesas para buscar uma indenização legal. De acordo com a sentença provisória, os problemas ocorridos com os sensores de velocidade (pitot) da marca Thales AA em voos anteriores ao AF-447 são suficientes para configurar um crime.

Erros de aferimento da velocidade em aviões Airbus equipados com as sondas já haviam sido verificados mais de uma dezena de vezes antes do acidente, entre eles pela companhia Air Caraibes. Os técnicos da empresa haviam, então, alertado a Airbus, fabricante da aeronave, que o entupimento dos sensores pelo gelo poderia resultar uma cadeia de defeitos nos sistemas de navegação do avião. A coexistência de falhas anteriores e a falha constatada na noite do acidente, afetando as duas sondas pitot, são suficientes para indicar a existência de um crime caracterizando delito de homicídio involuntário, diz a sentença

Ainda de acordo com o veredicto, não é preciso aguardar as investigações em curso no Escritório de Investigação e Análise para a Aviação Civil (BEA) e no Ministério Público de Paris para reconhecer a implicação dos sensores de velocidade entre as causas do acidente. Não é nem necessário, nem mesmo oportuno, esperar o resultado das investigações penais em curso, diz o Tribunal de Var. O juízo decidiu ainda que o Fundo de Garantia das Vítimas de Terrorismo e outras Infrações, mantido pelo governo da França, deve indenizar a família da aeromoça franco-argentina Clara Mar Amado em 20 mil euros (R$ 46 mil), sendo 10 mil (R$ 23 mil) para o pai da vítima e outros 10 mil para um irmão.

INÉDITO: A decisão de não aguardar pelos resultados da perícia é inédita na Justiça francesa e abre um precedente para que outros parentes de vítimas peçam a indenização. O valor, contudo, ainda deve ser objeto de discussão, já que algumas famílias pedem centenas de milhares de euros em reparação. O acidente do voo AF-447 é avaliado por especialistas em seguros de acidentes como um dos mais caros da história da aviação, podendo chegar a 700 milhões de euros (R$ 1,61 bilhão).

Mais do que atribuir um valor à família de uma das vítimas, a sentença põe em xeque o argumento das autoridades de aviação civil da França, que até aqui afirmavam que, sem a descoberta das caixas-pretas, perdidas no Atlântico junto com os destroços do avião, jamais seria possível identificar as causas do desastre.

Fonte: ESTADO DE MINAS, via NOTIMP




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