Assembleia Legislativa do RJ presta homenagem às mulheres militares
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) abriu suas portas na tarde do último dia 14 de junho para receber um público distinto do habitual. Mulheres militares das Forças Armadas e Forças Auxiliares lotaram o plenário Barbosa Lima Sobrinho para comemorar o Dia da Mulher Militar. A data foi instituída por meio da lei estadual 5.661, de 18 de março de 2010, de autoria do deputado Armando José (PSB). O texto da justificativa do projeto faz alusão às mulheres que, ao longo dos tempos, obtiveram notoriedade em áreas até então dominadas por homens e cita Joana D’Arc, jovem francesa que, no século XV, ingressou mo exército disfarçada de homem e lutou na Guerra dos Cem Anos.
A ALERJ prestou homenagens às mulheres da Marinha, Exército, Força Aérea Brasileira, Policia Militar do Rio de Janeiro e Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Em sua fala, o Major Brigadeiro-do-Ar Élcio Picchi, Comandante do Terceiro Comando Aéreo Regional (III COMAR), enalteceu as conquistas femininas nos quartéis. “As mulheres conseguiram seu espaço nas Forças Armadas, tanto é que, na FAB, o Corpo Feminino foi extinto e as mulheres disputam as mesmas vagas que os homens, de igual para igual”, apontou.
A Tenente-Coronel Enfermeira Cristina Ramos Coelho, Oficial feminino mais antiga da Força Aérea Brasileira (FAB), foi uma das homenageadas. A Tenente-Coronel ingressou na FAB na primeira turma de mulheres, em 1982, e afirma ter percebido mudanças nesses 28 anos. “A aceitação da presença feminina nos quartéis é cada vez maior, acredito que o militarismo está mais receptivo às mulheres”, observou a Tenente-Coronel Cristina, que retornou do Haiti no final de maio, após participar da missão do Hospital de Campanha da FAB em Porto Príncipe durante 43 dias. “A vida no âmbito militar é uma lição de postura e conduta para a vida, agradeço a Aeronáutica por tudo o que eu sei. Sempre participei das missões do Hospital de Campanha, mas sinto que esta última missão no Haiti me engrandeceu como ser humano”, afirmou.
A primeira aviadora da FAB também recebeu homenagem. A 1º Tenente Aviadora Fabrícia Liane Souza Aguiar Oliveira, primeira colocada da primeira turma de Cadetes Aviadores da Academia da Força Aérea (AFA) que recebeu mulheres, no ano de 2003, serve atualmente no 1º Esquadrão do 6º Grupo de Aviação (1º/6º GAV), em Recife. “Recomendo a carreira de aviadora para as mulheres que, além do sonho de pilotar aviões, tenham um amor profundo pelo Brasil. Sem um desses requisitos, acho que não é possível”, avaliou a Tenente Fabrícia, piloto das aeronaves T-25, T-27 e C-95. Ela deixa um recado para as moças que acalentam esse sonho: “Podem ter a certeza de que todas as aviadoras da FAB vão recebê-las de braços abertos”.
A Graduada mais antiga da FAB também foi lembrada. A Suboficial Enfermeira Ivanilda da Silva Valente, que ingressou em 1982, lembrou que uma das dificuldades das pioneiras era a ausência de referenciais. “O que tínhamos como referência naquela época era o que a mídia nos mostrava do exterior porque, no Brasil, não tínhamos mulheres militares nas quais nos espelhar. Ingressamos na Força Aérea com o sentimento de nos doarmos ao país, queríamos ser heroínas”, relembrou. Quase três décadas depois, ela faz um balanço de sua trajetória. “Vendo tantas mulheres na FAB nas outras Forças, cumprindo as mais variadas missões, acho que conseguimos ser aquelas heroínas que pretendíamos”, observou.
A homenagem da ALERJ também apontou em direção ao futuro das mulheres militares. A estudante Mariana Gabriela Saraiva Ferreira, de 9 anos, cursa o 6º ano do Ensino Fundamental no Colégio Militar e já tem planos para o futuro. “Quero ser médica veterinária e servir ao Exército”, revelou. “Gosto de estudar no Colégio Militar, a gente aprende a ter disciplina e respeito, além de fazermos coisas bem legais nos desfiles militares”, afirmou. O Dia da Mulher Militar será celebrado, no Estado do Rio de Janeiro, no dia 30 de maio.
