Aeronáutica realiza concursos regulares para reforçar os quadros das mais diversas patentes
Estabilidade, cursos equivalentes às formações civis e oferta grande de vagas estão entre os atrativos da Força
Com exceção do serviço militar obrigatório, o passaporte que garante o ingresso na Força Aérea Brasileira (FAB) é a seleção pública. Seja para prestar serviço. Seja para seguir carreira militar. Com quase 76 mil profissionais, entre civis e militares, a FAB reforça o seu quadro de pessoal regularmente (veja quadro). Uma prática que embala os planos de concurseiros de todos os cantos do país.
“Existem diversas formas de entrar e em muitas áreas de atuação. Pode ter certeza de que o profissional vai encontrar estrutura de trabalho e qualidade de vida, independentemente se for na Aeronáutica, no Exército ou na Marinha”, afirma Marcos Antônio Dias, professor e um dos fundadores do Degraus, um curso especializado na carreira militar.
Segundo Marcos Antônio, as formas mais comuns de ingresso na FAB são pelos concursos para a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAr) e para a Escola de Especialistas da Aeronáutica (EEAR). Ambas as seleções são bastante concorridas, mas não impossíveis. “O jovem pensa que entrar na FAB é ralação. Mas não é assim. Isso precisa ser mais divulgado nas escolas públicas e particulares, pois essa pode ser uma chance única para aqueles que não têm condições de pagar uma faculdade”, acredita o professor.
Quem é aprovado para a EPCAr faz o ensino médio em uma escola da FAB. É o que pretende Alex Vitor Guedes, 15 anos. Mesmo com a pouca idade, o estudante do Colégio Militar de Brasília estuda com afinco para a seleção. “Seguir carreira na Força Aérea é meu sonho. Meu pai é do Exército, mas eu quero ir para a Aeronáutica, pois um dia quero ser piloto de caça. Desde pequeno, sonho com isso”, diz. A EPCAr só aceita candidatos do sexo masculino. Eles saem de lá com a possibilidade de ingressar direto na Academia da Força Aérea (AFA). Lá, o sonho de Alex de pilotar um avião começa, enfim, a ser realizado.
E se por acaso o ex-aluno da EPCAr não quiser seguir o militarismo, ele sairá da escola, segundo Marcos Antônio, preparado para enfrentar o setor privado. “Lá, o nível de ensino é maravilhoso. Se o desejo de seguir uma profissão civil for maior, o adolescente pode ter certeza de que estará preparado para enfrentar e ser aprovado em qualquer vestibular do país”, afirma Marcos.
Para quem tem o ensino médio, a oportunidade mais viável é tentar entrar pela EEAR, onde os alunos, de ambos os sexos, farão, durante dois anos, curso de formação similar ao de uma academia militar. Nesse período, o regime é de internato. Os aprovados estudam em Guaratinguetá (SP), onde recebem toda a assistência, como alojamento, alimentação, fardamento e ajuda de custo. Após o término do curso, são promovidos a terceiro-sargento e podem seguir a carreira militar.
A estudante Patyelli Renata Bastos dos Santos, 19 anos, concluiu os estudos em uma escola pública do Distrito Federal e se prepara para o concurso da EEAR, realizado geralmente em dezembro. “Vai ser a minha primeira tentativa e, como estou me preparando desde o início do ano, acredito que tenho boas chances de passar. O conteúdo é muito mais tranquilo do que em outros concursos. Matemática, física, inglês e português são matérias básicas. Basta ter foco e aprofundar nos temas”, aposta.
Vagas para oficiais
Estão abertas, a partir de hoje, as inscrições no concurso com 160 oportunidades para o exame de admissão ao estágio de adaptação de oficiais temporários do Departamento de Ensino da Aeronáutica. Para participar, é necessário ter curso superior nas áreas listadas no edital. A candidatura pode ser feita até 23 de setembro, no site.
CONTRATADOS
“Entrei na Aeronáutica por obrigação mesmo, ao me alistar para o serviço militar obrigatório. Ao ingressar, eu era soldado de segunda classe e logo percebi que me identificava com o serviço. A partir daí, comecei a me preparar para uma prova que me promoveria a soldado de primeira-classe, que é o que sou hoje. Agora, eu trabalho em um setor administrativo, no Grupamento de Apoio de Brasília, mais especificamente na sessão de registro. Meu próximo passo é estudar para o concurso de taifeiro, pois esse posto tem plano de carreira e estabilidade, além de ser no meu nível, que é o médio. As matérias cobradas são apenas língua portuguesa, matemática e conhecimentos especializados. O taifeiro trabalha em uma área de que eu gosto, a cozinha, e eu posso chegar até o posto de suboficial. Hoje, o meu posto é temporário e acaba em 2013. Por isso, quero estudar e ingressar definitivamente na FAB para poder ficar tranquilo profissionalmente.” Junio Moreira da Silva, 22 anos, soldado de primeira-classe
“Existem duas formas de ingressar como dentista na Aeronáutica: como oficial temporário ou como oficial de carreira. Eu entrei como temporário, trabalho no Hospital de Força Aérea de Brasília e posso permanecer na Força Aérea por até nove anos. O oficial temporário só pode ser promovido a primeiro-tenente. Já o oficial de carreira dentista pode chegar ao posto de coronel. Particularmente, me identifiquei com a vida militar e quero seguir carreira. Para fazer parte do quadro efetivo, todos os anos há concurso público, mas são poucas as vagas disponíveis. Por isso, terei que me dedicar muito para passar. Estou na Força Aérea há um ano e meio e, além de atender regularmente no consultório odontológico do hospital, já tive a oportunidade de ter experiências ímpares em missões realizadas em outros estados, principalmente na Serra do Cachimbo, no Pará. Estou bem satisfeito com o militarismo e acredito que é uma boa oportunidade de emprego e evolução profissional.” Alexandre de Melo, 29 anos, dentista, segundo-tenente
FAB EM NÚMEROS
7.911
civis
67.897
militares, sendo
61.208 homens (90,14%)
6.689 mulheres (9,85%)
9.027
oficiais (13,29%)
24.687
suboficiais e sargentos (36,35%)
30.700
cabos, soldados e taifeiros (45,21%)
3.483
cadetes e alunos (5,12%)
* Valores referentes
a junho de 2010
Fonte: CORREIO BRAZILIENSE, via NOTIMP