|

Pane em aparelhos agrava operações no Salgado Filho





Defeitos em três equipamentos dificultam ainda mais os pousos no aeroporto em dias de chuva e neblina

Humberto Trezzi

Não bastasse o aeroporto Salgado Filho sofrer com a falta de um equipamento que permite voo em meio a nevoeiro (o ILS-2), três outros aparelhos que auxiliam o tráfego de aeronaves sobre Porto Alegre sofreram panes nos últimos dias.

Isso agravou a já precária situação dos pousos e das decolagens em dias de chuva intensa e neblina, rotineiras nesta época no Rio Grande do Sul.

Um dos equipamentos acometidos de pane foi o ILS-1, conjunto de peças que emitem sinais de rádio para guiar a altitude e a localização da aeronave na hora do pouso. Com ele funcionando, é necessário que o teto (altitude das nuvens em relação à pista) seja de pelo menos 60 metros. Sem ele, como aconteceu na terça-feira, o avião só pode pousar com teto de pelo menos 150 metros. Como o dia era límpido, só quatro dos 208 pousos e decolagens previstos foram cancelados.

A parte do ILS que estragou foi consertada pela Aeronáutica (responsável pela peça) no mesmo dia da pane.

O problema é que dois outros equipamentos continuam estragados. Um deles é o ALS, sistema de iluminação que emite flashes, instalado nas pistas para ajudar na aproximação do avião em dias de clima ruim. Ele permite que aeronaves pousem com visibilidade de 800 metros na pista. Sem ele, a exigência é de 1.200 metros.

– É inegável que a pane no ALS prejudica aterrissagens com clima ruim, porque esse tipo de luzes perfura as nuvens, o nevoeiro ou a chuva forte. Apesar de prejudicar, só impede o pouso quando o tempo está mesmo feio – explica Elones Ribeiro, coordenador do curso de Ciências Aeronáuticas da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), que é piloto e foi controlador de voo.

O aparelho, de responsabilidade da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), está avariado desde 28 de abril. Desde então, a cidade viveu pelo menos sete dias de intenso nevoeiro e pousos podem ter sido adiados em decorrência da pane.

O terceiro equipamento estragado é o Marcador Externo, uma antena que emite sinais de rádio mostrando que o avião está na rota certa de aproximação do aeroporto. Na aeronave, ele dispara um aviso luminoso. O aparelho é controlado pela Aeronáutica.

Pelo menos dois pilotos e dois controladores de voo ouvidos por ZH mostraram grande preocupação com a avaria dos aparelhos. Não por questões de risco, já que cada equipamento tem similares que podem ser usados, garantindo segurança nos pousos. Mas por uma questão de atraso ou mesmo cancelamento de voos, gerando dissabores aos usuários.

O estrago simultâneo de três peças seria reflexo de sucateamento na gestão aeronáutica? Não, aposta o professor Elones Ribeiro, ao lembrar que vários investimentos estão sendo feitos.

– Infelizmente, coincidências como essas acontecem – diz.

*Colaborou André Mags

Quando serão consertados

O sistema de luzes ALS

Inoperante desde 28 de abril, o sistema de luzes de aproximação depende de uma peça que não existe no país e precisa ser importada, informa Jorge Herdina, superintendente da Infraero. A previsão de conserto é para 11 de junho, mas o prazo pode se estender por alguns dias.

A boa nova é que em, no máximo, 15 dias a Infraero abrirá licitação para compra de uma outra peça, mais sofisticada, que servirá para adaptar o ALS ao ILS-2 (sistema de auxílio a pouso), que permite aterrissagens em meio a alguns tipos de nevoeiro.

O marcador

A antena está estragada há mais de 30 dias. A peça necessária para substituição está em processo de compra e não há prazo para ser instalada, informam oficiais da Aeronáutica. Será necessário ainda testar o equipamento com pousos feitos por um avião de testes da Força Aérea Brasileira (FAB).

O ILS-1

O Localizer, conjunto de antenas que faz parte do ILS-1, foi consertado pela Aeronáutica no dia em que estragou, terça-feira. Com relação ao sucessor do ILS-1, o moderno ILS-2 (que permite pousos com alguns tipos de nevoeiro), o prazo estimado para instalação é de dois anos.

Promessa: obras podem sair antes do prazo

O estrago de três aparelhos usados para facilitar a aproximação dos aviões que chegam a Porto Alegre não tira o ânimo do superintendente regional da Infraero, Jorge Herdina. Ele acredita que as obras de modernização do Salgado Filho podem sair antes do previsto. Há um mês, em entrevista a Zero Hora, Herdina previu que a ampliação da pista do aeroporto, dos atuais 2.280 metros de comprimento para 3.200 metros, sairia até julho de 2013 – antes da Copa do Mundo, que é a meta.

Uma nova previsão feita em documento das chefias da Infraero em Brasília, que Herdina acredita ser possível cumprir, estima que a ampliação da pista possa começar em outubro deste ano e terminar em outubro de 2012.

É que foi acelerada pela prefeitura e pelo governo do Estado a remoção de 2,9 mil famílias das vilas Dique, Nazaré e do bairro Jardim Floresta, o que dá margens para esperança. Com 500 dessas casas transferidas, a Infraero crê ser possível começar o aumento da pista. Após, será instalado o ambicionado ILS-2, capaz de driblar os nevoeiros constantes na cidade. A meta inclui ainda ampliar o terminal de passageiros (até dezembro de 2015) e construir um terminal de cargas (até abril de 2012).

52 famílias deixam área da nova pista

Com a esperança de viver em um lugar melhor, a diarista Gislaine dos Santos ajuda os funcionários da prefeitura de Porto Alegre na remoção dos objetos que serão levados para a nova moradia. Ela integra uma das 52 famílias da Vila Dique que serão transferidas até amanhã para o loteamento na Avenida Bernardino Silveira Amorim, no bairro Rubem Berta.

Havia 15 anos ela convivia com esgoto a céu aberto e com ruas esburacadas da vila, localizada próximo ao aeroporto da Capital. Por causa da dificuldade de se mudar para um outro imóvel, pois ganha R$ 70 semanais pelas faxinas, ela vê a mudança como uma possibilidade de começar tudo de novo, ao começar pelos móveis:

– Sempre sonhei em morar num sobradinho. Agora que vou realizar isso, quero comprar tudo novo, para combinar com o local – diz Gislaine.

Essa é a quarta remoção feita na vila, que dará lugar a uma ampliação da pista do aeroporto Salgado Filho, uma das obras essenciais para a expansão comercial do Estado e, também, para a Copa de 2014. O local estava irregular há cerca de 30 anos na Avenida Dique. Para o diretor-geral do Departamento Municipal de Habitação, Humberto Goulart, a ação dará mais dignidade para os moradores:

– A previsão é de que até janeiro de 2011 esse trabalho seja concluído.

Fonte: ZERO HORA, via NOTIMP




Receba as Últimas Notícias por e-mail, RSS,
Twitter ou Facebook


Entre aqui o seu endereço de e-mail:

___

Assine o RSS feed

Siga-nos no e

Dúvidas? Clique aqui




◄ Compartilhe esta notícia!

Bookmark and Share






Publicidade






Recently Added

Recently Commented