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FX-2 e Embraer: Especial Embraer: Itamaraty baixa o tom sobre licitação dos EUA



IURI DANTAS .

Um dia depois de criticar o modo pelo qual os Estados Unidos cancelaram a compra de 20 Super Tucanos da Embraer, o governo brasileiro baixou o tom e negou haver desconforto sobre a licitação de US$ 355 milhões da Força Aérea dos EUA, suspensa na terça-feira por supostos "problemas de documentação" da empresa Brasileira.

Nas palavras do porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes, "não existe desconforto, mas a surpresa", e essa surpresa "passou". Em nota divulgada anteontem, além de destacar a "surpresa" com a decisão, a diplomacia Brasileira afirmou que ela não contribuía para o "aprofundamento das relações entre os dois países, em matéria de defesa".

A mudança no tom ocorreu durante a visita ontem de William Burns, que ocupa o segundo posto na hierarquia do Departamento de Estado americano, imediatamente abaixo da secretária Hillary Clinton. O subsecretário participou de almoço com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Segundo o porta-voz brasileiro, Burns repetiu no encontro que o processo licitatório da Força Aérea dos EUA continua e que "as portas não estão fechadas" para a Embraer.

Chances. "Há efetivamente a possibilidade" de a Embraer concluir a venda, disse o porta-voz do Itamaraty. Burns já havia dito anteontem, no Rio, que esperava que Washington resolvesse "no menor prazo possível" os problemas que levaram à suspensão do pedido do governo americano.

A Força Aérea dos EUA suspendeu a compra dos Super Tucanos alegando problemas na documentação da Embraer. Porém, a concorrente, Hawker Beechcraft, fez forte lobby para que o processo fosse suspenso, criticando eventual perda de empregos. Apesar da queda no desemprego nos últimos meses, o mercado de trabalho continua a ser o calcanhar de Aquiles do presidente Barack Obama, que tenta a reeleição neste ano.

Ao mencionar que o cancelamento da licitação não contribuiria para o aprofundamento das relações "em matéria de defesa", o Itamaraty sugeriu que os EUA poderiam se complicar na licitação dos caças da Força Aérea Brasileira (FAB), da qual participa a americana Boeing . Ontem, Nunes negou relação entre a licitação Brasileira e a americana.

Fonte: / NOTIMP

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O tom da resposta do Itamaraty sobre os Supertucanos diz muito sobre a atitude diante da Casa Branca

Silvio Queiroz

Bem mais que aviões de caça

Nas entrelinhas das declarações oficiais trocadas por Brasil e Estados Unidos no episódio da compra (suspensa) de Supertucanos estão pistas sobre por onde caminharão as relações bilaterais ao longo do governo Dilma — supondo que Barack Obama seja reeleito, em novembro, uma vez que o contrário singificaria voltar à primeira casa do tabuleiro. A questão estará em pauta até o início de abril, quando a presidente retribuirá a visita de Obama ao Brasil, no ano passado.

Desde logo com a crucial preparação para a Cúpula das Américas, na Colômbia, marcada para os dias seguintes à passagem de Dilma por Washington. Seria um evento comum, a menos por um elemento que se tornou central nas relações dos EUA com o hemisfério: Cuba, que o coro latino-americano pressiona os anfitriões a convidarem, contra a vontade expressa do Tio Sam.

O tom da resposta do Itamaraty sobre os Supertucanos diz muito sobre uma das linhas de continuidade com o governo Lula: a atitude diante da Casa Branca. A escolha do chanceler Antonio Patriota, que vinha de comandar a embaixada em Washington, foi por vezes interpretada como um gesto de "reaproximação", após as discordâncias dos oito anos anteriores, embora ambos os lados minimizassem os ruídos numa relação considerada "madura". O que parece reafirmado é um termo cada vez mais recorrente nas declarações de parte a parte, segundo o qual a conversa será sempre "de igual para igual".

E é sobre essas bases que se desenrola a cooperação bilateral em assuntos de defesa, objeto de um importante acordo firmado no ano passado, depois de mais de uma década de certo distanciamento. A isso se referiu a nota brasileira sobre os Supertucanos. E também a isso diz respeito a compra de caças para a FAB, uma concorrência empatada na fase de escolha entre três finalistas: o F-18 (americano), o Grippen NG (sueco) e o Rafale (francês). A menção a esse negócio, pela parte americana, serviu mais para realçar do que para desmentir as conexões entre as duas transações. Em português (e inglês) claro, é a profundidade e a intensidade dessa cooperação que estão em pauta.

Dois pesos

Do ponto de vista brasileiro, o reequipamento das Forças Armadas, do qual faz parte a compra dos caças, é componente importante, ao menos inicialmente, da Estratégia Nacional de Defesa, legada ao atual governo por Lula e Nelson Jobim. A concepção geopolítica que guia o documento delineia, entre outras coisas, um Brasil que firma liderança hemisférica, já não mais confinada ao subcontinente sul-americano, mas espraiada em direção ao norte, até os limites do antigo "quintal" dos EUA. A relação com Washington no terreno militar deve ser calibrada por esse parâmetro, de resto familiar também ao novo titular da Defesa, Celso Amorim, chanceler nos oito anos de Lula.

Os pesos e as medidas dos americanos para a mesma transação são outros, e entre eles há os de alcance imediato: vender os F-18 significa empregos numa indústria que patina para sair da recessão desde o primeiro ano do governo Obama. E isso em ano de campanha pela reeleição.

Olho em Miami

A cúpula de Cartagena de Índias, na Colômbia, entra de carona nesse cenário intenso e coloca sob o holofote outro importante descompasso com Washington — este, porém, compartilhado pela América Latina. Desde a primeira cúpula regional organizada pelo Brasil, em 2008, a reintegração de Cuba no sistema interamericano tornou-se pedra de toque do bloco, recém-instituído sob a sigla Celac.

Obama, eleito sob o lema da "mudança", acenou com uma guinada em direção ao sul, após mais de uma década de aparente desinteresse, com a diplomacia americana demasiado ocupada com o Oriente Médio e a "guerra ao terror". Mas a percepção, do lado de cá, tem sido de que faltou ousadia à Casa Branca principalmente no engajamento com Cuba, ainda que fosse apenas por algum gesto significativo envolvendo o bloqueio econômico de meio século.

Em resumo, e novamente com o cálculo no horizonte da eleição de novembro, Washington optou por pressionar os anfitriões colombianos a negarem convite a Raúl Castro. O preço, para eles, poderá ser a ausência de um certo número de dirigentes, de saída os do bloco bolivariano capitaneado pela Venezuela. De toda maneira, e a despeito das perdas no cenário hemisférico, o olhar da Casa Branca parece focalizado em Miami, onde os cubanos anticastristas podem dificultar de maneira irremediável a vitória de Obama no decisivo estado da Flórida.

Fonte: / NOTIMP

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Portas não estão fechadas para Embraer, diz subsecretário dos EUA

Declaração foi feita ao ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota. Subsecretário de Estado dos EUA, William Burns, está em Brasília.

Alexandro Martello

O subsecretário de Estado dos Estados Unidos, William Burns, que esteve em Brasília nesta sexta-feira (2), disse ao ministro das Relações Exteriores brasileiro, Antonio Patriota, que as portas para uma possível compra de aviões da Embraer pelo governo dos EUA não estão fechadas. O relato foi feito pelo porta-voz do Itamaraty, embaixador Tovar Nunes, a jornalistas.

Na noite desta quinta-feira, Burns já havia dito que os Estados Unidos continuam interessados em comprar 20 aviões de ataque leves Super Tucano da Embraer. Segundo Tovar Nunes, o subsecretário de Estado dos EUA, William Burns, reiterou que ainda há possibilidade de diálogo sobre o assunto.

O porta-voz do Itamaraty disse ainda que o Ministério das Relações Exteriores procura manter os "canais abertos" para que o diálogo sobre a eventual compra dos aviões da Embraer tenha prosseguimento. "Ele [Burns] não falou em rever [a decisão]. Se falou em manter abertas as portas para a possibilidade. Não deu indicações. Nada está definitivamente decidido", disse.

Tovar Nunes afirmou que o processo de compra de caças pelo governo brasileiro, no qual a Boeing, empresa norte-americana, participa da concorrência para vender caças FX-18 Super Hornet à Força Aérea Brasileira, não foi discutido. "Este assunto não foi tratado. São coisas distintas. Não dá para misturar uma coisa com a outra", afirmou o embaixador.

Ao subsecretário norte-americano, o Palácio do Itamaraty informou ter reiterado os termos da nota à imprensa divulgada na tarde desta quinta-feira. No documento, o governo afirma que a notícia do cancelamento do contrato para fornecimento de 20 aviões Super Tucano, da fabricante brasileira Embraer, para a Força Aérea dos EUA "não contribui para o aprofundamento das relações entre os dois países em matéria de defesa”.

Fonte: / NOTIMP

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A Embraer não sai do chão

O Super Tucano da fabricante Brasileira perde a queda de braço com o lobby da indústria de defesa americana e com as águias da política do Tio Sam.

Tatiana BAUTZER

A Embraer acabou eliminada numa briga de cachorro grande. Pressões provocadas pela disput-a presidencial nos Estados Unidos, por um lado, e pela ação do influente lobby do setor de defesa americano para fortalecer a Boeing na disputa para vender caças para a Força Aérea Brasileira, por outro, causaram a perda de um contrato de US$ 355 milhões para a empresa de São José dos Campos (SP). A Embraer, presidida por Frederico Curado, havia vencido a concorrência para fornecer 20 aviões Super Tucano ao programa Light Air Support, que representaria a primeira venda de um produto militar da empresa Brasileira à Força Aérea dos EUA (USAF).

Mas o governo local suspendeu o contrato na última semana, alegando problemas com a documentação enviada pela Embraer. O primeiro indício de turbulência em seu curso de voo havia surgido com a suspensão temporária do contrato, após a concorrente Hawker Bechcraft contestar o resultado. A empresa americana, que tem entre os seus acionistas a poderosa Lockheed Martin, alegou que os 1,4 mil empregos de sua sede no Kansas estariam em risco. Newt Gingrich, um dos pré-candidatos presidenciais do Partido Republicano, reforçou o coro protecionista. "Pegar dinheiro emprestado dos chineses para pagar os brasileiros é um modelo que não funciona", disse.

Um entendimento comum no setor aeronáutico é de que a concorrência americana teria sido criada com o objetivo de aumentar as chances da Boeing na cobiçada licitação de 36 caças pelo governo brasileiro, que deve movimentar US$ 10 bilhões. Valor muito maior que o do contrato perdido pela Embraer. Depois que o governo brasileiro reforçou sua preferência pelo modelo Rafale, da francesa Dassault, após a vitória deste numa concorrência similar na Índia, a suspensão do acordo significaria uma mensagem enviada em um momento oportuno, exatas duas semanas antes da visita da presidente Dilma ao presidente americano Barack Obama.

A reação Brasileira começou por meio do Itamaraty. "Esse desdobramento não contribui para o aprofundamento das relações entre os dois países em matéria de defesa", afirmou em nota. O País ganhou ainda um aliado de peso. O general Norton Schwartz, comandante da USAF, classificou o cancelamento de "vergonhoso". No meio de toda a polêmica, a Embraer amarga mais uma derrota em tentativas de vender ao governo americano. Em 2004, ela também venceu a licitação para vender a aeronave de vigilância EBM-145 ao Exército. Mas não levou. Desta vez, a suspensão pode se provar um tiro no pé. Cerca de 90% do valor do Super Tucano corresponde a componentes produzidos nos EUA. Além disso, o aparelho seria feito na Flórida, e criaria 1,2 mil novas posições de trabalho em todo o país.

Fonte: / NOTIMP

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França pode lucrar com fim de contrato da Embraer com EUA

O rompimento inesperado do contrato de compra de 20 aviões Super Tucano, da Embraer, pela Força Aérea dos Estados Unidos pode beneficiar a França. Com as relações estremecidas com os EUA na área de defesa, o Brasil pode optar pelo Rafale francês para renovar a frota de caças da aeronáutica.

A Força Aérea americana disse que vai rescindir o contrato de US$ 355 milhões com a Embraer nesta sexta-feira, o que criou uma saia justa com o Itamaraty. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirma que a decisão americana prejudica as relações dos dois países na área de defesa. “Em especial pela forma e pelo momento em que se deu. [O governo brasileiro] considera que esse desdobramento não contribui para o aprofundamento das relações entre os dois países em matéria de defesa", diz o texto.

"O governo brasileiro continuará a manter diálogo com as autoridades norte-americanas sobre o assunto”, continua a nota, mas o mal-estar está criado. Analistas e fontes não-identificadas do governo afirmaram que a anulação unilateral do contrato é um fator que pode ser levado em consideração na hora de escolher o novo caça da Força Aérea Brasileira. Analistas também argumentam que a decisão da Índia de comprar as aeronaves francesas também podem influir na decisão.

Autoridades dos Estados Unidos estão no Brasil nesta semana para promover o caça F-18 Super Hornet, da Boeing, que disputa com o Rafale, da francesa Dassault, e com o Gripen, da sueca Saab, um contrato para o fornecimento de 36 aeronaves para a Força Aérea Brasileira (FAB).

O ministro brasileiro da Defesa, Celso Amorim, declarou recentemente que a presidente Dilma Roussef tomará uma decisão sobre a compra dos 36 caças ainda neste semestre. O processo havia sido suspenso por medidas de economia orçamentária.

Fonte: RFI (França) / NOTIMP









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