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AF447: Trabalho francês não agrada aos familiares das vítimas



Familiares das vítimas do acidente com o Airbus A330 defendem que o governo brasileiro entre na investigação do caso .

Mas, segundo lei internacional, a apuração tem que ser feita pelo país de origem da aeronave envolvida .

Débora Álvares .

A descoberta de mais destroços do Airbus A330 e a possibilidade de que entre eles haja corpos em condições de identificação, como anunciado pelo Escritório de Investigações e Análises (BEA) — órgão da França que lidera as apurações —, reacendeu não só a dor de quem perdeu um ente querido na tragédia, mas a discussão sobre o curso das investigações. A Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447 defende que o governo brasileiro participe de forma mais ativa do caso, sob a alegação de que os franceses não têm sido transparentes.

O diretor executivo da associação de parentes, Maarten Van Sluys, mostra desconfiança em relação à condução das investigações das causas do acidente pelo governo francês. “Entendemos que, se ficar a cargo da França, significa dizer que eles estão investigando a si próprios, já que participam como acionistas tanto na Airbus (fabricante) quanto na Air France (empresa aérea). Dessa forma, não consideramos a apuração isenta.” Como destaca o irmão de uma das vítimas do desastre, a intenção da associação é pressionar para que o governo brasileiro participe das averiguações. “A França não deve investigar sozinha. Não é aceitável. Se fossem só peças encontradas, a conotação seria outra. Agora que há corpos, com certeza passa a ter outra relevância para os familiares.”

Apesar da reivindicação, o Ministério da Defesa explica que não há possibilidade de o Brasil entrar no caso. Isso ocorre por conta da legislação internacional, segundo a qual a responsabilidade de investigar desastres aéreos é do país de origem da empresa aérea envolvia. Neste caso, o país responsável pelas investigações é a França. A Defesa destaca que, caso seja solicitado, o Brasil pode eventualmente auxiliar, mas não tem autonomia para comandar a apuração.

Pedido a Dilma


A luta para a instauração, no Brasil, de um inquérito que apure o que provocou o acidente foi iniciada ainda em 2009, meses após o acidente. O processo está nas mãos do Procurador-Geral do Estado de Pernambuco, Thiago Arraes de Alencar Norões. Além dessa tentativa de forçar uma participação brasileira no caso, a associação pediu um encontro com a presidente Dilma Rousseff. “Queremos mostrar-lhe a necessidade de que se defendam interesses dos cidadãos brasileiros”, destacou o presidente da associação, Nelson Faria Marinho.

De acordo com a assessoria do Palácio do Planalto, o pedido de reunião foi analisado pela Secretaria-Geral da Presidência. Na próxima sexta-feira, o secretário Nacional de Articulação Social, Paulo Maldos, vai receber a comissão de familiares. Em seguida, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, também deve recebê-los, segundo informou Sluys.

A fim de convencer da necessidade de entrada do Brasil no caso, os presentes entregarão um relatório que aborda diversos defeitos no Airbus A330. O documento de 700 páginas foi conseguido na França, entregue à Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447 pelo Sindicato dos Aeroviários da França. “Lá, constam diversos relatos de pilotos da companhia aérea que demonstram que a Air France foi negligente”, acrescentou Marinho.

Fonte: CORREIO BRAZILIENSE / NOTIMP

Foto: Pawel Kierzkowski








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