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Para lançar, suprir e resgatar, Esquadrão Onça está em alerta no ar








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Aeronaves do Onça lhe garantem autonomia para operar em todo o território nacional


A onça é um felino símbolo da fauna brasileira, que se distingue pela determinação e força no domínio de seu habitat. Nome apropriado ao esquadrão mais antigo da Base Aérea de Campo Grande, cuja missão determinante é a de transportar e lançar.

Também conhecido como 1º/15º Grupo de Aviação, o Esquadrão Onça foi criado por meio do decreto 22.082 em 24 de março de 1947, porém só foi ativado pelo então Ministério da Aeronáutica, que via necessidade de uma maior integração com a região sul do Centro-Oeste, em 17 de setembro de 1970. Com 40 anos de existência é o esquadrão mais antigo da Base Aérea de Campo Grande.

Desde 14 de janeiro do ano passado o Onça é comandado pelo tenente-coronel aviador Luiz Guilherme da Silva Magarão. Ele conta que a unidade é representante da aviação de transporte em Mato Grosso do Sul, cujo comando operacional está sediado no Rio de Janeiro (RJ).

O Onça empreende missões de transporte logístico, bem como lançamento de cargas e passageiros, principalmente pára-quedistas. Às vezes é acionado para participar de missões de misericórdia e evacuação aeromédica.

Diariamente, o Onça é solicitado para dar apoio às manobras de outros esquadrões, transportando carga e pessoal, no sentido de mobilizá-los até o local em que determinada operação será realizada. Já em casos de treinamentos, o esquadrão se limita apenas a lançamentos.

No ano passado, entre os meses de agosto e setembro, o esquadrão transportou em três ocasiões o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Contudo, essa não é uma missão característica da unidade.

Por mais que Lula tivesse toda uma estrutura montada para ser apoiado pelas aeronaves dos esquadrões de Brasília (DF), que são a jato, elas se restringem a pistas superiores a 1,5 mil metros. Como o Onça opera aeronaves com hélices, a capacidade de decolagem e pouso é mais curta do que de um avião a jato.

Isso fez com que o Onça transportasse Lula a Salgueiro (PE), Barra Bonita (SP) e Porangatu (GO), de acordo com o tenente-coronel Magarão. As pistas desses municípios possuem extensões abaixo de 1,5 mil metros.

Quanto a cargas transportadas, não há restrições, porém, em casos de munições ou materiais radioativos, o Onça procura seguir normas de segurança. Os armamentos devem estar descarregados e ser acompanhados por uma pessoa responsável, que esteja a bordo da aeronave.

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Onça costuma participar de missões de apoio a outros esquadrões, como a Esquadrilha da Fumaça (foto à esq.). O esquadrão empreende missões de transporte logístico, bem como lançamento de cargas e passageiros, principalmente pára-quedistas.

Armamento civil não costuma ser transportado pelo esquadrão, que se limita ao transporte de munições para o Exército, Marinha e Aeronáutica e de instituições integrantes dos sistemas de segurança pública nacionais e estaduais. Estes últimos são atendidos através de missões acionadas sob demanda.

Já o transporte de materiais radioativos é mais burocrático: o órgão que necessita do apoio faz a solicitação ao Comando da Aeronáutica, que avalia o pedido. Depois disso, o setor de operações do esquadrão decide se há ou não condições de realizar a missão.

No esquadrão há 70 militares (homens e mulheres), sendo 40 aeronavegantes e 30 da área administrativa. Mais da metade do Onça está apta a voar.

Aeronaves - As aeronaves canadenses C-115 Búfalo foram as primeiras a ser usadas nas operações do Onça. Em 1980, acabaram sendo substituídas pelo C-95 Bandeirante, também chamado de “Pequeno Notável”, que cumpriu missões pelo esquadrão até o fim de 2009. Antes disso, a partir de setembro de 2008, o Onça recebeu aeronaves C-105 Amazonas.

Atualmente o esquadrão conta com três aeronaves C-105 Amazonas e uma C-98A Grand Caravan, de fabricação americana. Elas permitem ao Onça autonomia para operar em todo o território nacional.

O C-105 Amazonas é de fabricação espanhola, de transporte tático e versátil, dotado de asa alta, motores e aviônica de última geração. A aeronave representou um salto na qualidade operacional da unidade, em face de sua capacidade e conforto que oferece aos tripulantes.

Sua velocidade máxima atinge 474 km/h, tem teto operacional de 27 mil pés, um alcance de 1.455 km com carga máxima (oito toneladas) e de 4.969 km com carga de quatro toneladas. Seu comprimento é de 24,45 metros e a altura compreende 8,66 metros.

Foi projetada para operar em pistas de decolagem curtas nos mais diversos ambientes. Desde seu lançamento, foram comercializadas mais de 80 aeronaves C-105 Amazonas para 11 forças aéreas diferentes: Espanha, Polônia, Jordânia, Argélia, Brasil, México, Colômbia, Chile Finlândia, República Checa e Portugal.

Já o C-98A Grand Caravan é um monomotor turbo hélice de asa delta, utilizado principalmente como utilitário para o transporte de pessoas e pequenas cargas, com capacidade de oito passageiros ou até uma tonelada de carga. Foi desenvolvido pela Cessna Aircraft Company e tem possibilidade de operação com um único tripulante, mas como medida de segurança, a aeronave é operada por dois pilotos e um mecânico.

A aeronave opera com facilidade em pistas de terra ou precárias, se mostrando uma alternativa para o transporte de pequenos volumes, como aeronave de ligação ou pequena quantidade de passageiros. A FAB (Força Aérea Brasileira) possui em operação dez aeronaves Grand Caravan.

Missões - Foi por intermédio do Esquadrão Onça que materiais como casas pré-fabricadas foram transportadas aos municípios de Vera e Sinop, no estado do Mato Grosso, durante suas construções. As cidades foram fundadas, respectivamente, em 27 de julho de 1972 e 14 de setembro de 1974.

O esquadrão participou da construção da rodovia Transamazônica (BR-230), transportando óleo diesel, peças, comida e trabalhadores. Com quatro mil quilômetros de extensão, cortando os estados da Paraíba, Ceará, Piauí, Maranhão, Tocantins, Pará e Amazonas, a Transamazônica foi inaugurada em 30 de agosto de 1972 e é considerada a terceira maior rodovia do Brasil.

Sendo um dos responsáveis diretos da inauguração de diversos campos de pouso na região Centro-Oeste, o Onça também apoiou o trabalho de levantamento cartográfico de Mato Grosso do Sul.

Através do transporte de religiosos, trabalhadores, professores, estudantes, pioneiros e desbravadores que ajudaram no desenvolvimento e na integração da população do interior do país, as aeronaves C-115 Búfalo cumpriram seu papel durante os dez primeiros anos de jornada do Esquadrão Onça. Essas aeronaves voaram mais de 20 mil horas, percorreram cerca de nove milhões de quilômetros e transportaram dez milhões de toneladas e 70 mil passageiros, entre civis e militares.

Quando as aeronaves C-95 Bandeirante entraram em ação, projetaram o esquadrão a ponto de torná-lo o maior campeão das reuniões da aviação de transporte, com oito dos nove títulos conquistados pelo Onça a bordo dos inesquecíveis vetores.

Em 2008, com a chegada das aeronaves C-105 Amazonas, o Esquadrão Onça passou a ser acionado constantemente para cumprir missões humanitárias, como o apoio às vítimas das enchentes ocorridas em Santa Catarina em 2008 e do terremoto do Haiti, em janeiro de 2010.

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Aeronave do Onça chegando ao hangar do esquadrão na Base Aérea de Campo Grande, após missão. Conforme o tenente-coronel Magarão (à dir.), comandante do Onça, algumas das missões mais satisfatórias do esquadrão são em apoio às universidades brasileiras.

As enchentes em Santa Catarina atingiram 60 cidades e mais de 1,5 milhões de pessoas. Cerca de 140 pessoas morreram e 5.617 ficaram desabrigadas. O esquadrão trabalhou no transporte de materiais e militares até o estado.

No caso do terremoto no Haiti, responsável pela morte de mais de 200 mil pessoas e por três milhões de desabrigados, o Onça atuou como aeronave de alerta para a operação continuada das aeronaves C-130 Hércules, que possuem quatro turbo propulsores e que são capazes de aterrissar e decolar em pistas pequenas ou improvisadas.

O esquadrão ainda efetuou o transporte da força tarefa do Paraguai, que trabalhou em parceria com o Brasil no Haiti. O contingente paraguaio foi transportado de Assunção para o Rio de Janeiro e numa outra ocasião, de Assunção para Curitiba (PR).

A unidade recebeu a aeronave Grand Caravan C-98A em novembro de 2009. Ela vem cumprindo missões de transporte leve e de ligação de comando entre as organizações militares da aeronáutica e de apoio aos destacamentos do exército brasileiro e da marinha de guerra, garantindo assim a continuidade do apoio prestado pelo Comando da Aeronáutica às unidades existentes nas áreas de fronteira entre o Brasil, Bolívia e Paraguai.

Neste ano, a tragédia ocorrida no estado do Rio de Janeiro em consequência das chuvas mobilizou o Onça, que fez o transporte de 4,5 mil quilos de alimentos, leites, roupas, colchões e água mineral. Os donativos foram arrecadados em Campo Grande e transportados no dia 18 de janeiro por uma aeronave C-105 Amazonas até a Base Aérea do Galeão.

Em meio a tantas ações, a Missão Cáceres, no entanto, é a única praticada uma vez por mês pelo Esquadrão Onça. Por estar situada numa região de fronteira entre Brasil e Bolívia, a cidade de Cáceres (MT) conta com o apoio do exército através do 2º BFron (Segundo Batalhão de Fronteira), responsável por patrulhar 750 quilômetros fronteiriços.

Para esse trabalho de vigilância e segurança da região fronteiriça foram criados sete destacamentos estratégicos que tem a função de proteger todo o perímetro. Como estão localizadas em regiões rurais, essas unidades ficam muito distantes das áreas urbanas e constantemente são abastecidas e sustentadas pelo exército.

O apoio que o Onça dedica ao 2° BFron é fundamental para o andamento das atividades nos destacamentos. Mensalmente, o esquadrão disponibiliza uma aeronave que fornece material logístico aos militares e seus familiares.

Trabalho diário - A Base Aérea de Campo Grande, segundo informa o tenente-coronel Magarão, é privilegiada por reunir esquadrões de caça, transporte, busca e salvamento. Essas unidades são capazes de empreender qualquer tipo de missão dentro e fora do estado.

No ano passado, por exemplo, o Onça realizou mais de 200 missões, em média uma por dia. A maioria delas, para transporte de pessoal e carga, foram feitas pelas aeronaves C-105 Amazonas. O transporte de armamentos contabilizou 5% da demanda.

Conforme o tenente-coronel Magarão, algumas das missões mais satisfatórias são em apoio às universidades brasileiras que integram o Projeto Rondon, cujo objetivo é promover o contato de estudantes universitários voluntários com o interior do país por meio da realização de atividades assistenciais em comunidades carentes e isoladas.

“Costumamos transportar acadêmicos de faculdades do Rio de Janeiro e São Paulo a áreas remotas para que eles atendam populações ribeirinhas que moram em locais de difícil acesso, como na Amazônia e em locais do Nordeste”, explica o comandante do Onça.

Um sonho de Magarão é que o esquadrão possa empreender ações cívico-sociais em parceria com universidades locais no estado de Mato Grosso do Sul a partir deste ano. “Ainda não tivemos essa oportunidade, mas é algo que gostaria de fazer”, revela.

Lançar, suprir e resgatar são ações que garantem ao Onça a dádiva de ser um esquadrão indispensável no ar.

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Militares do esquadrão participaram de mais de 200 missões ano passado.

Fonte: entreattos.com.br / NOTIMP



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