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Especializado em buscar e salvar, Esquadrão Pelicano é referência







João Humberto.

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O esquadrão mantém uma equipe de prontidão 24 horas por dia na Base Aérea de
Campo Grande (Créditos das fotos: Esquadrão Pelicano/ J. Garcia)

Existe uma lenda medieval de que o pelicano é considerado um animal extremamente zeloso com seu filhote, ao ponto de não podendo alimentá-lo, lhe dar seu próprio sangue para que possa viver. Com a missão de não falhar, o Esquadrão Pelicano da Base Aérea de Campo Grande está em alerta para que outras pessoas possam viver.

Especializado em busca e salvamento, o 2º/10º Grupo de Aviação, mais conhecido como Esquadrão Pelicano, foi criado em 6 de dezembro de 1957 na Base Aérea de Cumbica, em São Paulo (SP). Em 1972 acabou sendo transferido à Base Aérea de Florianópolis (SC), até se instalar definitivamente em Campo Grande no dia 20 de outubro de 1980.

Atualmente o Pelicano dispõe de duas aeronaves SC-105 Amazonas e cinco helicópteros H-1H, com efetivo de 140 militares (homens e mulheres), sendo 35 oficiais aviadores. Para executar suas atividades, o esquadrão mantém uma equipe de prontidão 24 horas por dia.

Única unidade da FAB (Força Aérea Brasileira) 100% dedicada à busca e salvamento, o esquadrão é responsável por buscas e resgates em todo o Brasil, inclusive em alguns países vizinhos, tanto sobre o mar como sobre a terra. O Pelicano responde ao alerta SAR (Search and Rescue), comum aos esquadrões dos diversos países que se dedicam à mesma missão.

Conforme o major aviador Marcelo Tolentino, chefe do setor de operações do Pelicano, as missões nunca falharam. “O esquadrão não trabalha pela quantidade de vidas que são salvas, pois o peso de salvar uma vida é o mesmo do que salvar cem. Não podemos falhar”.

Missões de socorro, remoções de emergência de pacientes em estado grave para centros com melhores recursos médicos e apoios em casos de catástrofes naturais, como enchentes e incêndios, também são feitas pelo Pelicano. Nessas situações as ações são de misericórdia.

Acidentes aéreos - No dia 31 de maio de 2009, um Airbus da companhia francesa Air France, que partiu do Rio de Janeiro (RJ) em direção a Paris, caiu sobre o Oceano Atlântico. O voo AF 447 levava 228 pessoas que morreram.

O Esquadrão Pelicano foi acionado e encaminhou duas aeronaves e 20 militares para participar das buscas. Foram localizados destroços (peças brancas e fiação) e manchas de óleo dispersas numa extensão de cinco quilômetros da área.


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O Pelicano é responsável por buscas e resgates tanto sobre o mar como sobre a terra.

Em 29 de setembro de 2006 um Boeing 737-800 SFP (Short Field Performance) da companhia brasileira Gol Transportes Aéreos, com 154 pessoas a bordo, desapareceu dos radares aéreos, após se chocar com um jato executivo. Os destroços do avião foram encontrados no outro dia em uma área densa de floresta amazônica na Serra do Cachimbo, a 200 quilômetros de Peixoto de Azevedo (MT), e nenhum dos ocupantes sobreviveu.

Nesta ocasião, o esquadrão da Base Aérea de Campo Grande foi até a região e permaneceu mais de 40 dias no local do acidente aéreo, considerado o segundo maior do Brasil. Ultrapassou a tragédia do voo 168 da Vasp, em 1982, quando 137 pessoas morreram depois que a aeronave colidiu contra a Serra da Aratanha, próximo de Pacatuba (CE), mas não o voo 3054 da TAM, em julho de 2007, com 199 pessoas mortas em São Paulo, após o avião bater em um depósito de cargas da própria companhia.

Na manhã do dia 29 de outubro de 2009, um avião C-98 Caravan da FAB realizou um pouso forçado no Igarapé Jacurapá, na margem direita do Rio Ituí, afluente do Rio Javari, no Amazonas. A aeronave realizava uma missão em apoio à Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e havia decolado de Cruzeiro do Sul (AC) rumo a Tabatinga (AM).

Minutos depois, o Salvaero, órgão da FAB que coordena operações de busca e resgate no país, recebeu sinal de emergência emitido pela aeronave que pertencia ao 7° ETA (Esquadrão de Transporte Aéreo), com sede na Base Aérea de Manaus (AM). A tripulação era formada por quatro militares e sete civis.

Designado a se deslocar até a região no dia seguinte, o Pelicano encaminhou uma aeronave, que localizou o C-98. Um helicóptero H-60 Blackhawk e um helicóptero HM-3 Cougar do Exército Brasileiro voaram até o local e resgataram nove sobreviventes.

Vidas salvas - Se não fosse o Esquadrão Pelicano, o garoto Rafael Jaques de Oliveira, hoje com 7 anos, poderia ter morrido quando foi picado por uma cobra jararaca no tornozelo direito, no dia 5 de dezembro de 2008. Morando com os pais na Fazenda Baía Pacau, distante 400 quilômetros de Campo Grande, o transporte até a cidade demoraria dois dias.

Via rádio, a família de Rafael pediu socorro para o menino, que na época tinha 5 anos. Um helicóptero do esquadrão foi encaminhado à fazenda e transportou a vítima ao Hospital Regional Rosa Pedrossian, em Campo Grande.

Como o voo demorou cerca de quatro horas para chegar à Capital, o garoto recebeu os primeiros socorros de um dos médicos que integram a equipe de saúde do Pelicano.

Já Sérgio Roberto Sodré foi resgatado por um helicóptero H-1H do Esquadrão Pelicano no dia 29 de novembro de 2008, após se envolver num acidente com parapente (pára-quedas de forma retangular usado em competições esportivas) na região do Inferninho, em Campo Grande. Ele fazia seu primeiro voo, momento em que uma rajada de vento o jogou a uma encosta coberta de árvores e de difícil acesso.

O acidente aconteceu por volta das 12h, quando o Corpo de Bombeiros foi acionado e demorou quatro horas para levar Sérgio a um local em que o esquadrão pudesse resgatá-lo. Ele foi levado ao Prontomed da Santa Casa.

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Quando um garoto de 5 anos foi picado por uma cobra numa fazenda no Pantanal (à esq.), o esquadrão fez o resgate. Missões como buscas a aeronaves desaparecidas, principalmente na Amazônia (à dir.)comuns ao Pelicano.

Situação parecida foi enfrentada pelo empresário Alexsandro Samura no dia 12 de maio de 2009, quando ele voava de parapente sobre uma fazenda distante 74 quilômetros de Campo Grande, e o pára-quedas caiu numa mata fechada. Um amigo da vítima entrou em contato com o Pelicano, que enviou um helicóptero para o resgate.

Alexsandro apresentava inchaço no ombro, hematomas nas costelas e se queixava de fortes dores, o que impossibilitou sua locomoção. Ele então foi imobilizado e transportado na maca de volta ao helicóptero, que fez o transporte do empresário até a Santa Casa, onde foi submetido a cirurgia, pelo fato de ter quebrado a clavícula.

Catástrofes - Neste ano, a tragédia ocorrida no estado do Rio de Janeiro em consequência das chuvas mobilizou o Pelicano. Um helicóptero H-1H com seis militares decolou no dia 15 de janeiro para prestar socorro.

Os militares trabalharam no transporte de alimentos, donativos, vítimas e também levaram bombeiros e equipes da Defesa Civil até áreas mais distantes e de difícil acesso.

Devido às enchentes ocorridas em Santa Catarina em 2008, quando 60 cidades e mais de 1,5 milhões de pessoas foram afetadas pelas chuvas, o esquadrão também se mobilizou a encaminhar aeronaves e militares até o estado, na tentativa de realizar missões de busca e resgate. Cerca de 140 pessoas morreram e 5.617 ficaram desabrigadas.

Em fevereiro de 2007 a região amazônica de Beni, na Bolívia, foi devastada por enchentes. O governo boliviano entrou em contato com o brasileiro, que fez solicitação ao Pelicano para atuar na missão de misericórdia. O pedido foi obedecido.

Estrutura - Para aguentar o tranco nos diversos tipos de missões, as aeronaves e os helicópteros utilizados pelo Pelicano precisam ser bastante resistentes, de acordo com o major Tolentino.

O SC-105 Amazonas é de fabricação espanhola, transporte médio, dotado de asa alta, motores e aviônica de última geração. A aeronave também é equipada com botes para resgate em alto mar e oferece conforto à tripulação.

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Militares do esquadrão resgatando homem que caiu com parapente em mata fechada próximo a Campo Grande (à esq). Conforme o major aviador Marcelo Tolentino, chefe do setor de operações do Pelicano, o esquadrão tem responsabilidade de desenvolvimento doutrinário (à dir).

Sua velocidade máxima atinge 474 km/h, tem teto operacional de 27 mil pés, um alcance de 1.455 km com carga máxima e de 4.969 km com carga de quatro toneladas. Seu comprimento é de 24,45 metros e a altura compreende 8,66 metros.

O H-1H é considerado o mais importante helicóptero americano de todos os tempos. Foi empregado extensivamente na Guerra do Vietnã, principalmente em missões de infiltração no Laos, Camboja e Vietnã do Norte.

A velocidade máxima é de 209 km/h, com teto operacional de 3.840 metros e alcance de 575 quilômetros. Pesa 2,3 toneladas e pode transportar até 4,3 toneladas de carga.

Código de Honra - Em 53 anos na ativa, o Esquadrão Pelicano participou de mais de três mil operações reais, voando mais de 25 mil horas e resgatando mais de seis mil pessoas.

“O Pelicano tem responsabilidade de desenvolvimento doutrinário e possui missão doutrinária. É uma unidade que tem pluralidade muito grande de disciplina”, destaca o major aviador Marcelo Tolentino.

Não é a toa que o dever de cada militar do esquadrão é socorrer feridos e salvar vidas. Esse objetivo deve ser colocado acima de qualquer interesse pessoal ou bem estar.

Para que outros possam viver, o Pelicano nunca desiste.

Fonte: entreattos.com.br / NOTIMP



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