Líbia: Deserção na missão na ONU
GENEBRA – Muamar Kadafi já não é mais representado na prática dentro da Organização das Nações Unidas (ONU). Ontem, a missão da Líbia junto às Nações Unidas em Genebra anunciou sua deserção em massa. A iniciativa dos diplomatas ocorre depois que uma série de militares, procuradores, diplomatas e até representantes da Líbia na ONU em Nova Iorque já haviam tomado o mesmo caminho, primeiro, o vice-embaixador Ibrahim Debbashi, na segunda, ontem, foi a vez do titular, Mohammed Shalgham.
“Por favor, Nações Unidas, salvem a Líbia. Impeçam o derramamento de sangue, sem mais mortes de inocentes. Queremos uma resolução decisiva, rápida e corajosa”, disse Shalgham ao Conselho de Segurança. Sentado atrás dele, em lágrimas, estava Debbashi, que o abraço, ambos chorando
Em Genebra, os diplomatas optaram não por suspender suas atividades ou pedir demissão. “Nós, da missão líbia, decidimos categoricamente representar o povo líbio em sua totalidade na ONU”, explicou o diplomata líbio em Genebra, Adel Shaltud. “Vamos servir de representantes da população nesta instância augusta”, afirmou aos membros do Conselho de Direitos Humanos.
A decisão dos diplomatas foi acolhida com muitos aplausos e emoção na sala da ONU em que justamente se discutia condenações contra Kadafi e a suspensão da Líbia. A pedido dos desertores, todos os diplomatas dos países da ONU fizeram um minuto de silêncio pelas vítimas.
Também ontem, diplomatas líbios na Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) anunciaram a decisão de não mais representar Kadafi. Diplomatas lotados nas embaixadas do país árabe em Londres, Paris e diversas outras capitais também anunciaram suas demissões.
PRIMO
Quem também renunciou, na quinta-feira, foi um dos homens mais próximos de Kadafi, seu primo e assessor Kadafi al-Dam.
O primo do ditador, que abandonou o país na semana passada, era responsável pelas relações Egito-Líbia, entre outras funções, e possui uma residência no Cairo.
Fonte: JORNAL DO COMMERCIO / NOTIMP
