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Caos aéreo: Um ministério resolve isso?






Em mais uma semana de caos nos aeroportos, a presidente eleita Dilma Rousseff promete criar uma secretaria especial para evitar cenas desse tipo na Copa de 2014 e nos Jogos de 2016.

Um bom começo seria a profissionalização da Infraero.

Guilherme Queiroz e Eliane Sobral.

Na segunda-feira 29, o presidente da Vivo, Roberto Lima, chegou ao aeroporto de Congonhas às 7h30. Depois de deixar São Paulo com atraso e de esperar duas horas pela conexão em Brasília, chegou a São Luís, seu destino, às 15 horas.


O compromisso era somente no dia seguinte, mas não havia voos mais convenientes. O resultado: ele perdeu três dias em trânsito para um dia de trabalho na capital maranhense. “Não é apenas um problema de malha área ruim. O pior é que não temos alternativas terrestres”, reclama.

O caso do presidente da Vivo não é o único. Assim como ele, muitos profissionais são obrigados a perder um tempo valioso voando por cidades fora da rota original porque as conexões são ruins. Um estudo da Embraer mostra que os brasileiros viajam 27% mais do que precisariam por conta de conexões desnecessárias.

Na semana passada, uma confusão com passageiros da TAM piorou ainda mais a situação de quem precisou se deslocar por avião. Só no domingo 28, a TAM cancelou nada menos que 99 voos. A companhia foi proibida pela Anac de retomar as vendas de passagens até que a situação se regularizasse. Depois foi a vez da Gol cancelar outros 40 voos.

“Isso me preocupa sim porque tenho conversado com executivos das companhias e estão todos trabalhando no limite da capacidade”, comentou Guilherme Paulus, presidente da GJP Participações, grupo controlador da WebJet e da maior operadora de turismo do País, a CVC.

Os atrasos e cancelamentos nos voos das principais companhias aéreas na semana passada levantaram o temor de que os incidentes tenham sido apenas uma prévia do que pode acontecer nas festas de fim de ano, quando se prevê um aumento de 20% na demanda por voos nacionais e internacionais.

Na TAM, a maior companhia aérea nacional, com 44,6% do mercado, o plano de contingência, com equipes reforçadas, foi antecipado do dia 17 de dezembro para o dia 1º. Segundo o vice-presidente de operações da companhia, Ruy Amparo, a empresa terá cinco aviões de sobreaviso para voos domésticos e outros três para viagens internacionais. “Não haverá transtornos”, diz.

Com um crescimento no volume de passageiros de 21,6% nos últimos 12 meses – muito acima dos 8,5% projetados para o período –, a situação dos aeroportos não está perto de um colapso. Ela já passou deste estágio.

O apagão generalizado que foi evitado na semana passada continua ameaçando os passageiros que se preparam para viajar nas próximas semanas. Nos próximos anos, o crescimento da economia e a necessidade de preparar a infraestrutura de transportes para a Copa do Mundo em 2014 fizeram a presidente eleita Dilma Rousseff pensar em alternativas.

Ela já decidiu tirar a aviação civil do Ministério da Defesa – com a concordância do ministro Nelson Jobim, que fica no cargo – e criar uma Secretaria Nacional de Aviação Civil, órgão com status de ministério que centralizaria a coordenação do setor. Sob seu guarda-chuva, ficariam a Agência Nacional de Aviação Civil, órgão regulador, e a Infraero, estatal que administra os 67 aeroportos públicos brasileiros.

Dilma também é favorável à abertura de capital da Infraero. Outra alternativa é a simples concessão de aeroportos à iniciativa privada, o que já tem um precedente no aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN), cujo terminal de passageiros será construído por uma empresa privada, que terá o direito de explorar o espaço comercial e arrecadar as taxas aeroportuárias.

“Os aeroportos precisam ser geridos do ponto de vista empresarial. Hoje se fatura muito mais no terminal do que com tarifas aeroportuárias”, pondera Juan Quirós, presidente do Grupo Advento, especializado em grandes construções.

Mas será que um ministério será capaz de dar a agilidade que o setor precisa? Se o escolhido for um gestor competente, capaz de destravar os nós que hoje impedem a ampliação e modernização dos aeroportos brasileiros, é possível.

As 12 cidades-sede da Copa do Mundo já têm R$ 6,4 bilhões garantidos no orçamento. Um volume considerável. Mas um estudo da consultoria LCA avalia que o setor aéreo precisa investir R$ 18 bilhões até 2022, para a expansão da capacidade de aeroportos tanto nos terminais de passageiros quanto nos de carga. Na avaliação do economista Fernando Camargo, da LCA, o problema não é o montante, mas a falta de planejamento de médio e longo prazo.

Com visibilidade certa e orçamento bilionário, o novo ministério já virou alvo da cobiça dos partidos aliados interessados na divisão dos principais cargos. Insatisfeito com o espaço conquistado até agora, o PMDB pleiteia a vaga.

Estão no páreo o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que deixa o cargo no fim do mês; e o ex-presidente do Senado, Garibaldi Alves. Para especialistas no setor, contudo, politizar a gestão dos aeroportos significaria dar um tiro no pé. “A Infraero tem problemas de gestão graves e precisa de uma administração profissional”, diz o consultor Mozart Mascarenhas Alemão.

Colocar o setor sob a gestão direta de Dilma parece agradar aos estudiosos do assunto. “A aviação civil precisa de uma coordenação forte”, avalia a economista Lúcia Salgado, coordenadora de estudos de regulação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Fonte: REVISTA ISTO É DINHEIRO, via NOTIMP



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