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Apagão aéreo, de novo?






O risco de que se repita o caos nos aeroportos neste final de ano levou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a adotar medidas preventivas, a fim de evitar os tumultos, atrasos e cancelamentos que infelizmente têm marcado as viagens dos brasileiros em dezembro. A proibição do overbooking (a venda de passagens acima da capacidade de assentos das aeronaves) é uma delas. Outra é a obrigatoriedade do endosso, pelas companhias, das passagens emitidas por outras empresas que tenham seus voos cancelados.

As medidas foram tomadas em acordo com as principais companhias Aéreas do País, levando em conta que a ocupação no último mês do ano deve beirar os 95%, quando se espera uma movimentação de 14 milhões de embarques e desembarques, 12% a mais do que no ano passado. Aviões de reserva estarão prontos para eventualidades, e centenas de funcionários extras estão sendo contratados pelas companhias devido ao aumento do fluxo.

A Anac deixará de atender exclusivamente por telefone e internet, e colocará 120 fiscais trabalhando nos 11 maiores aeroportos, para garantir o cumprimento do que foi acordado. O problema é que a prática histórica nesta época é a comercialização de até 15% de bilhetes acima da capacidade de lugares. É contra esse verdadeiro desrespeito aos clientes que a Anac quer se prevenir.

Será o primeiro final de ano após as normas baixadas pela agência em agosto, visando a proteção dos direitos dos passageiros diante dos abusos das companhias Aéreas. As normas preveem reacomodação em outro voo, reembolso, facilidades de comunicação, alimentação e acomodação proporcional ao tempo de espera. O papel da agência reguladora será mais uma vez posto à prova, diante das queixas que se avolumam em um ambiente de nítida incapacidade de atendimento à demanda.

Com a economia crescendo e a população ampliando o seu poder aquisitivo – e a “inclusão Aérea” da classe C – as companhias deveriam estar em céu de brigadeiro. Entre janeiro e outubro, foi registrada quantidade 25% maior de passageiros no País, em comparação com o mesmo período de 2009. No entanto, os gargalos de infraestrutura atingem o setor, considerado um dos principais beneficiados obrigatórios pelos investimentos que precisam ser realizado para os eventos esportivos no Brasil em 2014 (Copa do Mundo) e em 2016 (Olimpíadas no Rio de Janeiro).

Mas o governo continua fazendo menos do que poderia, enquanto o tempo passa e as obras não são feitas. Em 2010, até agora, apenas 22% dos gastos previstos no orçamento da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) foram efetuados. A falta de investimento pode ser sentida em Pernambuco, onde o Aeroporto Internacional do Recife dispõe de apenas três aparelhos de raio-x, o que gera filas nos dias de intenso movimento. Ou em Brasília, onde um terminal provisório será construído às pressas para abrigar quatro adicionais portões de embarque.

O clima de turbulência ainda piora com as ameaças de greve dos funcionários de companhias. Ameaças que também estão se tornando costumeiras às vésperas de meses de férias. O fantasma da crise dos controladores de voo, em 2006, que se seguiu ao desastre com um avião da Gol, também é despertado, quando se confrontam as deficiências estruturais à possibilidade de transtornos nos aeroportos lotados de gente que deseja chegar rapidamente ao seu destino.

Segundo o presidente do Sindicato dos Controladores de Voo, Jorge Botelho, há risco concreto de congestionamento no instante em que se soma infraestrutura precária aos voos extras da alta temporada. Apenas uma operadora de viagens terá mais de 2.600 voos fretados nestas férias.

O governo federal e os integrantes do setor aeroviário acertam ao buscar soluções antecipadas para impedir a ocorrência de um novo apagão, com a dimensão do que houve em 2007. De lá para cá, a gestão dos nossos aeroportos pouco avançou. São necessários investimentos maciços e planejamento de médio e longo prazos, cumprido à risca, e não só arremedos paliativos, para afastar de vez essa nuvem negra da frente do desenvolvimento nacional.

Fonte: JORNAL DO COMMERCIO, via NOTIMP




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