País perde até R$ 3 bi com ineficiência de aeroportos

Estudo aponta falta de coordenação entre INFRAERO, Polícia Federal e Anvisa
Brasil é dos poucos países em que a aviação civil está sob Defesa e não Transportes
McKinsey fala de "custo evitável"
A ineficiência no sistema aeroportuário brasileiro custa de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões por ano, segundo estudo da consultoria McKinsey encomendado pelo BNDES.
A consultoria cita como exemplo de "custos evitáveis e barreiras estruturais", problemas relativos à capacidade e o uso dos pátios, além de questões tributárias e trabalhistas, entre outros.
"Investimentos em pátio, com aperfeiçoamento no controle de tráfego aéreo, poderiam diminuir o tempo de viagem, permitindo rotas mais diretas, progressão de subida e descida mais eficiente e menores circuitos de espera antes do pouso", diz o estudo.
Tempo menor de voo reduz o consumo de combustível, com ganhos econômicos e ambientais. O estudo defende a flexibilização do horário de trabalho dos aeroviários e também o fim da diferenciação na cobrança de ICMS sobre combustíveis entre os Estados (em SP é 25%, no Rio, 4%). Isso evitaria o carregamento de combustível além do necessário.
Os problemas de gestão no sistema de aviação civil não estão só na INFRAERO, estatal que administra os principais aeroportos do país, e também devem-se à falta de coordenação entre INFRAERO, Anac, Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) e Ministério da Defesa.
O Brasil é praticamente o único país em que o órgão regulador da aviação civil está ligado à Defesa. Nos demais países, o órgão regulador é ligado ao Ministério dos Transportes. Falta ainda coordenação entre INFRAERO e as autoridades atuantes nos aeroportos (Polícia Federal, Receita Federal e Anvisa).
Segundo o estudo, se os custos da ineficiência fossem evitados, desde que mantido o nível adequado de competição no setor, o preço das passagens poderia ser reduzido em algo como 10%.
A Folha entrou em contado com o Ministério da Defesa para questionar sobre as recomendações do estudo, mas não obteve resposta.
Para dar conta do crescimento projetado pela consultoria até 2030, o Brasil precisará construir "nove Guarulhos". Isso equivale a um aumento de 2,4 vezes a atual capacidade de passageiros ano, de 130 milhões para 310 milhões.
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO, via NOTIMP
