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Anac ignorou denúncias, diz sindicato








Pilotos e comissários da Gol expuseram em centenas de queixas o excesso de horas trabalhadas, dizem aeronautas

Agência diz que apurou reclamações e não constatou sobrecarga; ontem, nº de voos cancelados diminuiu

Mariana Barbosa e Janaina Lage

O sindicato dos pilotos e comissários acusa a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) de ter ignorado centenas de queixas sobre condições de trabalho nas principais companhias aéreas nacionais, especialmente contra a Gol.

O limite na carga horária que os aeronautas podem cumprir, um dos principais tópicos de reclamação, motivou a série de cancelamentos e atrasos em voos da empresa, afetando milhares de pessoas desde o fim de semana. Não há previsão para a situação se normalizar.

Segundo o sindicato, mais de 90% das 346 denúncias feitas no mês de julho se referem à Gol. Trata-se de um volume de queixas fora do comum. Em geral, o sindicato encaminha à agência menos de cem a cada mês.

A ANAC afirma que as denúncias não foram ignoradas. Mas só ontem, depois do caos nos aeroportos, é que a agência obteve da Gol o compromisso de enviar relatórios semanais das horas voadas em coordenação com a malha aérea.

Inspetores da agência acompanharão a elaboração do planejamento da escala.

A ANAC diz que havia aberto uma investigação para apurar as denúncias, na qual concluiu que os pilotos e comissários da companhia não trabalhavam mais do que o limite de 85 horas mensais previsto pela regulamentação das profissões.

A Gol diz o mesmo: que teve de cancelar voos justamente porque o número de horas trabalhadas pela tripulação estava chegando ao limite, que foi respeitado.

Já o diretor de segurança de voo do SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas), Carlos Camacho, diz que a sobrecarga de trabalho é tão grave que é comum "pilotos pedirem para que comissários entrem na cabine de tempos em tempos para conferir se eles estão acordados".

Apesar de a Gol ter cancelado voos para regularizar a escala de trabalho, funcionários da empresa continuam planejando greve, com reivindicações diversas, inclusive salariais.

SEM PREVISÃO

Depois da segunda-feira conturbada, que teve 408 voos atrasados (52% do total) e 99 cancelados (12,6%), a operação da Gol melhorou um pouco ontem.

Até as 22h, dos 776 voos domésticos programados, 36,9% (286) estavam atrasados e 7,2% (56) haviam sido cancelados.

A companhia não ainda informa quando a situação será normalizada.

Colaborou Leticia de Castro

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Agência diz que não detectou sobrecarga

ANAC afirma que, após inspeções, não viu irregularidades na jornada de trabalho dos profissionais da Gol

Companhia promete apresentar relatórios semanais sobre o número de horas voadas por seus tripulantes

A ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) confirmou que recebeu as denúncias feitas pelo sindicato dos aeronautas, mas que, após inspeções de rotina, não encontrou nenhum profissional trabalhando além das horas permitidas.

Com os cancelamentos dos últimos dias, a ANAC disse ontem que intensificou a fiscalização na Gol, com o envio de inspetores para acompanhar o planejamento da escala da tripulação.

A agência também disse que vai apurar denúncia de que a Gol estaria escalando tripulantes para fazer voos de madrugada por dias seguidos, contrariando a lei que rege o setor.

É atribuição da ANAC verificar o cumprimento da regulamentação trabalhista quando está em jogo a segurança de voo.

Depois do caos aéreo da TAM em dezembro de 2006, a agência passou a coordenar operações preventivas de fim de ano. Nelas, as companhias têm de disponibilizar aviões e tripulação de reserva. Nenhuma ação foi prevista para as férias de julho.

Em nota, o Ministério da Defesa afirmou que a ANAC tem cobrado apoio imediato aos passageiros.

AVIÕES

A Gol não soube dizer quando a situação dos voos será normalizada.

Em reunião ontem na ANAC, a empresa informou que uma das soluções encontradas foi colocar em operação cinco Boeings-767 nas rotas internacionais, hoje operadas com 737, o mesmo dos voos domésticos.

Com isso, ela aproveita a tripulação de 737 dos voos internacionais para reforçar os voos domésticos.

A companhia também se comprometeu a apresentar relatórios semanais sobre a quantidade de horas voadas pelos tripulantes.

Outro compromisso assumido foi voltar a utilizar o sistema antigo de planejamento de escala da tripulação.

O sistema novo, adotado a partir do mês de julho, gerou uma série de problemas de planejamento da escala, contribuindo para o descontentamento das tripulações.

Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO, via NOTIMP




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