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Brasília: Aeroporto ganhará hotel








A Infraero abre licitação para construção de uma unidade econômica de hospedagem com capacidade para 150 leitos próxima ao terminal aéreo de Brasília. Poderão participar da disputa empresas nacionais e estrangeiras

Mariana Branco

Isolado em meio a transportadoras de carga, locadoras e concessionárias de veículos, o Aeroporto Juscelino Kubitschek passará a oferecer hospedagem para passageiros em trânsito por Brasília. A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) lançou quarta-feira o edital de licitação para construção de um hotel na categoria econômica a pouco mais de meio quilômetro do terminal aéreo. A estrutura ficará nos limites da área gerida pela Infraero. O investimento está estimado em R$ 13,5 milhões por parte da empresa vencedora da concorrência, no modelo maior preço. Empresas tanto brasileiras quanto estrangeiras poderão apresentar propostas. Elas têm até 15 de setembro para entregá-las e, uma vez escolhida a ganhadora, o prazo é de 18 meses para o hotel ficar pronto. A estimativa inicial da Infraero é de que serão oferecidos 150 leitos.

Abrindo caminho para a construção de um hotel bastante próximo ao Aeroporto JK, com foco no pernoite de passageiros, a Infraero aproxima a estrutura do terminal de Brasília daquela oferecida em outros dois grandes aeroportos internacionais do país, Guarulhos, em São Paulo, e Galeão, no Rio de Janeiro.

De acordo com o diretor comercial da Infraero, Geraldo Moreira, a enorme quantidade de conexões feitas no aeroporto local, entroncamento entre as regiões Norte e Nordeste e o Sul do país, e o índice significativo de viajantes que vêm à capital a negócios ou para fazer contatos políticos, fazem com que ele tenha crescente importância.

O outro objetivo da estatal é dar mais um passo a fim de adequar o terminal aéreo ao alto número de visitantes previstos para a Copa de 2014. A primeira ação foi o agendamento das obras de ampliação(1) do JK, que começam em setembro deste ano.

Espaço

O terreno do hotel fica a 560 metros do Aeroporto JK, no sentido oeste, próximo à concessionária Honda. A área tem cerca de 3,3 mil metros quadrados. Além do edifício com apartamentos, a empresa vencedora da licitação terá espaço para explorar atividades complementares, tais como lojas de conveniência, bancas de revista, agências de viagem e de câmbio, bares e restaurantes. Oferecer esses serviços, no entanto, ficará a critério da administradora, bem como outras comodidades, tais como traslado de ida e volta ao terminal e internet sem fio gratuitos e ainda lavanderia 24 horas.

Os extras são opcionais porque, segundo o edital, o empreendimento deve atender às normas para hotéis econômicos previstas na Resolução Normativa nº 429/2002, do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), que exige somente requisitos básicos de conforto, segurança e higiene para a categoria. A mesma resolução determina que os preços cobrados por hotéis simples e econômicos devem ser tratados com o Instituto Brasileiro de Hospedagem (IBH), responsável também por inspecioná-los.

A reportagem questionou a Infraero sobre o possível valor das diárias do hotel próximo ao Aeroporto JK. Por meio de sua assessoria de imprensa, a estatal respondeu que a empresa contratada terá poder para decidir a respeito, e admitiu que o custo poderá ser pautado pelos preços do mercado de Brasília, um pouco acima da média nacional. Os hotéis mais baratos do Setor Hoteleiro Sul e Norte, que seguem a proposta de hospedagem econômica, cobram diárias entre R$ 180 e R$ 190. Em São Paulo, é possível achar tarifas de R$ 79 para essa categoria de hospedagem.

O médico carioca Paulo Dias, 60 anos, já utilizou hotéis de trânsito em viagens ao exterior. Ligado à Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), ele vem à capital federal constantemente para estadias curtas. Paulo se diz satisfeito com o serviço de hotelaria em Brasília, mas reconhece que seria confortável ter hospedagem próxima ao aeroporto para uma emergência, como atraso e cancelamento de voos. “Pessoalmente, nunca tive problemas aqui, mas sei de colegas que passaram por situações difíceis”, comenta.

1 - Mais capacidade
As obras de reforma e ampliação do Aeroporto JK objetivam preparar o terminal para uma demanda anual de 19,9 milhões de passageiros prevista para 2014, quando Brasília será uma das cidades-sede da Copa do Mundo. Atualmente, o local comporta 10 milhões de pessoas. Também visam suprir a deficiência de espaço e estrutura do terminal aéreo constatada por especialistas. Os trabalhos serão divididos em duas etapas e, até 2015, cerca de R$ 1,3 bilhão será gasto. Os recursos virão do governo federal, no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e da própria Infraero. Quando a reforma estiver definitivamente concluída, o JK terá capacidade para receber 26 milhões de usuários ao ano.

O número
R$ 13,5 milhões
Valor estimado do investimento na construção da unidade de hospedagem, de acordo com o modelo de maior preço


Medo da ociosidade

Representantes do segmento hoteleiro do DF são cuidadosos ao falar não somente do futuro hotel no Aeroporto JK , mas da corrida para a oferta de mais leitos na cidade, visando a Copa de 2014. Eles temem que, findo o evento, a taxa de ocupação da capital, que já é baixa, caia ainda mais em razão do aumento do número de quartos. Brasília tem 22 mil leitos e pelo menos mais 10 mil seriam necessários para acomodar os visitantes no próximo mundial. Empreendimentos em construção devem fornecer mais 6 mil leitos à capital federal quando concluídos.

“Achamos que a ocupação, que atualmente é de 60%, vai ficar entre 25% e 30% passada a euforia da Copa. Será inevitável, a não ser que o governo tenha vontade política para investir no turismo cívico e de eventos, o que não está acontecendo”, afirma Tomaz Ikeda, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no DF (Abih-DF). O Sindicato de Restaurantes, Hotéis, Bares e Similares (Sindhobar) tem temores semelhantes. A entidade aguarda o retorno de seu presidente, Clayton Machado, da África do Sul para se pronunciar sobre a maior oferta de apartamentos. De acordo com a assessoria de comunicação do sindicato, Machado foi observar a funcionalidade dos hotéis construídos especificamente para o Mundial deste ano naquele país.


Povo fala

Você é favorável à construção de um hotel próximo ao aeroporto?

Humberto Cândido Soares, 43 anos, engenheiro civil, morador de Brasília
“Um hotel perto do aeroporto vai ser bom porque tem muita gente que chega à noite. Acho que o setor não deve ser preocupar com a demanda depois que terminar a Copa de 2014, porque a cidade não fica vazia. É um lugar de muitos negócios.”

Henrique Hendrikx, 31 anos, supervisor operacional , morador de Brasília
“Brasília já está bem atrasada. Por ser a capital do país, já deveria ter um hotel assim há mais tempo. Viajo bastante a trabalho. São Paulo e Rio de Janeiro têm uma boa estrutura nesse sentido. Já Belo Horizonte deixa a desejar. Penso que a capital tem potencial. Eu mesmo, se tivesse dinheiro, investia em um centro de eventos ou em um hotel.”

Vanessa Araújo, 40 anos, professora universitária, moradora de Brasília
“É uma excelente ideia. Acho que vai ter uma boa procura. Vivo aqui há três anos e noto que a cidade tem uma estrutura deficiente em receber o visitante. O transporte é deficiente e muito caro.”

Cássia Machado, 37 anos, jornalista, moradora do Rio de Janeiro
“Ajudaria bastante. Venho sempre a Brasília a trabalho e já cansei de ter voo cancelado, ter de chamar táxi e retornar para o hotel, na zona central. Aliás, tive esse problema 15 dias atrás. O Aeroporto JK é próximo à cidade em comparação com outros terminais, como o Galeão, no Rio de Janeiro, mas o transporte é muito caro.”

Fonte: CORREIO BRAZILIENSE, via NOTIMP

Foto: Agencia Brasil




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