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Novo cenário já reanima a Embraer








Embraer já sente lenta recuperação das vendas

Virgínia Silveira
para o Valor, de São Paulo

O cenário dos negócios começa a melhorar para a Embraer, mas ainda não é de céu de brigadeiro. Em todo o ano passado, a empresa vendeu apenas 22 jatos comerciais, sua média de vendas em um único mês em tempos de vacas gordas. As previsões de melhora neste ano confirmaram-se na semana passada, com o fechamento da venda de 17 aeronaves para a Austral Líneas Aéreas. Os números das compras ou de confirmação de encomendas não são expressivos, mas mostram uma diversificação, diz o vice-presidente da empresa, Luiz Carlos Aguiar. A América do Norte, que em 2009 respondia por 43% das vendas, caiu para 23%; o Brasil subiu de 4% para 11% e a Europa, de 18% para 32%. Não há planos para demissões nem contratações.

A Embraer já começou a sentir um movimento crescente, embora ainda tímido, de venda de aeronaves no mundo, o que sinaliza uma recuperação gradual do mercado, depois de quase dois anos de retração. "Percebemos um maior interesse de algumas companhias aéreas em comprar novos aviões ou de exercer opções de compra. Os números não são expressivos, mas importantes, porque representa a oportunidade de a empresa diversificar a sua atuação em novos mercados", diz o vice presidente executivo Financeiro e de Relações com Investidores da Embraer, Luiz Carlos Aguiar.

Para não perder de vista as novas oportunidades de negócios, que começam a surgir em regiões como a Ásia, América do Sul e em alguns países da Europa, a empresa decidiu focar a estratégia de gestão em 2010 em vendas. "Este ano mudamos o foco da nossa estratégia, que em 2009 estava fortemente concentrada na proteção financeira do caixa, sem perder o olhar para o futuro e o foco no desenvolvimento de produtos e de tecnologia".

A mudança de estratégia, segundo o executivo, aconteceu porque em 2009 o fim da crise era uma realidade mais distante. "As ações da empresa hoje não podem ser as mesmas do ano passado, a partir do momento que você tem um cenário diferente, com uma retomada um pouco mais firme das encomendas de aeronaves". Segundo Aguiar, o simples fato de existir uma demanda novamente, mesmo que ela não esteja nos mesmos níveis de 2007 e 2008, já deu um ânimo grande à força de vendas da empresa.

Aguiar diz que, apesar de ainda existir escassez de crédito no mercado para financiamento de aviões, a situação hoje nessa área também está melhor que em 2009. "Temos conseguido controlar bem esse problema e todas as nossas entregas em 2009 foram financiadas. O BNDES, que até o ano passado apoiou 35% das operações de exportação, este ano terá participação ainda maior nos negócios da companhia."

"O apoio do BNDES deve aumentar para 65% e 35% virá do mercado privado. Para 2011 esperamos uma melhora e já estamos sendo procurados por instituições financeiras privadas, com interesse em nossos aviões novamente", explicou. Outro indicador positivo para a empresa este ano, segundo o executivo, é que não houve mais nenhum registro de adiamento de entregas de aeronaves ou cancelamento de encomendas.

Em 2009, a empresa vendeu 22 jatos comerciais, sua média de vendas em um mês em tempos de vacas gordas, mas para 2010 a expectativa é de que esse número seja superado. A confirmação da previsão veio na semana passada com o fechamento do contrato de venda de 17 aeronaves do modelo 190 para a Austral Líneas Aéreas, da Argentina. "Com isso o nosso backlog [pedidos em carteira} voltou aos patamares anteriores, de US$ 16,5 bilhões, o que nos deixou estáveis nesse primeiro trimestre."

A empresa também observa uma mudança significativa das suas vendas por região. A América do Norte, que em 2009 respondia por 43% das suas vendas, caiu para 23% e o Brasil subiu de 4% para 11%. Na Europa também houve um crescimento importante de 18% para 32%.

Em termos de entregas, a aviação executiva cresceu de 3% para 14% do total. A receita com a venda de aeronaves executivas também registrou incremento, passando de 4% em 2008 para 6% em 2009. "Em seis anos construímos um negócio de US$ 1 bilhão. Começamos com um avião em 2004 e chegaremos em 2013 com sete", disse Aguiar.

Os níveis de produção programados para 2010 serão praticamente os mesmos de 2009 e não existe previsão de redução drástica dos pedidos aos fornecedores. A Embraer já conseguiu reduzir em US$ 500 milhões os estoques, que atingiram nível considerado satisfatório, na casa dos US$ 2,2 bilhões.

Aguiar garante ainda que o número atual de funcionários, em torno de 16,8 mil, será mantido e que a empresa não tem um plano de novas demissões em massa. "Embora as nossas expectativas de vendas sejam mais otimistas para 2010, isso não implicará em contratações. Na Embraer o que a gente vende hoje só começa a produzir e a entregar no ano seguinte".

Os investimentos da empresa em novos produtos, segundo Aguiar, ainda não incluem aviões de maior porte, acima de 120 lugares. A Embraer, de acordo com o executivo, está ouvindo seus clientes para saber que tipo de avião eles querem. "Vamos desenvolver algo que venha agregar valor ao que a gente já está fazendo. Não temos a intenção de copiar e nem de imitar ninguém", afirmou.

Fonte: VALOR ECONÔMICO, via NOTIMP



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