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Chegou a vez dos Vants na Defesa





O ministro da Defesa Nelson Jobim, em entrevista a revista ÉPOCA (622), declara que os interesses do Brasil em Israel, na área da defesa, estão relacionados aos Veículos Aéreos Não Tripulados, os Vants. O ministro afirma também que está examinando a possibilidade de produzir Vants no Brasil com uma empresa nacional associada a uma israelense. O Estado de Israel por motivos óbvios acumulou grande conhecimento nesta área da indústria aeronáutica e desenvolveu uma sofisticada tecnologia para fabricar aviões não tripulados.

Os Vants tal qual hoje os conhecemos passaram da ficção científica à realidade em pouco mais de três décadas. São produtos decorrentes principalmente do feliz casamento das tecnologias aeronáuticas com as modernas tecnologias da informação e comunicação, e são voltados para atender especialmente as necessidades prementes das áreas da defesa e segurança pública.

Ingênuos aeromodelos controlados remotamente evoluíram com a inovação tecnológica para alvos aeronáuticos teleguiados usados em treinamento - os dromes - que mais adiante permitiram, em nova etapa de evolução, o surgimento de sofisticados aviões robôs, hoje empregados em operações de vigilância, reconhecimento, inteligência, sensoriamento remoto, e até mesmo ataque.

Teóricos da Estratégia Aérea já esboçam um cenário futuro, não muito distante, onde uma Força Aérea faz operações ofensivas empregando exclusivamente aviões não tripulados, dirigidos remotamente por experientes pilotos, instalados em local seguro e muito distante do teatro de operações. Cenários semelhantes e com riqueza de detalhes já foram convertidos em roteiros de sucesso de Hollywood.

Atualmente, existem Vants para todos os gostos, empregos e bolsos: desenvolvidos em projetos experimentais ou em linha comercial; com maneiras distintas para decolagem; diversos períodos de autonomia de vôo; projetados por empresas privadas ou por consórcios do complexo industrial-militar, com tamanhos variando das dimensões de um inseto até um Boeing 737; disponíveis a preços variados e entregues depois de uma compra na Internet, ou até mesmo após um longo e burocrático processo de negociação seguido de um acordo militar. Podem ser tema de pesquisa do mais comum dos cidadãos ou de reservados centros de pesquisa e de tecnologia voltados para a Defesa.

A "Estratégia Nacional de Defesa" (EsNaDe, 2008) contempla o uso de Vants no Brasil pelas Forças Armadas em missões de monitoramento e controle, vigilância e combate. Para a Marinha, estabelece como objetivo "o monitoramento da superfície do mar" [aéreo e espacial] (§6); para o Exército, prevê "o monitoramento / controle, como componente do imperativo de flexibilidade", com o uso de "meios aéreos e terrestres" (§5); e para a Aeronáutica, "o avanço nos programas de veículos aéreos não tripulados, primeiro de vigilância e depois de combate" (§5). Neste contexto os Vants aparecem como instrumentos para a perfeita efetivação do trinômio "monitoramento/controle, mobilidade e presença", a terceira das diretrizes que pautam a EsNaDe.

Em um dos seus eixos estruturantes a EsNaDe sinaliza "à reorganização da indústria nacional de material de defesa, para assegurar que o atendimento das necessidades de equipamento das Forças Armadas apóie-se em tecnologias nacionais". Esta premissa implica na diretriz de número 22 que enseja "capacitar a indústria nacional de material de defesa para que conquiste autonomia em tecnologias indispensáveis à defesa". Por esta orientação doutrinária a associação de empresas nacionais com israelenses na produção de Vants, para usos nas missões das Forças Armadas, estaria plenamente recepcionada no espírito e na letra da EsNaDe.

Em janeiro de 2010 o ministro Jobim visitou por cinco dias o Estado de Israel para discutir dentre outros assuntos uma possível aquisição pelo governo brasileiro de aviões não tripulados fabricados em Israel. Durante a visita foi conhecer, por exemplo, a IAI (’Israel Aerospace Industries’), empresa parceira da Boeing na produção de peças dos caça F-15 utilizados por Israel; e citou que a Elbit, empresa israelense instalada em Porto Alegre e atuando no setor aeronáutico, é uma possível candidata para a realização de projetos e acordos conjuntos com a Defesa na área de Vants.

Durante a visita a Israel o ministro Jobim afirmou: "O interesse pelos Vants está vinculado à nossa estratégia. Eles são a melhor forma de monitorar a Amazônia, já que é impossível ter acesso a toda extensão da fronteira, de 12 mil quilômetros. A zona do pré-sal também é outra área crítica, naquela faixa entre Florianópolis e o Espírito Santo, com 300 milhas náuticas de profundidade".

Em passado recente, o Brasil já comprou Vants de Israel para uso na Polícia Federal. As negociações atuais referem-se a "aeronaves mais sofisticadas e com preço mais elevado, para fins militares e não policiais".

A EsNaDe criou perspectivas para a defesa nacional, sua estratégia e indústria. A partir dela foram concebidos programas para o reaparelhamento das Forças Armadas com cronogramas previstos e orçamentos estimados, ambos de ampla divulgação para o conhecimento do público.

Em números arredondados serão inicialmente destinados para a Marinha, U$ 10 bilhões a serem investidos principalmente na aquisição de submarinos; ao Exército, US$ 10 bilhões, destinados ao programa "Combatente do Futuro"; e para a Aeronáutica, US$ 6 bilhões a ser empregados na aquisição de caças, previstos no programa FX-2.

Para o "programa de Vants", com aquisição e capacitação de empresas nacionais, atualmente sobra boa vontade, mas faltam ainda os acordos de parceria, os prazos e orçamentos estimados. Problemas que o tempo irá resolver. Na entrevista para a revista "ÉPOCA" o ministro Jobim revelou que o longo prazo na Defesa representa "uns 20 anos". Ao certo por ora sabemos que o Brasil recorreu ao país - Israel - onde estão acumuladas incontestáveis conquistas neste setor tecnológico, e também que os Vants são instrumentos prioritários na execução de estratégias de Defesa acolhidas pela EsNaDe.

Fonte: Site Brasil Wiki, via NOTIMP




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