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Céu nublado para aviação






Cada vez mais brasileiros estão viajando de avião. Em fevereiro, foram vendidas mais de 1,3 milhão de passagens, elevando para 2, 4 milhões o número de assentos comercializados no bimestre. Representou um aumento de 6,6% em comparação com as vendas de janeiro/fevereiro de 2009, o que anima o setor a prever crescimento acima de 10% até o fim do ano. Engana-se quem pensa que isso se deve apenas aos fatores clássicos: as dimensões do país, a variedade de destinos turísticos e a retomada do crescimento da atividade econômica dentro e fora dos tradicionais polos da Região Centro-Sul. Tudo isso está valendo. Mas é o fator preço que está por trás do espantoso crescimento do movimento de usuários da aviação comercial no mercado interno brasileiro. No ano passado, o preço médio do bilhete ficou em R$ 321,28. Ou seja, já tinha caído 28% em relação a 2008. Levantamento divulgado semana passada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mostra que os preços continuaram caindo em pleno verão, na maioria das 67 rotas comparadas.

O preço médio baixou de R$ 304,96, em janeiro, para R$ 253,71 em fevereiro, uma queda de impressionantes 16,8% em apenas um mês. É o menor valor médio de tarifas desde janeiro de 2002. É provável que reduções do preço médio dos bilhetes não repitam percentual tão alto. Mas em uma comparação com o que os passageiros pagavam em 2002, R$ 421, 53, é indiscutível o quanto tem pesado o efeito concorrência no mercado, mesmo sendo ele ainda amplamente dominado por apenas duas companhias a aéreas. Não é preciso ser especialista para perceber que a entrada de concorrentes menores, estimuladas pela Anac, somada à efetiva cobrança de algumas regras mínimas de atendimento aos usuários acabou acirrando a disputa entre as operadoras, pois assim como Gol e TAM não querem perder espaço duramente conquistado ao longo de anos, as pequenas não medem esforços para lhes roubar a clientela. É uma realidade muito distante da que o país viveu por décadas, até chegar ao apagão aéreo do verão de 2007, que transformou os aeroportos em dormitórios de passageiros de voos frustrados.

Mas os usuários da aviação devem ficar atentos ao que ocorre nos escaninhos do poder em Brasília. A profissionalização da Anac, forçada pelo fracasso da direção formada por indicados políticos, corre perigo. No momento, a agência vive situação que pode comprometer tudo que foi conquistado em favor do passageiro. A Anac é comandado pela presidente Solange Vieira e quatro diretores. Três se afastaram há algumas semanas e ainda não foram substituídos. Estão acéfalas as estratégicas áreas de regulação econômica, operações e infraestrutura aeroportuária e prejudicadas as decisões colegiadas de diretoria. Teme-se que, na ânsia de garantir apoio à candidatura oficial ou de facilitar a composição de palanques estaduais, o Planalto acabe quebrando a blindagem técnica e profissional que deu à Anac autonomia para começar a cumprir o papel que lhe cabe de se posicionar entre o poder público e as concessionárias, em favor da qualidade do serviço prestado.

Fonte: ESTADO DE MINAS, via NOTIMP




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