NOTIMP - Noticiário da Imprensa - 27/02/2018 / Temer recebe bem proposta da Boeing
 
  Temer recebe bem proposta da Boeing ...
Temer recebe bem proposta da Boeing ...   Daniel Rittner ...
O grupo montado  pelo Planalto para acompanhar a proposta da Boeing ainda espera algumas  explicações, uma delas sobre as garantias de que linhas de produção  importantes não serão levadas para fora do Brasil. Outro questionamento é  sobre o eventual acesso da Boeing às patentes sob domínio da Embraer,  inclusive em outras áreas, como a de defesa.
Boeing e Embraer aguardam aval de Temer
A Boeing e a Embraer apresentaram  ao governo um modelo de acordo pelo qual a multinacional americana teria  51% e a fabricante brasileira ficaria com 49% das ações em uma terceira  companhia, que seria criada exclusivamente para a linha de aeronaves  comerciais, segundo informaram interlocutores próximos do presidente  Michel Temer. Essa divisão é bem vista no Palácio do Planalto, mas Temer  ainda não deu aval à concretização do negócio, conforme relatos de  assessores presidenciais.
De acordo com uma fonte do setor privado,  entretanto, o mais relevante não é a participação da Boeing e da  Embraer na joint venture que estará acima da empresa operacional, mas  sim a fatia de cada uma na empresa operacional em si. "A ideia ainda é  que a Boeing tenha 80% a 90% da empresa operacional", disse. Segundo  esse raciocínio, a Boeing pode ter participação acionária direta na  "companhia de baixo".
O grupo montado pelo Planalto para  acompanhar a proposta da Boeing ainda está à espera de algumas  explicações. Uma das dúvidas gira em torno das garantias de que linhas  de produção importantes não serão realocadas para fora do Brasil. A  preocupação maior nem é tanto com o futuro imediato. O que se busca é  mais clareza de que não haveria migração gradual dos processos de  desenvolvimento e de fabricação de aviões para outros países.
Outro questionamento é sobre o eventual  acesso da Boeing às patentes sob domínio da Embraer, inclusive em outras  áreas, como na de defesa. A transferência de tecnologia associada à  compra dos caças Gripen, da sueca Saab, acentuam a importância disso.  Será preciso definir uma série de salvaguardas para impedir que  tecnologias em posse da Saab acabem indo parar nas mãos da Boeing - sua  concorrente direta no mercado de jatos militares.
Na avaliação do Planalto, as conversas  têm evoluído e estão hoje em situação melhor do que em dezembro, quando o  interesse da Boeing foi inicialmente revelado. Mesmo assim, auxiliares  de Temer evitam falar em um "timing" para o acordo definitivo e reiteram  que o presidente continua irredutível quanto à manutenção de uma  "golden share" (ação de classe especial com direito a veto em questões  estratégicas) com o governo. "Ele ainda quer conhecer no detalhe alguns  itens da oferta", diz um assessor.
Na semana passada, após almoço com o  presidente e comandantes militares, o ministro Raul Jungmann já havia  dado a senha de que houve evolução. "As negociações estão indo bem.  Houve um entendimento de que nós não venderíamos a Embraer, e isso foi  aceito pela Boeing. Então as negociações têm caminhado e há avanços no  caminho da constituição de uma terceira empresa."
Jungmann, principal mediador entre o  governo e as empresas até agora, deixará essa função ao migrar do  Ministério da Defesa para a pasta extraordinária de Segurança Pública.  Ele toma posse hoje. Joaquim Silva e Luna - general do Exército que o  substitui interinamente na Defesa - entrará na linha de frente das  conversas. Luna já vinha acompanhando as discussões, como  secretário-geral do ministério, mas sua ascensão leva auxiliares do  presidente a questionar se poderia haver um endurecimento no diálogo com  a Boeing, dada a resistência dos militares a qualquer tipo de acordo  que sugira desnacionalização da Embraer.
Mesmo de forma temporária, o general é o  primeiro representante das Forças Armadas que comanda a Defesa desde sua  criação, em 1999.
(Colaborou Vanessa Adachi, de São Paulo)
(Colaborou Vanessa Adachi, de São Paulo)
 Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado  nos principais órgãos de comunicação do Brasil. O NOTIMP  apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas  diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.
Acompanhe aqui o Noticiário relativo ao Comando da Aeronáutica veiculado  nos principais órgãos de comunicação do Brasil. O NOTIMP  apresenta matérias de interesse do Comando da Aeronáutica, extraídas  diretamente dos principais jornais e revistas publicados no país.Veja 18 ocasiões em que as Forças Armadas patrulharam o asfalto no país
As crises de segurança pública e a atuação dos militares nos Estados desde a redemocratização
Edgar Silva / Antonio Mammi Publicada Em 26/02 - 1h11
A  intervenção federal na área de segurança do Rio de Janeiro anunciada  pelo presidente Michel Temer (MDB) no último dia 16 foi inédita. Medida  excepcional por meio da qual a União assume total ou parcialmente a  administração de um Estado, ela nunca havia sido lançada desde a  promulgação da Constituição de 1988.
No entanto, o destacamento de  militares para reforçar o policiamento nas ruas tem sido um expediente  bastante usado desde a redemocratização. Os motivos se alternam, mas não  variam tanto —greves policiais e ondas de ataques orquestrados pelo  crime organizado são os mais comuns.
Em sua maioria pontuais, limitadas a  curtos períodos e a mitigar os efeitos de greves policiais , as  participações das Forças Armadas nessas ocasiões têm exceção no próprio  Rio de Janeiro. Em meados dos anos 90, o governador Nilo Batista (PDT)  assinou um convênio com o presidente Itamar Franco (PMDB) para implantar  a Operação Rio, cujo principal objetivo era a criação de um comando  único militar, ao qual se submeteriam as polícias do Estado, para  combater o tráfico de armas e de drogas.
Abaixo, veja 18 ocasiões em que os militares foram convocados para patrulhar as ruas de cidades brasileiras.
Itamar Franco (1992-1994)
Itamar Franco (1992-1994)
1) Rio de Janeiro - 31.out.1994
O presidente Itamar Franco e o governador  do Rio de Janeiro, Nilo Batista, estabelecem convênio para a criação do  comando único das Forças Armadas e a colaboração da União com o Estado  para a repressão ao contrabando de armas e o combate ao narcotráfico. O  comando único tem sob seu controle as polícias Militar, Civil e Federal  no Rio.
FHC (1995-2002)
2) Rio de Janeiro - 28.mar.1995
O presidente Fernando Henrique Cardoso,  ao lado do governador do Rio de Janeiro, Marcello Alencar (PSDB), assina  convênio para a implantação da Operação Rio 2. O acordo firma a atuação  das Forças Armadas, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e  da Receita no combate à criminalidade e ao contrabando, especialmente  os de drogas e armas.
3) Alagoas - 14.jul.1997
Com a greve de 1.100 policiais civis e o  aquartelamento de 8.200 homens da Polícia Militar em Alagoas, o  governador Divaldo Suruagy (PMDB) requisita a ajuda de tropas federais  para manter a segurança no Estado. O Exército utiliza efetivo de 1.500  homens para patrulhar as ruas de Maceió e de cidades do interior. Essa  atuação termina no dia 1º de agosto, com a decisão de policiais de  encerrar a paralisação.
4) Pernambuco - 19.jul.1997
O governador Miguel Arraes (PSB) decide  pedir ajuda do Exército depois que policiais militares entram em greve. A  solicitação é feita ao comandante militar do Nordeste, general  Francisco Pamplona, após o governador relatar, por telefone, a situação  ao presidente Fernando Henrique Cardoso. No dia seguinte (20), os  soldados vão às ruas. Durante a operação, 1.030 militares ficam  encarregados de fazer o patrulhamento e a segurança no Estado. A greve é  encerrada no dia 27 de julho.
5) Pernambuco - 19 e 20.out.2000
Soldados do Exército ocupam no dia 20 de  outubro ruas e avenidas do Recife, na tentativa de oferecer segurança à  população em razão da greve dos policiais militares, deflagrada no dia  19. A presença das tropas federais é solicitada pelo governador Jarbas  Vasconcelos (PMDB), diante do impasse nas negociações com os grevistas. O  CMN (Comando Militar do Nordeste) não informa quantos militares são  disponibilizados, mas a Secretaria da Justiça do Estado estima em 150 o  número de soldados nas ruas.
Lula (2003-2010)
6) Roraima - 1º.abr.2009
Cerca de 400 dos 3.000 soldados do  Exército que participam de uma operação na fronteira com a Venezuela e a  Guiana são deslocados pelo Comando Militar da Amazônia para Boa Vista  (RR), onde policiais militares estão aquartelados exigindo melhores  salários. Os soldados, de acordo com o general Augusto Heleno, realizam  ações de prevenção a crimes, sobrevoando áreas críticas, como presídios.
7) Rio de Janeiro - 25.nov.2010
A pedido do governador Sérgio Cabral  (PMDB), o Ministério da Defesa autoriza, por ordem do presidente Luiz  Inácio Lula da Silva, o uso de tropas do Exército no combate às ações  criminosas que ocorrem no Rio de Janeiro.
Dilma Rousseff (2011-2016)
8) Ceará - 31.dez.2011
A Força Nacional de Segurança e o  Exército são chamados para reforçar o policiamento no Ceará, depois de o  governador Cid Gomes (PSB) ter decretado situação de emergência em todo  o Estado, por causa da paralisação de policiais e bombeiros militares  iniciada no dia 29. No dia que os militares encerram a greve (4 de  janeiro), os policiais civis iniciam outra paralisação, que dura até o  dia 11.
9) Bahia - 3.fev.2012
O governador da Bahia, Jaques Wagner  (PT), solicita reforço da Força Nacional de Segurança e do Exército para  conter a violência no Estado após a PM entrar em greve. As Forças  Armadas chegam a ter 3.900 homens atuando no combate a violência.
10) Rio de Janeiro - 21.mar.2014
A presidente Dilma Rousseff autoriza o  envio de tropas federais ao Rio de Janeiro. Determina também que o  ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) e o chefe do Estado Maior das  Forças Armadas, general José Carlos De Nardi, investiguem qual a  dimensão da crise de segurança no Rio de Janeiro.
11) Bahia - 16.abr.2014
Devido à greve da Polícia Militar, o  governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), pede reforço das tropas  federais para garantir a ordem. A presença dos militares é autorizada  pela presidente Dilma Rousseff.
Segundo o governo, são enviados cerca de 6.000 homens do Exército e da Força Nacional ao Estado.
Segundo o governo, são enviados cerca de 6.000 homens do Exército e da Força Nacional ao Estado.
12) Pernambuco - 14.mai.2014
Depois de policiais militares entrarem em  greve, o governador João Lyra Neto (PSB-PE) conversa, por telefone, com  a presidente Dilma Rousseff e anuncia a ida de integrantes da Força  Nacional de Segurança e do Exército a Pernambuco. O ministro José  Eduardo Cardozo (Justiça) também vai ao Estado acompanhar os trabalhos.  No início da noite do dia 15, os policiais militares decidem encerrar a  greve.
13) Rio Grande do Norte - 31.jul.2016
O governador do Rio Grande do Norte,  Robinson Faria (PSD), solicita ao presidente Michel Temer ajuda federal  para conter onda de violência que atinge a capital Natal e outros 19  municípios. São registrados 54 ataques entre incêndios a veículos, tiros  disparados contra prédios públicos, depredações e uso de explosivos.  Temer consulta os chefes das Forças Armadas no Estado para saber a  disponibilidade das tropas. Depois de receber a confirmação de que os  homens estão disponíveis, autoriza o envio dos militares.
Michel Temer (2016 em diante)
14) Amazonas, Roraima e Rio Grande do Norte - 17.jan.2017
Com o agravamento da crise no sistema  prisional, que registra 134 mortes em 15 dias, o presidente Michel Temer  reconhece que a situação ganhou "contornos nacionais" e anuncia a  liberação das Forças Armadas para atuarem dentro das prisões  brasileiras.
A decisão é uma resposta à pressão dos  Estados (AM, RR e RN) por maior ajuda federal, mas, na prática,  militares de Exército, Marinha e Aeronáutica tem função bastante  restrita --limitada ao aval para ingressar nas unidades para varreduras  visando a retirada de armas, drogas e celulares.
15) Espírito Santo - 6.fev.2017
Devido à onda de violência no Espírito  Santo, após greve da Polícia Militar, o governador em exercício, César  Colnago, solicita ao presidente Michel Temer o envio das Forças Armadas  para ajudar no policiamento das ruas do Estado. O governo federal envia  militares das Forças Armadas e 200 soldados da Força Nacional.
16) Rio de Janeiro - 14.fev.2017
No Rio de Janeiro, parentes de policiais  protestam em frente a batalhões da Polícia Militar. Eles reivindicam  melhores condições de trabalho e pagamento do 13º salário. O ministro da  Defesa, Raul Jungmann, destina 9.000 homens das Forças Armadas para  realizar a patrulha na capital fluminense e em cidades vizinhas e  reforçar a segurança até o dia 22 de fevereiro.
17) Rio de Janeiro - 28.jul.2017
O governo federal autoriza o uso das  Forças Armadas para fazer a segurança pública do Estado do Rio de  Janeiro até o final do ano. O decreto de Garantia de Lei e Ordem (GLO) é  publicado em edição extraordinária do "Diário Oficial". De acordo com  Jungmann, a presença dos militares será estendida até 2018. A princípio,  serão usados 8.500 homens das Forças Armadas, além de 620 da Força  Nacional e 380 da Polícia Rodoviária Federal, que já haviam sido  anunciados.
18) Rio Grande do Norte - 29.dez.2017
O ministro da Defesa, Raul Jungmann,  anuncia o envio de 2.000 militares das Forças Armadas para reforçar a  segurança no Rio Grande do Norte.
A medida ocorre após uma escalada nos  índices de violência desde o início da paralisação dos policiais  militares e bombeiros no Estado, havia 11 dias. Desde que os policiais  se aquartelaram, no dia 18 de dezembro, são registrados 539 furtos e  roubos no Rio Grande do Norte. Dentre eles, estão 29 arrombamentos a  lojas, supermercados, shoppings e bancos.
Fontes: Banco de Dados Folha e Ministério da Defesa
Boeing "recomenda forte cautela" sobre acordo com a Embraer
Negociações entre fabricantes de aviões caminha lentamente
Igor Gielow Publicada Em 26/02 - 14h34
A fabricante  norte-americana Boeing recomendou "forte cautela em relação a  especulações acerca de nossas intenções e do andamento das discussões"  sobre a compra da parte de aviação civil da brasileira Embraer.
A frase foi dita à Folha pelo  vice-presidente global de Comunicação da empresa, Phil Musser.  “Acreditamos que a combinação com a Embraer representa um ganha-ganha  para todas as partes e que irá produzir crescimento e oportunidades.  Isto dito, não se trata de algo essencial para a Boeing", afirmou, por  e-mail.
 Musser  emula o que havia dito o presidente-executivo da Boeing, Dennis  Muilenburg, na semana passada. É uma guerra de informação natural de um  negócio desse porte: após idas e vindas, está sendo discutida a formação  de uma terceira empresa com controle americano para aviação civil,  deixando a área de defesa da Embraer intocada.
Musser  emula o que havia dito o presidente-executivo da Boeing, Dennis  Muilenburg, na semana passada. É uma guerra de informação natural de um  negócio desse porte: após idas e vindas, está sendo discutida a formação  de uma terceira empresa com controle americano para aviação civil,  deixando a área de defesa da Embraer intocada.
No domingo (25), o jornal "O Globo"  publicou nota informando que o governo brasileiro havia imposto que a  nova empresa tivesse 51% de controle da Boeing e 49%, da Embraer, e que o  negócio já estava encaminhado. O comentário de Musser vai no sentido de  negar isso duplamente.
Segundo a Folha apurou com pessoas  envolvidas na negociação pelas empresas e pelo governo, o acordo está  ainda distante de acontecer e os americanos buscam um controle bem maior  sobre a nova operação. Uma autoridade falou em discussões que podem se  estender por meses, dada a complexidade da operação. Também é preciso  ver se haverá impacto pela troca de comando no Ministério da Defesa,  embora os integrantes do grupo de trabalho que representa o governo na  discussão devam ficar onde estão.
O governo não é dono da Embraer, mas a  privatização da empresa em 1994 lhe garantiu poder de veto em questões  societárias e de negócios da empresa por meio de uma ação especial _a  chamada "golden share".
A preocupação central do governo é a  área de Defesa, que hoje responde a cerca de 20% da receita líquida da  Embraer. Vários projetos estratégicos da Força Aérea estão baseados na  capacidade industrial dessa divisão militar.
Inicialmente, a Boeing queria comprar  toda a Embraer, um negócio de cerca de US$ 6 bilhões. Com a negativa do  governo de ceder o controle nacional, foi feita uma oferta apenas pela  parte de aviação regional _uma lacuna importante para os americanos, já  que esse setor em que a Embraer é líder está sendo cobiçado por sua  rival europeia Airbus, que comprou a linha de jatos deste nicho da  canadense Bombardier.
O governo não aceitou de pronto a divisão  pura e simples das áreas civil e militar, já que há questões envolvendo  os departamentos de engenharia e pesquisa da Embraer, unificados. Há  temor de perda de capacidade de inovação tecnológica, além de questões  de soberania centrais como o poder decisório de encomenda de novos  produtos sem vetos externos.
Todos voltaram à mesa e a proposta  ressurgiu na forma de uma terceira empresa com participação de ambos os  lados, mas controle da Boeing. Como fazer isso funcionar de forma a  agradar todos e garantir que a Embraer focada em defesa seja viável  economicamente é o que está em discussão agora.
Planos de segurança pública são engavetados a cada novo governo federal
Exceções são o Fundo Nacional de Segurança Pública e a Força Nacional
Reynaldo Turollo Jr. Publicada Em 27/02 - 02h00
Todos os  presidentes desde a redemocratização lançaram planos ou programas de  segurança pública que, apesar de seguirem as recomendações e as boas  práticas aplicadas em países desenvolvidos, não sobreviveram ao governo  de plantão —mesmo quando o sucessor era do mesmo partido, como no caso  de Lula e Dilma Rousseff.
Em comum, todos os planos traziam a ideia  de que a União pode e deve ajudar com dinheiro e assistência técnica os  Estados, incumbidos pela Constituição de 1988 de cuidar da segurança  pública.
Duas criações desse período, porém, são  citadas como exceções à tendência de descontinuidade: o Fundo Nacional  de Segurança Pública, de 2001 (governo FHC), ainda hoje o principal  indutor de projetos da área, e a Força Nacional, de 2004 (governo Lula),  que presta auxílio aos Estados em momentos de crise.
São dois exemplos do que os especialistas chamam de medidas estruturantes.
A participação federal voltou ao foco  após o presidente Temer decretar intervenção na segurança do Rio e  nomear como interventor o general Walter Braga Netto, que deve comandar  as forças de segurança do Estado até o final do ano. É a primeira vez,  desde a Constituição de 1988, que se decreta intervenção federal.
Para pesquisadores, a situação do  Rio é de responsabilidade preponderante, mas não exclusiva, do Estado. A  União também não tem feito sua parte, avaliam.
O primeiro Plano Nacional de Segurança  Pública, de 1991, sob o governo Fernando Collor, já falava, de forma  muito incipiente, da necessidade de integrar a atuação das diversas  polícias, mas tratava a violência somente como problema de polícia,  ideia que foi se tornando obsoleta.
Em 2000, FHC lançou o segundo Plano  Nacional de Segurança Pública —O Brasil Diz Não à Violência, que  propunha articular políticas de segurança e políticas sociais e, pela  primeira vez, tratava da necessidade de criar um banco de dados  unificados sobre a violência em todo o país —o que, de fato, não há até  hoje.
O Sinesp (Sistema Nacional de Informações  de Segurança Pública, Prisional e sobre Drogas), que deveria ter essa  função, não é abastecido pelos Estados com regularidade porque o  Ministério da Justiça não tem poder de obrigar as secretarias estaduais a  divulgar suas estatísticas —e a maioria não quer expor publicamente  dados negativos.
ESTRUTURANTE
Lula lançou em seu primeiro governo o Projeto Segurança Pública para o Brasil. Feito com ajuda de especialistas, debatia questões estruturantes, como a criação do SUSP (Sistema Único de Segurança Pública) nos moldes do SUS, agenda deixada de lado pois não avançou no Congresso.
Lula lançou em seu primeiro governo o Projeto Segurança Pública para o Brasil. Feito com ajuda de especialistas, debatia questões estruturantes, como a criação do SUSP (Sistema Único de Segurança Pública) nos moldes do SUS, agenda deixada de lado pois não avançou no Congresso.
“Se vem um novo ministro da Saúde, é  claro que ele vai ter sua linha política, mas o que de fato ele pode  mudar no SUS é limitado. Ele não pode falar: ‘Eu acho esse negócio de  mamografia uma bobagem e não vou mais gastar dinheiro com isso’”,  compara Isabel Figueiredo, ex-professora da Força Nacional.
Os princípios e as linhas de atuação são  bem definidos no caso da saúde, o que tende a impedir descontinuidade na  área, diferentemente da segurança, diz Figueiredo.
Por exemplo: o Fundo Nacional de  Segurança Pública não tem fonte de receita definida e pode ser  contingenciado. Enquanto em 2007 ele executou R$ 1,47 bilhão, em 2016  foram R$ 314 milhões, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública  2017.
No segundo mandato de Lula, veio o  Pronasci (Programa Nacional de Segurança com Cidadania), priorizando  ações sociais com participação dos municípios, que recebiam verba para  projetos.
“Foi o mais inovador em termos de arranjo  institucional, mas teve problemas de implementação”, diz Renato Sérgio  de Lima, presidente do Fórum Nacional de Segurança Pública, que congrega  estudiosos do tema.
O problema, diz, foi que, ao fazer  convênios com a União, Estados e municípios “não tinham funcionários  para escrever os projetos, não sabiam fiscalizar, não sabiam executar o  dinheiro, não tinham como abrir conta. Pura burocracia”.
Planalto contra o crime
Desde a redemocratização, planos federais foram sendo aperfeiçoados, mas sempre descontinuados.
Planalto contra o crime
Desde a redemocratização, planos federais foram sendo aperfeiçoados, mas sempre descontinuados.
Collor 1991
Plano Nacional de Segurança Pública.
Carente de dados que o embasassem, é pouco conhecido até entre especialistas. Fala genericamente em reestruturar e reaparelhar a polícia, e trata do crime só como problema de polícia.
Plano Nacional de Segurança Pública.
Carente de dados que o embasassem, é pouco conhecido até entre especialistas. Fala genericamente em reestruturar e reaparelhar a polícia, e trata do crime só como problema de polícia.
FHC 2000
Plano Nacional de Segurança Pública - O Brasil Diz Não à Violência? Propostas para integrar políticas de segurança, políticas sociais e ações comunitárias. Criação do Fundo Nacional de Segurança Pública.
Plano Nacional de Segurança Pública - O Brasil Diz Não à Violência? Propostas para integrar políticas de segurança, políticas sociais e ações comunitárias. Criação do Fundo Nacional de Segurança Pública.
Lula 2003
Projeto Segurança Pública para o Brasil
Feito com pesquisadores da área, abordava circunstâncias históricas, condições institucionais e relações sociais violentas; incentivava o policiamento comunitário e propunha a integração da inteligência das polícias
Estruturação da Força Nacional
Projeto Segurança Pública para o Brasil
Feito com pesquisadores da área, abordava circunstâncias históricas, condições institucionais e relações sociais violentas; incentivava o policiamento comunitário e propunha a integração da inteligência das polícias
Estruturação da Força Nacional
Lula 2007
Pronasci (Programa Nacional de Segurança com Cidadania)
Articular ações de prevenção e repressão do crime em regiões metropolitanas, estabelecendo políticas sociais e ações de proteção às vítimas. Foco em jovens, pobres e egressos de prisões
Pronasci (Programa Nacional de Segurança com Cidadania)
Articular ações de prevenção e repressão do crime em regiões metropolitanas, estabelecendo políticas sociais e ações de proteção às vítimas. Foco em jovens, pobres e egressos de prisões
Dilma 2012
Brasil Mais Seguro*
Redução da criminalidade violenta, com melhoria das investigações, do controle de armas e combate a grupos de extermínio; centrado no Nordeste
Brasil Mais Seguro*
Redução da criminalidade violenta, com melhoria das investigações, do controle de armas e combate a grupos de extermínio; centrado no Nordeste
Dilma 2015
Plano Nacional de Redução de Homicídios
Meta de reduzir homicídios dolosos. Foco é atuar nas áreas com índices mais altos, articular Estados e demais Poderes numa política de combate a homicídios e mobilizar a sociedade
Não saiu do papel
Plano Nacional de Redução de Homicídios
Meta de reduzir homicídios dolosos. Foco é atuar nas áreas com índices mais altos, articular Estados e demais Poderes numa política de combate a homicídios e mobilizar a sociedade
Não saiu do papel
Temer 2016-2017
Plano Nacional de Segurança Pública
Reduzir homicídios, feminicídios e violência contra a mulher, modernizar o sistema penitenciário e combater de forma integrada a criminalidade transnacional
Plano Nacional de Segurança Pública
Reduzir homicídios, feminicídios e violência contra a mulher, modernizar o sistema penitenciário e combater de forma integrada a criminalidade transnacional
* No primeiro governo Dilma, não houve um  plano único, mas programas temáticos. Além do citado, houve o Crack, É  Possível Vencer e a Estratégia Nacional de Segurança Públicas nas  Fronteiras (Enafron), entre outros.
Fontes: pesquisadores Renato Sérgio de  Lima (FBSP), Sérgio Adorno (NEV/USP) e Isabel Figueiredo (FBSP); e  Marlene Inês Spaniol, Martim Cabeleira de Moraes e Carlos Roberto  Guimarães Rodrigues
ABANDONO
Dilma abandonou o Pronasci e criou programas temáticos, como o Brasil Mais Seguro, com foco em homicídios em locais de altos índices de assassinatos, como Maceió (AL) e João Pessoa (PB).
Dilma abandonou o Pronasci e criou programas temáticos, como o Brasil Mais Seguro, com foco em homicídios em locais de altos índices de assassinatos, como Maceió (AL) e João Pessoa (PB).
“O Pronasci tinha sido a menina dos olhos  do governo Lula, e aí entra a Dilma e o extingue quando ele começava a  dar resultado. Isso deixou órfãos milhares de municípios que tinham  implantado guardas municipais, firmado convênios, tudo ruiu”, diz  Marlene Spaniol, capitã da reserva da PM do Rio Grande do Sul e  pesquisadora.
Ela dá como exemplo Canoas (RS) e Porto  Alegre, onde foram implantados por convênio os Territórios da Paz,  conjuntos de ações para jovens em áreas críticas.
“Canoas só não entrou em ‘estado  falimentar’ de seus projetos de segurança porque tem um dos maiores PIBs  do Estado e o município conseguiu abarcar. Em Porto Alegre, os quatro  Territórios da Paz acabaram”, conta.
Em seu segundo governo, Dilma ensaiou  lançar o Plano Nacional de Redução de Homicídios, mas, com a crise  política e o processo de impeachment, não saiu do papel.
Temer, já em 2017, anunciou o Plano  Nacional de Segurança Pública, com foco em homicídios e violência  contra a mulher, melhoria nas prisões e combate ao crime transnacional  —uma junção de temas em voga na imprensa, segundo especialistas. Por  esse plano, a Força Nacional está em quatro Estados (SE, RJ, RN e RS).  Não há balanço final.
Intervenção no Rio pode atrasar acordo de Boeing e Embraer
Ministro da Defesa, que era principal interlocutor de empresas e governo, foi indicado para pasta da Segurança
Fernando Nakagawa Publicada Em 27/02 - 05h00
A  intervenção militar na segurança do Rio de Janeiro e a criação do  Ministério da Segurança Pública tendem a atrasar as negociações para  criação de uma nova empresa entre Boeing e Embraer, apurou o Estado. A  preocupação surge após o Ministério da Defesa ser convocado a liderar a  ação militar no Rio e Raul Jungmann ser indicado ao novo ministério.
Jungmann é o principal interlocutor das  duas companhias com o governo e toda a negociação é feita na esfera do  Ministério da Defesa.
Alguns dias antes do carnaval, o  Ministério da Defesa recebeu a proposta para organização societária da  nova empresa a ser criada entre Boeing e Embraer. Representantes do  governo analisam o documento e darão um parecer às empresas. Antes de  qualquer reação, porém, as companhias foram pegas de surpresa com o  anúncio de que, dias depois, o mesmo Ministério da Defesa fora convocado  às pressas para coordenar a intervenção militar no Rio.
Executivos envolvidos na negociação  avaliam que a intervenção fez com que a atenção da Defesa e do próprio  governo fosse direcionada para o Rio. Ainda que não tenha havido nenhuma  declaração oficial do governo brasileiro, a percepção da Boeing e da  Embraer é que o negócio saiu do centro do radar do Palácio do Planalto  porque os nomes do governo que tratam do assunto e os líderes da  intervenção no Rio são coincidentes.
O entendimento foi reforçado ontem com a  notícia de que o ministro Raul Jungmann, principal interlocutor da  Boeing e Embraer no governo, pode mudar de cargo com a indicação ao novo  Ministério da Segurança Pública.
Uma fonte que acompanha a negociação de  perto diz que atualmente “a bola está com o governo” porque as conversas  só podem avançar com o aval de Brasília. Dessa forma, o entendimento é  que o ritmo das negociações será imposto pelo Palácio do Planalto. As  empresas têm interesse em negociação rápida, especialmente a Boeing, que  já sinalizou o desejo de concluir as tratativas antes que o assunto  vire tema da disputa eleitoral para presidência.
Ao governo brasileiro, foram apresentadas  algumas propostas de organização societária. O desenho indica posição  majoritária dos americanos – algumas sugestões indicam pelo menos 80% do  capital da nova empresa de posse da Boeing.
Poder de veto. Apesar da fatia  minoritária dos brasileiros, o poder de veto do governo – exercido por  meio da chamada “golden share” – seria preservado nas atividades da  Embraer. Isso acontece porque a proposta faz diferenciação explícita  entre o conceito de “propriedade” e “controle” da nova companhia, o que  preservaria o interesse do Brasil em temas como a unidade de defesa da  Embraer. Ou seja, a Boeing seria dona, mas o Brasil poderia mandar em  alguns temas.
A grande diferença entre a fatia da  norte-americana e da brasileira é explicada pelo tamanho das duas  empresas. Enquanto a Boeing tem valor de mercado superior a US$ 210  bilhões, o valor de mercado da Embraer gira em torno de US$ 5 bilhões.  Ou seja, o valor da brasileira não chega a 5% da americana.
Diante dos números, a fonte rechaçou  valores citados na imprensa durante o fim de semana que indicariam nova  empresa com participação acionária de 51% para os americanos e 49% para  os brasileiros. “Está muito longe do que estamos negociando”, disse.
Procurado oficialmente, o  Ministério da Defesa negou que a intervenção no Rio e a criação de um  novo ministério possam atrasar a criação da terceira empresa que pode  sacramentar a parceria Boeing e Embraer.
A Embraer preferiu não comentar. A Boeing não respondeu até o fechamento da edição.
Militar vai assumir a Defesa pela 1ª vez
Temer anuncia general da reserva do Exército Joaquim Silva e Luna como substituto de Jungmann, confirmado na pasta da Segurança Pública
Tânia Monteiro / Brasília Publicada Em 27/02/18
O governo  anunciou ontem o general da reserva do Exército Joaquim Silva e Luna  como novo ministro da Defesa. Ele substituirá Raul Jungmann, deslocado  para o recém-criado Ministério Extraordinário da Segurança Pública. Com a  nomeação de Silva e Luna, o presidente Michel Temer quebrou uma  tradição desde a criação da pasta, em 1999, colocando pela primeira vez  um militar no comando da Defesa. A escolha de Jungmann e de Silva e Luna  foi antecipada pela Coluna do Estadão.
Apesar de o porta-voz do Palácio do  Planalto, Alexandre Parola, ter anunciado que o general do Exército  assume o cargo interinamente, o Estado apurou que a intenção do  presidente é mantê-lo no posto até o fim do seu mandato.
A escolha de Silva e Luna foi defendida  pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI),  general Sérgio Etchegoyen. Ele já era uma espécie de “braço direito” de  Jungmann, como secretário-geral do Ministério da Defesa.
“O nome disso é continuidade. Decidiu-se  pela continuidade e por quem tem proximidade com o ministro da Segurança  Pública para alinhar os esforços, facilitando todas as ligações e  contatos para as ações de segurança que vão continuar acontecendo daqui  para a frente. Só isso”, disse o ministro do GSI ao Estado.
Etchegoyen admitiu que a escolha de um  militar para o comanda da Defesa pode ser alvo de críticas, mas, segundo  ele, houve um “consenso” das demais Forças em relação à escolha de  Silva e Luna. “O problema que tem hoje é que todo mundo é candidato a  alguma coisa e, neste cenário, valeu mais a continuidade”, afirmou o  ministro do GSI.
Além do bom trânsito nas Forças  Armadas, contou a favor de Silva e Luna a experiência na pasta e o fato  de ser um general da reserva. A maioria dos oficiais-generais  consultados pela reportagem afirmou considerar a decisão como “uma  necessidade transitória e temporária”.
Ontem, durante evento em Porto Alegre,  Etchegoyen declarou que a escolha de Silva e Luna não causa  “desconforto” na Marinha e à Aeronáutica. “Eu acho que a gente deve  subir um pouquinho este debate para um nível mais adequado, porque tudo  tem uma razão para colocar a responsabilidade ou a culpa nas Forças  Armadas. Qual é o problema das Forças Armadas? É ter prestígio? Seria  esse o problema? Honestamente, não vejo isso porque os militares são  disciplinados”, disse.
Na Marinha e na Aeronáutica, no  entanto, há ressalvas à situação. A avaliação de alguns oficiais é de  que o ideal seria tanto o cargo de ministro da Defesa quanto o de  secretáriogeral serem ocupados exclusivamente por civis. Estes mesmos  oficiais lembraram que a escolha traz de volta a discussão que existia  no antigo Estado-Maior das Forças Armadas, órgão que precedeu o  Ministério da Defesa, em que integrantes do Exército tiveram  protagonismo em relação a representantes das outras forças.
Segurança Pública. O governo anunciou  ontem que criará o Ministério da Segurança Pública por meio de medida  provisória. Tanto o texto da MP como a escolha de Silva e Luna para a  Defesa foram fechados em reunião na noite de domingo, no Palácio do  Jaburu, entre Temer e quatro ministros. Na semana passada, o presidente  chegou a estudar criar a pasta via decreto, o que, segundo fontes do  Planalto, evitaria a necessidade de apoio do Congresso.
O presidente convocou para quinta-feira,  às 11h, no Planalto, uma reunião com governadores para falar sobre  combate à violência já com Jungmann como titular da recém-criada pasta.  Foram convidados todos os governadores do País. Além de Jungmann, vão  participar do encontro os ministros Torquato Jardim (Justiça), Eliseu  Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência),  Etchegoyen, Silva e Luna, líderes no Congresso e os presidentes da  Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE).
Para viabilizar o funcionamento do novo  ministério, o governo vai criar pelo menos nove cargos de assessoria,  além de fazer o remanejamento de servidores da Justiça para a pasta. O  Ministério da Segurança Pública abrigará Polícia Federal, Polícia  Rodoviária Federal, Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e  Secretaria de Segurança Pública (inclui a Força Nacional).
Pelo menos cinco grupos vão acompanhar andamento da intervenção federal no Rio
No sábado, Rodrigo Maia anunciou criação de observatório do Câmara, e nesta segunda-feira foi a vez da OAB-RJ
Por Renan Rodrigues Publicada Em 26/02 - 17h15
Desde que a  intervenção federal na área da segurança do Rio foi assinada, há dez  dias, ao menos cinco órgãos e entidades já anunciaram a criação de  observatórios das ações realizadas a partir do decreto. Entre os grupos,  está o da OAB/RJ, criado na última quinta-feira. O grupo, que vai  analisar medidas judiciais contra o “fichamento” realizado por tropas do  exército durante operações na última semana, considerado  inconstitucional pela entidade, decidiu nesta segunda-feira, durante sua  primeira reunião, oficiar o interventor da segurança no Rio, o general  Braga Netto, pelo fichamento de moradores da Zona Oeste durante operação  realizada pelo Exército na semana passada.
Além da OAB, a Câmara de Deputados, em  Brasília, a Câmara de Vereadores do Rio, pesquisadores da Universidade  Cândido Mendes e o TCU já anunciaram medidas semelhantes. A Assembleia  Legislativa do Rio (Alerj) também pode criar grupo semelhante nos  próximos dias.
Presidido por Felipe Santa Cruz, o  presidente da OAB/RJ, o Observatório tem como objetivo também avaliar os  aspectos legais de como se dará a intervenção. O grupo é composto por  Fábio Nogueira, procurador-geral do órgão; os presidentes das comissões  de Segurança Pública e de Direitos Humanos da entidade, Breno Melaragno e  Marcelo Chalréo; o presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros,  Técio Lins e Silva; e os advogados Ana Paula Barcellos, Gustavo  Binenbojm, Rodrigo Brandão e Thiago Bottino.
“A situação do Rio é grave e precisa de solução, mas esta deve seguir os marcos constitucionais”, afirmou, em nota, Santa Cruz.
Em outra frente, o presidente da Câmara  dos Deputados, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), lançou neste sábado o  Observatório Legislativo, um grupo formado por servidores. Durante a  cerimônia, que aconteceu num hotel na Praia do Flamengo, na Zona Sul do  Rio, ele explicou que o objetivo do grupo é coletar e analisar dados  referentes à intervenção, realizar estudos, acompanhar indicadores e  garantir a transparência das ações. Os integrantes do observatório serão  nomeados por atos do presidente da Câmara e coordenados por servidores  da Casa. O fórum vai funcionar entre os dias 1º de março e 31 de janeiro  de 2019. O trabalho será realizado em parceria com instituições  públicas, representantes da sociedade civil e o interventor do Rio,  general Walter Souza Braga Netto.
Além de parlamentares federais, o  legislativo carioca também criou o seu grupo de trabalho para acompanhar  as ações. Na última quinta-feira, foi anunciado que a comissão será  composta por 13 parlamentares e tem como objetivo colaborar com o plano  de segurança, levando serviços públicos às comunidades e fiscalizando  possíveis abusos. A comissão é integrada pelos vereadores Carlo Caiado  (DEM), Cláudio Castro (PHS), Dr. Jairinho (PMDB), Felipe Michel (PSDB),  Fernando William (PDT), Jones Moura (PSD), Leandro Lyra (Novo), Luiz  Carlos Ramos Filho (Podemos), Marcelino D’Almeida (PP), Marielle Franco  (PSOL), Otoni de Paula (PSC), Rocal (PTB) e Thiago K. Ribeiro (PMDB). A  comissão foi criada por iniciativa do vereador Carlo Caiado (DEM).
O primeiro grupo a ser articulado é  coordenado pela socióloga Julita Lemgruber e funcionará dentro do Centro  de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes.  Além de Julita, integram o Observatório da Intervenção as pesquisadoras  Silvia Ramos, Leonarda Musumeci e Barbara Mourão.
TRIBUNAL DE CONTAS ACOMPANHARÁ GASTOS
Não é somente as ações de  policiamento que serão analisadas. Um das dúvidas que seguem nos debates  a respeito das ações a partir da intervenção, os gastos também devem  ser monitorados de perto. O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu no  último dia 21 que vai monitorar os gastos do governo federal durante a  intervenção na segurança pública no Rio de Janeiro. A proposta foi feita  pelo presidente da corte, ministro Raimundo Carreiro. Ele afirmou que  esse acompanhamento garantirá que os gastos respeitem regras  constitucionais e legais que tratam das finanças públicas. A  fiscalização será feita pela área técnica do tribunal. Na ocasião, o  ministro considerou que o decreto do presidente Michel Temer que  instituiu a intervenção deixou em aberto o uso dos “meios necessários”  da administração pública federal para o alcance dos objetivos da medida.  Além disso, afirmou ser “notório” que o estado do Rio não possui  condições financeiras para aportar os recursos necessários para  segurança pública.
Além da Câmara dos Deputados, em  Brasília, e do parlamento municipal do Rio, a Assembleia Legislativa do  Rio de Janeiro (Alerj) deve criar nos próximos dias uma comissão  especial para acompanhar a intervenção federal na Segurança Pública do  Rio. O deputado estadual Geraldo Pudim (MDB), primeiro secretário da  casa, protocolou um requerimento para a criação do grupo, que deverá  contar com cinco deputados. O requerimento protocolado tem que ser  submetido ao plenário da Alerj para que a criação da comissão especial  seja aprovada. Para isso, é preciso que a sessão tenha o quorum mínimo  de 36 deputados, e o documento seja aprovado pela maioria simples. Pudim  disse que já pediu ao presidente em exercício, André Ceciliano (PT),  para que a criação do grupo entre em pauta em breve. O prazo de vigência  do grupo seria equivalente ao da intervenção federal, ou seja, até o  fim do ano.
Análise: Primeiro militar a comandar a Defesa em 20 anos é mais um agrado às tropas
Com a saída de Jungmann, general Joaquim Silva e Luna assumirá ministério
Francisco Leali - Brasília Publicada Em 26/02 - 16h19
No troca-troca  que o presidente Michel Temer patrocina agora para criar o Ministério  Extraordinário da Segurança Pública, o civil Raul Jungmann deixa a  Defesa para assumir o novo posto. No lugar dele, o governo vai pôr um  general, Joaquim Silva e Luna. Sinal de prestígio às Forças Armadas,  sinal de que Temer dá adeus à história que só registra civis no posto  desde a criação da pasta no fim dos anos 1990.
Em 1998, o então presidente Fernando Henrique Cardoso mandou para o Congresso uma proposta de emenda constitucional extinguindo os quatro ministérios militares (Estado Maior, Exército, Marinha e Aeronáutica). Estava proposta a Pasta da Defesa. As três forças passariam à condição, até hoje em vigor, de comandos militares. Na época, havia um princípio em voga: um civil chefiaria a estrutura militar. A ideia foi recebida com desconfiança e até descontentamento nos quartéis.
Mas não tinha volta. O governo Fernando Henrique deu ouvidos ao modelo americano que coloca um civil para cuidar das ações mais relevantes da defesa nacional. Os militares ficam com o planejamento e execução das operações. E a política fica só com os políticos.
Em 1998, o então presidente Fernando Henrique Cardoso mandou para o Congresso uma proposta de emenda constitucional extinguindo os quatro ministérios militares (Estado Maior, Exército, Marinha e Aeronáutica). Estava proposta a Pasta da Defesa. As três forças passariam à condição, até hoje em vigor, de comandos militares. Na época, havia um princípio em voga: um civil chefiaria a estrutura militar. A ideia foi recebida com desconfiança e até descontentamento nos quartéis.
Mas não tinha volta. O governo Fernando Henrique deu ouvidos ao modelo americano que coloca um civil para cuidar das ações mais relevantes da defesa nacional. Os militares ficam com o planejamento e execução das operações. E a política fica só com os políticos.
Os planos e teorias, em Brasília, sempre  sofrem ajustes. Quando a PEC tramitava no Congresso, aliados do governo,  para acalmar os militares que se sentiam rebaixados, diziam que o  ministro da Defesa seria apenas uma "rainha da Inglaterra": tem poder,  mas não manda de fato.
E foi assim que o senador Élcio Álvares (do antigo PFL-ES), derrotado nas eleições de seu estado, em 1998, virou o "ministro extraordinário da Defesa". Era extraordinário porque a pasta ainda não tinha sido criada oficialmente - o que só ocorreria já em meados de 1999, no segundo mandato de FH. O adjetivo também servia para medir o pouco ou quase nenhum poder que o político capixaba tinha sobre seus comandados.
E foi assim que o senador Élcio Álvares (do antigo PFL-ES), derrotado nas eleições de seu estado, em 1998, virou o "ministro extraordinário da Defesa". Era extraordinário porque a pasta ainda não tinha sido criada oficialmente - o que só ocorreria já em meados de 1999, no segundo mandato de FH. O adjetivo também servia para medir o pouco ou quase nenhum poder que o político capixaba tinha sobre seus comandados.
O deputado Jair Bolsonaro que, na época  só tratava de temas da caserna, brigou publicamente contra criação da  nova pasta. Mas diante do fato consumado disse que iria falar com o novo  ministro "já que o estupro é inevitável". Mas Álvares ficou apenas um  ano no cargo e enfrentou insubordinações e também denúncias contra seu  nome.
Depois dele, a relevância do Ministério  da Defesa passou então a depender do nome escolhido para a função. Ainda  no governo FH o posto ficou com Geraldo Quintão (ex-advogado-geral da  União). Ao assumir o cargo em 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da  Silva colocou na Defesa José Viegas. O diplomata até tentou, mas não  conseguiu impor seu comando aos militares.
Para dizer que estava dando toda atenção à  caserna, Lula pôs então o vice-presidente José Alencar para acumular  com as funções de ministro. Ficou ali até 2006, quando foi substituído  por Waldir Pires, que resistiu no posto por um ano.
O ex-ministro do da Justiça e também do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim assumiu em 2007 ainda na gestão Lula. Até hoje, é o mais longevo no posto _ só deixou quatro anos depois por conta das diferenças com a então presidente Dilma Rousseff. Seguiram-se no cargo o diplomata Celso Amorim e os políticos Jaques Wagner e Aldo Rebello. No governo Temer, veio outro político: Raul Jungmann, o mesmo que agora será guindado ao novo superministério da segurança.
O ex-ministro do da Justiça e também do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim assumiu em 2007 ainda na gestão Lula. Até hoje, é o mais longevo no posto _ só deixou quatro anos depois por conta das diferenças com a então presidente Dilma Rousseff. Seguiram-se no cargo o diplomata Celso Amorim e os políticos Jaques Wagner e Aldo Rebello. No governo Temer, veio outro político: Raul Jungmann, o mesmo que agora será guindado ao novo superministério da segurança.
História à parte, os civis que sempre  comandaram a Defesa, uns mais hábeis, outros menos, conseguiram reforçar  a teoria de que na cadeia de comando federal primeiro vem o presidente  da República, depois os ministros e só então os comandos militares.  Parecia, então, prevalecer a ideia de que o poder político não deveria  mais ser a praia dos militares.
No novo rearranjo do Executivo, o governo  Temer, que gestou a intervenção federal no Rio, pode estar disposto a  não criar novas arestas com as Forças Armadas que andam correndo para  produzir um plano de ação contra o crime no estado que agora  administram. Entre procurar um aliado civil que talvez não se afinasse  com generais, almirantes e brigadeiros, Temer preferiu optar por um  oficial para agradar a tropa.
"A solução não está numa prateleira", afirma ministro interino da Defesa
General Joaquim Silva e Luna destaca ainda que "o povo do Rio tem pressa"
Por Maria Lima Publicada Em 27/02- 04h30
A  intervenção federal no Rio deverá ter os principais nomes da cúpula da  segurança pública definidos esta semana. O presidente Michel Temer optou  por uma solução interna, e transferiu Raul Jungmann da pasta da Defesa  para o novo Ministério Extraordinário da Segurança Pública. A pasta  recém-criada vai assumir a maior parte das ações federais na área de  segurança. Em entrevista ao GLOBO, o ministro interino da Defesa diz que  a saída para a violência precisa ser construída com a ajuda da  sociedade, da imprensa e das Forças Armadas, e que ‘guerra acontece no  meio do povo’. Leia a entrevista:
O senhor, que já comandou operações de selva na Amazônia, vê este como seu maior desafio?
É verdade. Já tive atividades bem  complexas e estou há quatro anos no Ministério da Defesa cuidando da  parte administrativa, de planejamento orçamentário e financeiro. Minha  percepção disso aqui, agora, é um pouco diferente. Ao criar o Ministério  da Segurança Pública, pensou-se em separar as ações de segurança  pública das ações de defesa. O Ministério da Segurança Pública vai  cuidar da lei e da ordem em situações episódicas. O Rio de Janeiro vive  uma situação bastante peculiar, na qual já existe em curso uma Garantia  de Lei e Ordem (GLO). Isso continua. O que vamos ver agora é o que mais  precisa ser feito.
Há muita crítica por parte da oposição  sobre a intervenção no Rio e a criação do novo ministério, de que  seriam ações eleitoreiras. Como o senhor avalia essa percepção?
Quem tem fome tem pressa. O povo do Rio  tem pressa. As pessoas estão cansadas de receber promessas e clamam:  “Pelo amor de Deus! Entreguem resultados”. A primeira-ministra da Índia,  Indira Gandhi, tem uma frase que ilustra muito bem este momento pelo  qual passa o Rio: “Não conte para o mundo as dores do seu parto, mostre  seu filho”. A sociedade tem carência de entrega. O Ministério da Defesa  vai ajudar o Ministério da Segurança Pública a entregar resultados. E  entregar resultados significa reduzir a insegurança. E isso é uma  construção conjunta.
Já existe um planejamento de como esses resultados serão entregues?
Essa solução não está numa prateleira,  como um medicamento na farmácia. Tem que ser construída. E a sociedade, a  imprensa e as Forças Armadas são partes da construção dessa solução.
Uma crítica à sua indicação é que o  senhor será o primeiro militar a ocupar o Ministério da Defesa nos  últimos anos, o que vai contra o conceito da pasta de ser chefiada por  um civil. Isso o incomoda?
A responsabilidade sobre a defesa e a  segurança do Brasil é de todos os brasileiros, independentemente de  serem civis ou militares. Havendo necessidade, especialistas civis podem  ser convocados para ajudar a construir essas soluções. Assim como eu,  que sou da reserva, o pessoal das três forças que está na reserva  igualmente pode ser convocado a ajudar. As Forças Armadas do Brasil têm  350 mil homens e mulheres. Quem vai para a reserva fica cinco anos à  disposição para ser convocado, é a lei. Eu fui convocado há quatro anos.
Há uma preocupação grande de que as  operações em comunidades do Rio, controladas pelo crime organizado,  possam violar direitos. Como as tropas conseguirão proteger os cidadãos  de bem e prender os integrantes das quadrilhas?
Hoje, a guerra acontece no meio do povo.  Temos que travar essa guerra contra o crime organizado com a ajuda do  povo. Temos doutrina especializada para fazer essa separação.
Telebras e americana Viasat firmam parceria para uso de satélite
Por Alessandra Saraiva Publicada Em 26/02 - 12h17
RIO - A  Telebras e a Viasat, empresa americana de comunicação, firmaram contrato  estratégico de capacidade de satélites de longo prazo para o SGDC 1 -  Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas, de  propriedade da Telebras, para serviço de banda larga a clientes  residenciais especialmente em áreas menos assistidas pelas teles. O  acordo foi assinado em 23 de fevereiro de 2018, e visa avançar no uso  comercial da capacidade da banda Ka do SGDC 1.
Com a parceria, as duas empresas têm como  objetivo trazer internet de alta velocidade e acessível para  comunidades subatendidas e não atendidas em cinturões urbanos, bem como  em áreas rurais e remotas em todo o Brasil.
Os termos específicos do contrato  não foram tornados públicos pelas companhias. No entanto, as empresas  detalharam, em comunicado, que o arranjo foi fundamentado em um modelo  bem sucedido de compartilhamento de receita, e no qual a Telebras espera  que oportunidades de mercado recém-habilitadas possam gerar mais de US$  1 bilhão em receitas para a empresa nos próximos 10 anos.
Ainda de acordo com as empresas, os  equipamentos da Viasat já começaram a ser enviados para o Brasil em  fevereiro de 2018. O serviço inicial da parceria entre as duas  companhias deverá começar em abril de 2018.
O SGDC 1, segundo a Telebras, é um  satélite de modelo HTS (High Throughput Satellite) com cobertura em todo  o território brasileiro e áreas costeiras, e capacidade de  aproximadamente 58 Gigabites por segundo (Gbps), o que representa,  sozinho, a soma da capacidade de todos os satélites atualmente cobrindo o  Brasil, de acordo com a Telebras. A Viasat, por sua vez, oferece  serviços de banda larga residencial, empresarial e governamental, usando  seus próprios satélites.
De acordo com as empresas, o contrato de  parceria Telebras-Viasat compreende serviços e equipamentos fornecidos  pela Viasat e o uso de 100% da capacidade da banda Ka do SGDC-1, operado  pela Telebras, oferecendo acesso à banda larga em todo o Brasil. Assim,  o acordo permitirá o uso da capacidade da banda Ka do SGDC-1 com  implantação de rede terrestre e de infraestrutura da Viasat, e a atuação  da Viasat para oferecer serviços de banda larga para comunidades onde o  serviço de internet tem sido historicamente carente, ou não disponível.
Além disso, nos termos do contrato, a  Viasat alavancará a rede satelital do SGDC-1 para explorar serviços de  satélite para mercados empresariais e de aviação, além de lançar WiFi  Hotspots e serviços residenciais habilitados via satélite, para  comunidades do Brasil que carecem de alta qualidade de serviços  acessíveis de internet.
Temer recebe bem proposta da Boeing
Por Daniel Rittner Publicada Em 27/02 - 05h00
O grupo montado  pelo Planalto para acompanhar a proposta da Boeing ainda espera algumas  explicações, uma delas sobre as garantias de que linhas de produção  importantes não serão levadas para fora do Brasil. Outro questionamento é  sobre o eventual acesso da Boeing às patentes sob domínio da Embraer,  inclusive em outras áreas, como a de defesa.
Boeing e Embraer aguardam aval de Temer
A Boeing e a Embraer apresentaram  ao governo um modelo de acordo pelo qual a multinacional americana teria  51% e a fabricante brasileira ficaria com 49% das ações em uma terceira  companhia, que seria criada exclusivamente para a linha de aeronaves  comerciais, segundo informaram interlocutores próximos do presidente  Michel Temer. Essa divisão é bem vista no Palácio do Planalto, mas Temer  ainda não deu aval à concretização do negócio, conforme relatos de  assessores presidenciais.
De acordo com uma fonte do setor privado,  entretanto, o mais relevante não é a participação da Boeing e da  Embraer na joint venture que estará acima da empresa operacional, mas  sim a fatia de cada uma na empresa operacional em si. "A ideia ainda é  que a Boeing tenha 80% a 90% da empresa operacional", disse. Segundo  esse raciocínio, a Boeing pode ter participação acionária direta na  "companhia de baixo".
O grupo montado pelo Planalto para  acompanhar a proposta da Boeing ainda está à espera de algumas  explicações. Uma das dúvidas gira em torno das garantias de que linhas  de produção importantes não serão realocadas para fora do Brasil. A  preocupação maior nem é tanto com o futuro imediato. O que se busca é  mais clareza de que não haveria migração gradual dos processos de  desenvolvimento e de fabricação de aviões para outros países.
Outro questionamento é sobre o eventual  acesso da Boeing às patentes sob domínio da Embraer, inclusive em outras  áreas, como na de defesa. A transferência de tecnologia associada à  compra dos caças Gripen, da sueca Saab, acentuam a importância disso.  Será preciso definir uma série de salvaguardas para impedir que  tecnologias em posse da Saab acabem indo parar nas mãos da Boeing - sua  concorrente direta no mercado de jatos militares.
Na avaliação do Planalto, as conversas  têm evoluído e estão hoje em situação melhor do que em dezembro, quando o  interesse da Boeing foi inicialmente revelado. Mesmo assim, auxiliares  de Temer evitam falar em um "timing" para o acordo definitivo e reiteram  que o presidente continua irredutível quanto à manutenção de uma  "golden share" (ação de classe especial com direito a veto em questões  estratégicas) com o governo. "Ele ainda quer conhecer no detalhe alguns  itens da oferta", diz um assessor.
Na semana passada, após almoço com o  presidente e comandantes militares, o ministro Raul Jungmann já havia  dado a senha de que houve evolução. "As negociações estão indo bem.  Houve um entendimento de que nós não venderíamos a Embraer, e isso foi  aceito pela Boeing. Então as negociações têm caminhado e há avanços no  caminho da constituição de uma terceira empresa."
Jungmann, principal mediador entre o  governo e as empresas até agora, deixará essa função ao migrar do  Ministério da Defesa para a pasta extraordinária de Segurança Pública.  Ele toma posse hoje. Joaquim Silva e Luna - general do Exército que o  substitui interinamente na Defesa - entrará na linha de frente das  conversas. Luna já vinha acompanhando as discussões, como  secretário-geral do ministério, mas sua ascensão leva auxiliares do  presidente a questionar se poderia haver um endurecimento no diálogo com  a Boeing, dada a resistência dos militares a qualquer tipo de acordo  que sugira desnacionalização da Embraer.
Mesmo de forma temporária, o general é o  primeiro representante das Forças Armadas que comanda a Defesa desde sua  criação, em 1999. (Colaborou Vanessa Adachi, de São Paulo)
Jungmann assume Segurança e Exército ganha poder político
Por Andrea Jubé E Cristiane Bonfanti Publicada Em 27/02 - 05h00
O novo ministro  extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, toma posse hoje com o  desafio de construir uma vitrine para os últimos meses do governo de  Michel Temer: o combate efetivo à violência em todo o país, muito além  da intervenção federal no Rio de Janeiro, mediante a integração das  forças policiais de todos os Estados. O general Joaquim Silva e Luna,  atual secretário-geral do Ministério da Defesa, assume a pasta  interinamente, no lugar de Jungmann, sendo o primeiro militar a assumir o  posto.
Silva e Luna é general da reserva, alçado  à Secretaria-Geral da Defesa na gestão do então ministro Aldo Rebelo,  antecessor de Jungmann - um posto que, até então, era ocupado por civis.  Temer poderá efetivá-lo, já que militares são avessos a muitas mudanças  na pasta, mas antes testará a reação da sociedade ao manter um militar  pela primeira vez no posto. Uma alternativa é indicar um embaixador para  a vaga.
Temer terá, ainda, de acalmar os  ânimos na cúpula da Defesa. O rearranjo de postos deixou insatisfeitos  os oficiais da Aeronáutica, que ficaram sem representação no comando da  pasta. Com Silva e Luna na interinidade, o Exército acumula dois cargos  principais - ministro e secretário-geral. A Marinha ocupa o terceiro  cargo relevante, no comando do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas  (EMCFA), com o almirante de esquadra Ademir Sobrinho.
Após o desgaste nos últimos meses pela  tentativa de aprovar as mudanças nas regras da aposentadoria, Temer  agora corre contra o tempo para hastear uma bandeira de apelo popular em  meio à crise na área de segurança que extrapola as fronteiras do Rio de  Janeiro. Embora Temer seja enfático ao negar o viés eleitoral das  medidas, ele busca reduzir a alta rejeição junto ao eleitorado a fim de  viabilizar um candidato governista à sucessão presidencial, ou no melhor  cenário, arriscar uma candidatura à reeleição.
Jungmann assumirá uma pasta enxuta, com  nove cargos de assessores, além do ministro e do secretário-executivo. O  ministério passará a abrigar a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária  Federal, a Força Nacional de Segurança e o Departamento Penitenciário  Nacional. Após a solenidade de posse, Jungmann vai apresentar suas  primeiras ações à frente do novo ministério e os primeiros nomes de sua  equipe.
Sua primeira missão é articular a  tramitação ágil da medida provisória de criação da pasta. Temer e  Jungmann também vão reunir os governadores para expor as propostas do  ministério e ouvir as reivindicações.
Há meses, governadores de nove Estados  vinham reiterando apelos a Temer para que a União enviasse reforços da  Força Nacional de Segurança, bem como recursos federais, para auxiliar  no combate à violência. Além do Rio de Janeiro, também pediram ajuda os  governadores do Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Ceará, Espírito  Santo, Roraima, Rondônia, Amazonas e Goiás.
O governo identificou problemas  diversificados: rebeliões em presídios, insubordinação dos policiais  militares, greves da polícia civil, roubo sistemático de cargas em  rodovias e aumento explosivo da criminalidade de forma geral.
Temer andava insatisfeito com a atuação  do ministro da Justiça, Torquato Jardim, que não se mostrava atuante na  área que era de sua atribuição. Há um ano, Temer alterou o nome da pasta  para Ministério da Justiça e Segurança Pública, mas a escalada da  violência em vários Estados - culminando com o colapso no Rio -, levaram  o presidente a tirar do papel uma reivindicação antiga da "bancada da  bala".
A pasta sai do papel dez dias após o  início da intervenção federal na área de segurança pública no Rio de  Janeiro, uma medida extrema que foi acompanhada de perto, desde a  gestação por Jungmann, então na Defesa.
Ele já estava afinado com o tema, tendo  acompanhado de perto as medidas de segurança tomadas até agora em todas  as crises, desde os decretos de Garantia da Lei e da Ordem (GLOs) até a  intervenção no Rio. Deputado licenciado pelo PPS por Pernambuco,  Jungmann cogitava afastar-se do cargo para concorrer à reeleição. Mas  seria um pleito apertado, e por isso o apelo do presidente para assumir o  cargo o convenceu a continuar no governo.
Ministro afirma que Forças Armadas não estão "fichando" cidadãos no Rio
Publicada Em 26/02 - 16h47
O  ministro-chefe do gabinete de segurança institucional da Presidência,  Sérgio Etchegoyen, afirmou, em entrevista à rádio Gáucha nesta  segunda-feira, que o Exército não está fichando, nem fotografando  moradores de favelas no Rio de Janeiro. Na última sexta, agentes da  Força Nacional abordavam, moradores da Vila Kennedy, Vila Aliança e  Coreia, na Zona Oeste, e fotografavam os seus documentos de  identificação.
"Não estão fichando e nem fotografando  ninguém. O que as Forças Armadas estão fazendo é, com o sistema de  segurança do Estado do Rio de Janeiro, identificar e mandar para o  centro de controle aquela imagem, para verificar se ela corresponde à  carteira de quem a está portando. Não há fichamento. Ninguém está sendo  fichado."
O ministro Etchegoyen destacou  ainda que a situação do Rio foi construída ao longo de anos, e se  agravando com o decorrer do tempo. Ele também citou exemplos onde os  cidadãos são fotografados e têm o documento verificado para defender a  ação dos militares.
"Quem achar isso muito ruim não pode  entrar no Palácio do Planalto, na sede de um banco, num condomínio ou  dentro de uma emissora de rádio. Essas coisas são muito curiosas. A  gente quer resolver uma crise dramática e profunda, achando que não vai  ter incômodo. Vai ter incômodo. As pessoas nas comunidades perderam o  direito de ir e vir. "
NOVO MINISTÉRIO
Durante a entrevista, o general foi  questionado sobre o novo ministério da Segurança Pública e sobre a  composição da pasta, que terá Raul Jungmann como titular. Ele garantiu  que não haverá a criação de cargos.
"O Ministério que será criado, por medida  provisória, reúne instituições que já existem: a Polícia Rodoviária  Federal (PRF), Polícia Federal, Secretaria Nacional de Segurança  Pública... São estruturas que já existem, mas que agora trocarão de  comando. Não se cria nenhum cargo com isso. Ou eles serão transformados,  ou então transferidos, com cargos já disponíveis na administração  pública. Essa foi a decisão", explicou.
Ainda de acordo com Etchegoyen, o general  Walter Souza Braga Netto, que comanda a operação, é outro governador do  Estado do Rio, o que leva, segundo o ministro, o Rio a ter dois  governadores durante a intervenção: um que trata do Estado, menos da  segurança pública, e outro que cuida apenas dessa área, se reportando ao  presidente Michel Temer. Ele destaca ainda que o ministério criado será  uma questão prioritária para o governo, e afirma que existe uma "legião  de brasileiros aos quais são negados os direitos e garantias  individuais previstos na Constituição, o que ele chama de "grande  tragédia humana".
"Essas pessoas não valem uma estrutura  nova? Nós vamos negar esses direitos? Há uma necessidade urgente de  integrar todo o esforço de segurança pública nos Estados com a União.  Isso significa integrar base de dados, comunicações, planejamentos..."
PORTAL TELE SÍNTESE (SP) - Quase um ano após o lançamento, satélite da Telebras encontra operador
Viasat venderá banda larga residencial, corporativa e para o setor de aviação civil em modelo de revenue share com a Telebras. Também fornecerá a infraestrutura para o programa federal Gesac.
Rafael Bucco Publicada Em 26/02
A empresa  norte-americana Viasat assinou um acordo estratégico com a Telebras. O  contrato prevê que a Viasat forneça a infraestrutura terrestre para  funcionamento do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações  (SGDC).
Lançado em maio 2017, o satélite passou  quase um ano no espaço sem usar sua capacidade civil por falta de  infraestrutura em solo. Com o acordo, a Telebras poderá, finalmente,  entregar os serviços de inclusão digital para o qual foi concebido.
A estatal vai receber cerca de R$ 663  milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações  (MCTIC) para colocar em prática o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
Conforme as empresas, a Telebras vai usar  a infraestrutura da Viasat para entregar acesso à internet banda larga  em comunidades pouco atendidas, postos de saúde, hospitais, escolas e  órgãos públicos.
O contrato prevê que a Viasat toque o  programa Gesac/Internet para Todos. A política pública, encampada pelo  ministro Gilberto Kassab, vai dotar provedores e operadoras com  capacidade de baixo custo em rincões do país. Ali, as empresas poderão  revender a conectividade adquirida do satélite público, com incentivos  fiscais.
Em contrapartida
Em contrapartida
O acordo dará à Viasat o direito de  exploração comercial de uma fatia da capacidade do SGDC. O equipamento  tem 56 Gbps de banda Ka. Quanto disso a empresa poderá usar, não está  claro, ainda.
Segundo a companhia, haverá venda de  serviços de conectividade para empresas e para o mercado de aviação.  Também vai espalhar hotspots WiFi conectados por satélite pelo país e  vender acesso residencial de baixo preço.
Os termos financeiros do acordo não foram  revelados. Conforme a Viasat, o contrato prevê partilha das receitas  obtidas (revenue share, no jargão executivo). A Telebras calcula que o  acordo resulte em receita de ao menos US$ 1 bilhão (US$ 3,2 bilhões) ao  longo dos próximos 10 anos.
A Viasat já começou o despacho de equipamentos para o Brasil. Estima que as vendas comecem em abril.
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