IATA: Crescimento desacelera novamente em julho


- A demanda de passageiros em julho foi 3,4% superior ao mesmo mês do ano passado, ante um aumento de 6,3% em junho e um crescimento médio de 6,5% sobre o primeiro semestre de 2012. Esse abrandamento do crescimento de viagens está sendo impulsionado em grande parte pela recente queda da confiança das empresas em muitas economias.
- Em relação à demanda de carga em julho, foi 3,2% menor do que no mesmo mês do ano passado. Essa é uma taxa de crescimento que diminiu 0,1% ano a ano. Grande parte desse declínio foi devido a uma comparação com o mês de julho relativamente forte do ano passado, mas no geral a tendência de transporte aéreo de carga é fraca, alinhada com o débil crescimento do comércio mundial.
As companhias aéreas têm respondido a esse ambiente de crescimento mais lento, reduzindo a capacidade adicional de mercados, um movimento que se estabilizou por causa de fatores de carga em níveis relativamente altos, e de algum apoio para a rentabilidade diante do elevado preço dos combustíveis. Em julho a capacidade de passageiros aumentou 3,6%, de acordo com a expansão do tráfego, mantendo o fator de carga a um nível relativamente elevado de 83,1%.
"A perspectiva de incerteza econômica está tendo um impacto negativo sobre a demanda de transporte aéreo", diz Tony Tyler, diretor-geral e CEO da IATA. "O negócio de carga é de 3,2% menor do que era há um ano. Quanto aos passageiros, com exceção da África, do mercado doméstico da China e do Oriente Médio, foi verificada uma queda em julho em relação a junho. Já a demanda de passageiros em geral ficou 3,4% maior em julho em relação ao mesmo mês de 2011. Mas se vê claramente que a tendência de crescimento está desacelerando. Somando-se isso aos preços dos combustíveis, é provável que tenhamos uma cenário um pouco mais duro na segunda metade do ano. "
Year on Year Comparison | July 2012 vs. July 2011 | YTD 2012 vs. YTD 2011 | ||||||||||
| RPK | ASK | PLF | FTK | AFTK | FLF | RPK | ASK | PLF | FTK | AFTK | FLF |
International | 3.5% | 3.5% | 83.3% | -3.3% | -0.1% | 48.1% | 6.8% | 4.7% | 78.7% | -2.8% | 1.6% | 48.9% |
Domestic | 3.1% | 3.8% | 82.6% | -2.4% | -2.2% | 26.9% | 4.5% | 4.1% | 79.4% | 0.6% | -1.1% | 28.4% |
Total Market | 3.4% | 3.6% | 83.1% | -3.2% | -0.6% | 43.7% | 6.0% | 4.5% | 78.9% | -2.4% | 1.0% | 44.6% |
Mercados internacionais de passageiros
A demanda internacional de passageiros em julho cresceu 3,5% em relação ao mesmo período do ano passado, exatamente alinhado com a expansão de 3,5% na capacidade. O fator de carga se manteve em 83,3%. A desaceleração se torna evidente ao se comparar ao mês anterior, de junho, quando a taxa anual foi de 7,5%. O crescimento durante o primeiro semestre do ano também foi de 7,5%. O abrandamento do crescimento de viagens aéreas internacionais tem se concentrado nos últimos meses, em linha com o declínio da confiança empresarial. A fraqueza em alguns mercados-chave de viagens domésticas aéreas tem sido evidente por um período bastante longo. Somente transportadoras africanas e do Oriente Médio mostraram crescimento mês a mês.
- As companhias aéreas europeias registaram um crescimento de 4,8% (ante 7,3% em junho) em serviços internacionais em relação a julho de 2011, com uma taxa de ocupação média de 85,7%, que significa uma desaceleração relativamente modesta do crescimento médio de 6,5% visto no primeiro semestre do ano. Apesar da recessão em muitos mercados domésticos europeus, as companhias aéreas da região têm sido capazes de sustentar o crescimento em mercados de longa distância para regiões onde o crescimento econômico é mais forte.
- Para as companhias aéreas norte-americanas o tráfego internacional caiu 2,1% ano a ano em julho (depois de subir 1,6% em junho), em parte pela decisão de cortar capacidade no chamado mercado do Atlântico Norte. Em relação a junho (o mês anterior), a demanda retraiu 1,3%. O fator de carga foi de 86,7%, o maior entre todas as regiões.
- As transportadoras da Ásia-Pacífico viram crescimento da demanda de apenas 0,9%. Essa é a maior desaceleração desde os 5,8% registrados em junho na comparação ano a ano. Além disso, em comparação com o mês anterior (junho de 2012), a demanda recuou 1,3%. As companhias aéreas europeias parecem estar se beneficiando mais do que as empresas da Ásia-Pacífico, que têm tido fluxos comerciais recentemente mais fortes de oeste para leste, enquanto as companhias aéreas do Oriente Médio continuam a oferecer forte concorrência em mercados de longa distância. A tendência de declínio começou no segundo trimestre de 2012 e já continuou no terceiro.
- As companhias aéreas da América Latina registaram um crescimento de 5,7%, o segundo maior entre as regiões. A taxa de ocupação ficou em 82%. Transportadoras da região, no entanto, não poderiam contrariar a tendência de desaceleração, após um crescimento médio de 10,1% no primeiro semestre do ano. Recentemente as principais economias da região, como o Brasil, viram uma interrupção do crescimento econômico, o que tem afetado viagens e frete.
- As empresas do Oriente Médio perceberam o crescimento de tráfego de 11,2% na comparação anual, embora tenha sido superada por um aumento de 12,4% na capacidade. Em relação a junho, o tráfego cresceu apenas 0,1%. Tendências de crescimento da região foram afetadas pelo Ramadã, que começou em julho deste ano.
- O tráfego das companhias áreas africanas subiu 5,2% ano a ano, abaixo do aumento de 6,3% na capacidade. A taxa de ocupação foi de 73,1%, de longe a mais baixa de toda a região. Companhias aéreas do continente têm visto um forte crescimento de 10,8%, em média, durante o primeiro semestre do ano. Essa tem sido, em parte, uma recuperação da Primavera Árabe, mas também reflete o relativo sucesso de muitas economias africanas no presente.
Mercado doméstico de passageiros
Os mercados domésticos também tiveram crescimento lento, mantendo a tendência que começou no início deste ano. No total, o tráfego cresceu 3,1% ano a ano, uma queda de 4,2% em junho. No entanto, a desaceleração não foi universal, com a China e o forte crescimento do Brasil, que foi compensado pela fraqueza na Índia e no Japão.
- O mercado interno da China se recuperou acentuadamente com a desaceleração no início deste ano para enviar o crescimento da demanda de 9% em julho, acima dos 7,8% de crescimento ano a ano visto em junho. Com capacidade de até 12,1%, o fator de carga caiu de 86,5% para 84,1% no ano passado.
- No Japão o mercado interno cresceu apenas 4,2% em relação ao período do ano passado e caiu 1% em relação a junho. A capacidade cresceu 7,9% e a taxa de ocupação foi a mais baixa do mercado: 58,7%. No geral, o mercado recuou 4% este ano e é 10% menor do que antes do terremoto.
- O tráfego nos Estados Unidos caiu 0,4% em julho, enquanto a capacidade cresceu 0,2%. O fator de carga caiu de 87,4% para 86,8% no ano passado, ainda o maior entre todos os mercados domésticos.
- O Brasil teve o maior crescimento depois da China, com o aumento do tráfego de 8,5% e um aumento de 3% na capacidade. A taxa de ocupação subiu de 73,8% para 77,7% em julho passado. Contudo, o crescimento abrandou em relação a junho, caindo 2,3%.
- O tráfego doméstico indiano caiu 1,1% em relação há um ano, o pior desempenho de todos os mercados, refletindo o enfraquecimento da economia, entre outros fatores. Após uma expansão de 20%, mais as taxas até 2010 e início de 2011, o mercado indiano parou de crescer no fim de 2011. A capacidade de julho subiu 2,1% em relação ao ano passado.
Frete aéreo nacional e internacional
A demanda de carga aérea recuou 3,2% em comparação a julho de 2011, mas manteve-se inalterada em relação a junho. As empresas do Oriente Médio registraram um aumento de 16% na demanda ano a ano, mas todos os outros mercados declinaram, e uma pequena recuperação pôde ser vista desde o fim de 2011.
- As empresas de carga da Ásia-Pacífico tiveram um declínio de 7,6% na demanda em julho na comparação com o ano anterior, a queda mais acentuada para a região, enquanto a capacidade caiu 4,3%. As operadoras da Ásia-Pacífico não tiveram praticamente nenhum crescimento no tráfego de mercadorias desde o quarto trimestre de 2011. As companhias aéreas europeias tiveram um declínio de 3,6% no tráfego, com um aumento de 0,9% na capacidade, e viram um aumento de apenas 1% na demanda desde o quarto trimestre de 2011.
- As companhias aéreas da América do Norte tiveram uma queda de 3,6% na demanda, combinando uma redução semelhante na capacidade. A taxa de ocupação foi a mais baixa para a região: 32,3%.
- As transportadoras do Oriente Médio cresceram 16% no tráfego com um impulso de 11% na capacidade, ajudando a aumentar a taxa de ocupação em 2%, para 45,3%.
- A demanda das companhias aéreas da América Latina caiu 5,6%, enquanto a capacidade subiu 13,9%, resultando em uma taxa de ocupação de 35,2%.
Ponto de partida:
"O grande sucesso dos Jogos Olímpicos de Londres foi também um importante lembrete do papel vital que a aviação internacional desempenha em conectar o mundo e facilitar o trafégo de passageiros nos megaeventos. Agora todos os olhos estão voltados para o Brasil, que sediará a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. A aviação terá um papel-chave lá também ", disse Tyler.
"Vai exigir um esforço de equipe para garantir a infraestrutura de aviação do Brasil. É um desafio", disse Tyler. A aviação brasileira gera cerca de 940 mil empregos e representa 1,3% do PIB. Mas, apesar da importância econômica da aviação para o Brasil, o País ocupa o 93º lugar no Índice de Competitividade do Turismo na qualidade de infraestrutura de transporte aéreo, durante o Fórum Econômico Mundial.
Na semana passada o Brasil sediou o primeiro Aviation Day, um evento da IATA em parceria com a Associação de Transporte Aéreo da América Latina e Caribe (ALTA, sigla em inglês). "Com foco em padrões globais, a indústria e o governo procuraram formas de cooperar para assegurar que a aviação brasileira continue a ser um motor de crescimento, operando em níveis cada vez mais elevados de segurança, eficiência e sustentabilidade", disse Tyler.
"O que é verdadeiro para o Brasil é também verdadeiro para o resto do mundo. Aviação gera 56,6 milhões de empregos e tem um impacto econômico global de US$ 2,2 trilhões. Os governos devem tratar esse recurso de forma inteligente, com regimes fiscais que não matem o crescimento, regulações que facilitem o crescimento da infraestrutura, que pode eficientemente acomodar o crescimento."
Sobre a IATA: A Associação Internacional de Transporte Aéreo representa aproximadamente 240 linhas aéreas responsáveis por 84% do tráfico global aéreo.
Fonte: IATA
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