Com atraso de 2 anos, Congonhas terá nova torre em setembro; Após 5 anos, nº de voos e passageiros volta a crescer


ADRIANA FERRAZ, NATALY COSTA .
Com quase dois anos de atraso, o Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, vai finalmente ganhar outra torre de controle. A inauguração está marcada para o início de setembro. Com nove andares, 40 metros de altura - o dobro do tamanho da atual - e uma cabine mais ampla, o novo prédio promete melhorar a visibilidade dos operadores e acabar com os pontos cegos.
Planejada desde 2007, após a tragédia com o Airbus da TAM, a obra teve início apenas em julho de 2009. Nos dois anos anteriores, o governo federal optou por reformar a estrutura atual ao custo de R$ 3,5 milhões. Quando o serviço ficou pronto, veio a promessa: Congonhas teria a nova torre no fim de 2010, por R$ 11 milhões. Mas a demora fez com que o investimento saltasse para R$ 14,5 milhões, alta de 32%.
De acordo com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), a torre agora está "em fase de acabamento" - assim como estava há um ano, em junho de 2011. Atualmente, é preparada para a instalação dos equipamentos até 10 de agosto.
Já segundo a Aeronáutica, os aparelhos foram adquiridos em 14 de junho de 2011, quando era esperada, já com atraso, a entrega da obra. Como não puderam operar na nova torre, alguns foram instalados na atual para não ficarem guardados. O conjunto custou cerca de R$ 4 milhões.
Testes. Por um mês, as duas torres vão operar juntas, para acomodação dos operadores de tráfego e testes na aparelhagem. A Infraero reconhece que o projeto passou por reajuste, mas nega atraso na conclusão. A empresa ressalta que a abertura não é emergencial, já que a estrutura atual cumpre sua função.
Segundo especialistas, porém, o ganho de altura aumentará sensivelmente o controle de pátio e pista, melhorando a segurança. O engenheiro aeronáutico Jorge Leal Medeiros, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), diz que a nova torre vai dar aos controladores uma visão completa do aeroporto. "Até do antigo pátio da Vasp", afirma, referindo-se à área de 170 mil m² que deve ser integrada a Congonhas.
O chefe do Instituto de Aeronáutica do ITA, Claudio Jorge, destaca a importância dos novos equipamentos, mas chama a atenção para "o perigo que ainda se mantém em Congonhas, já que as pistas seguem as mesmas, assim como a área de escape".
A limitação do aeroporto é tida como uma das causas da tragédia de 17 de julho de 2007, quando o avião que fazia a rota Porto Alegre - São Paulo derrapou na pista, atravessou a Avenida Washington Luís e se chocou contra um prédio da própria TAM. Deixou 199 mortos e nove feridos.
Após 5 anos, nº de voos e passageiros volta a crescer
Estatísticas oficiais de Congonhas mostram que aeroporto já opera no limite permitido de pousos e decolagens
Passada a pressão pelo aprimoramento da segurança, a partir da redução do número de voos por hora - que passou de 46 para 34 -, todas as estatísticas de Congonhas estão em alta. Nos cinco primeiros meses deste ano, 86,5 mil aeronaves pousaram ou decolaram. No mesmo período de 2007, pouco antes do acidente, a média era de 91,5 mil operações.
A promessa de deixar o aeroporto mais vazio também parece esquecida. Foi respeitada em 2008 e 2009, quando o número anual de passageiros não passou de 13,7 milhões - antes da tragédia, em 2006, foram 18,4 milhões. Em 2010, porém, chegou a 15,5 milhões e, no ano passado, a 16,7 milhões, mesma quantidade aguardada para este ano.
A nova lotação de Congonhas preocupa quem já enfrentou o trauma de um acidente aéreo. Sandra Assali, que perdeu o marido na queda do Fokker-100 da TAM em 1996, também na capital, lembra que várias promessas não foram cumpridas pelos órgãos responsáveis.
"A área de escape, por exemplo, não foi ampliada. Como naquela época, o risco de um avião derrapar e ultrapassar os limites do aeroporto permanece o mesmo. Tanto se falou sobre desapropriações e nada ocorreu. E a nova torre de controle? Está prometida há anos e ainda não foi inaugurada. A atual tem pontos cegos", reclama Sandra, que hoje preside a Associação Brasileira de Parentes e Amigos das Vítimas de Acidentes Aéreos.
Barulho. Vizinha de Congonhas, Sandra também reclama do excesso de ruído provocado pela movimentação de aeronaves. "Além de mais segurança, nossa associação briga pela redução no horário de funcionamento, que hoje é das 6 às 23 horas. Queremos diminuir uma hora de manhã e outra à noite. E também evitar mais voos nos fins de semana."
Em abril, o aeroporto ganhou mais 119 pousos e decolagens nos fins de semana - as autorizações de voos já existiam, mas os horários não eram usados pelas companhias aéreas.
Fonte: / Notimp
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