|

Visita de Dilma a Obama traz poucos resultados de imediato, mas sinaliza a disposição dos dois presidentes de incrementar a cooperação

Denize BACOCCINA e Carla JIMENEZ .

Um grupo de 70 diplomatas americanos, baseados em Washington, dedica, diariamente, algumas horas ao estudo da língua portuguesa. A maioria deles deve ser integrada ao consulado americano em São Paulo e às outras duas unidades diplomáticas que serão reabertas no País, em 2014, uma em Porto Alegre e outra em Belo Horizonte.

O intensivo é uma parte visível da intenção do governo americano de conceder um atendimento preferencial para facilitar a entrada dos cidadãos brasileiros nos Estados Unidos, oficializada durante a visita da presidenta Dilma Rousseff ao seu colega Barack Obama, em Washington, na semana passada. O desejo de facilitar a liberação de vistos já havia sido manifestado por Obama em janeiro, durante um discurso na Disneyworld, na Flórida.

O gesto demonstra a disposição da Casa Branca de estreitar o relacionamento com o País, uma vez que facilitar o acesso ao país é a garantia de futuros investimentos e consumo. Muito consumo. Só no ano passado, mais de um milhão de turistas brasileiros gastaram, em média, US$ 5 mil cada um. A presidenta Dilma, por outro lado, também quer estender o tapete vermelho para investimentos dos Estados Unidos no Brasil.

Em encontro com empresários locais, ela colocou alguns dos principais integrantes de sua comitiva, como os ministros Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, e Luciano Coutinho, presidente do BNDES, para fazer o marketing brasileiro. A plateia mostrou-se ávida por informações sobre a expansão da atividade em setores estratégicos, como petróleo, aeroportos e energia renovável.

Mas não faltaram perguntas incômodas sobre as medidas recentemente anunciadas pelo governo, de aumento de tarifas para importados e da obrigatoriedade de conteúdo local para alguns setores. Coube ao presidente do BNDES esclarecer o assunto. “São medidas pontuais, e não estruturais”, garantiu Coutinho.

A falta de sinalizações positivas para assuntos delicados, como a reivindicação do Brasil de ocupar um assento no Conselho de Segurança da ONU, em junho, demonstrou que os americanos querem aproximar-se, “pero no mucho”. “Eles ainda não se recuperaram, por completo, da decepção com a postura brasileira durante o debate sobre o enriquecimento de urânio do Irã, há dois anos”, diz um diplomata que acompanhou os encontros nos Estados Unidos.

Naquela época, o então presidente Lula tentou costurar um acordo para evitar as sanções contra os iranianos. Seria essa uma das razões pela qual a presidenta não foi convidada para um jantar oficial na Casa Branca? Talvez. A falta de cortesia americana chegou a ser destacada pelo jornal britânico The Guardian, que considerou a postura do presidente Obama gélida para "uma das mulheres mais importantes do Hemisfério Norte".

Mas o discurso público foi entusiasmado. “As relações entre Brasil e Estados Unidos nunca foram tão fortes, mas sempre podemos melhorar”, afirmou Obama, chamando Dilma de "parceira". De qualquer modo, a presidenta vem pavimentando a retomada das relações, usando o programa Ciência sem Fronteiras como uma ponta de lança.

O projeto, que visa oferecer 101 mil bolsas de estudo para pós-graduação a estudantes brasileiros no Exterior, reserva 20 mil vagas em universidades dos Estados Unidos. “É necessário ampliar o intercâmbio educacional e de inovação”, disse Dilma na segunda-feira 9, em Washington. No dia seguinte, a presidenta visitou a Universidade de Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

Até o final do ano, um centro de pesquisa do MIT será montado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica, em São José dos Campos (SP). Dilma permaneceu pouco mais de 48 horas em solo americano, onde aproveitou para reclamar do tsunami financeiro dos países ricos e do déficit na balança comercial com os Estados Unidos.

Tratou, também, do cancelamento, pela Força Aérea americana, do contrato de venda de 20 aviões Super Tucanos, fabricados pela Embraer. De concreto, trouxe o reconhecimento americano da denominação de origem para a cachaça brasileira. Até agora, os produtores nacionais eram obrigados a classificar a bebida como “brazilian rum” para entrar nos EUA.

O reconhecimento tem grande valor simbólico, avalia Gabriel Rico, presidente da Câmara Americana de Comércio (Amcham). “Historicamente, os investimentos americanos seguem a rota da diplomacia”, diz Rico. “E o momento é perfeito, uma vez que as companhias dos Estados Unidos estão capitalizadas, buscando mercados com potencial de lucro, como o brasileiro.”

Fonte: / NOTIMP


Leia também:










Receba as Últimas Notícias por e-mail, RSS,
Twitter ou Facebook


Entre aqui o seu endereço de e-mail:

___

Assine o RSS feed

Siga-nos no e

Dúvidas? Clique aqui




◄ Compartilhe esta notícia!

Bookmark and Share






Publicidade






Recently Added

Recently Commented