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Antártida: Refazer o orgulho; Licitação internacional para reconstruir base

Cristovam Buarque .

O Brasil é um dos poucos países com base na Antártida. Ao longo de mais de 20 anos tem mantido de forma permanente grupos de cientistas e militares que se revezam, tentando entender aquele continente e as consequências de seu clima para o futuro do Planeta.

Ali são feitas pesquisas sobre a vida marinha em baixas temperaturas, sobre fontes de alimentos de micro-organismos, pesquisas sobre as mudanças climáticas e inclusive sobre recursos naturais disponíveis. Além disso, ali o Brasil mostra que aceita desafios. Não temos como enviar uma tripulação ao espaço sideral, mas não fugimos de ter nossa base na Antártida e de sentirmos orgulho por isso.

Esta Estação Comandante Ferraz tem custado um enorme esforço às nossas Forças Armadas, especialmente à Marinha e à Aeronáutica, e tem atraído apoio de diversos setores entre os quais uma Frente Parlamentar de Apoio ao Programa Antártico Brasileiro (ProAntar), como é conhecido o programa, que sempre contou com o apoio do Congresso Nacional, desde 2007.

Mais de 52 senadores e 120 deputados fazem parte dessa Frente, todos dispostos a prestar o apoio indispensável para que, tanto às atividades de pesquisa quanto a logística da presença brasileira no Continente Antártico tenham condições de se desenvolver a contento. Para isso, a Frente Parlamentar tem mantido contato com os órgãos que conduzem os processos inerentes aos trabalhos científicos desenvolvidos na Antártida, especialmente com os Ministérios da Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

De repente, ainda não sabemos por que um incêndio com explosão, provavelmente no depósito de combustível, transformou a nossa base e os nossos dados das pesquisas em cinzas. Visitei duas vezes a Antártida, em uma delas foi possível ir ate a Estação. Muitos vibram com a seleção de futebol, eu vibrei ao posar com uma bandeira ao lado dos cientistas e militares naquele ponto extremo do planeta, sabendo que estava em território brasileiro e ao lado de pesquisadores brasileiros. Há anos sou presidente da Frente Parlamentar ProAntar e talvez por isso tenha sido informado logo no início e certamente devo ser um dos que mais sentem o drama do que estamos vivendo.

A morte de dois militares, além de ferimentos em outro, e a destruição das pesquisas, salvo aquelas já compartidas pela internet, deixou-me com a sensação de uma imensa tragédia para o Brasil, embora em um ponto tão distante. Ao mesmo tempo despertou a vontade de fazer tudo o que for possível para ajudar na recuperação daquele nosso território científico. Emenda de minha autoria ao Orçamento da União deste ano, mesmo sendo de pequeno valor – R$ 500 mil – pode colaborar para o início imediato da reconstrução da Estação Comandante Ferraz.

A partir desta semana, a Marinha já começa a entender o que houve e a fazer os trâmites para reconstruir a Estação Comandante Ferraz. Estamos certos que não serão poupados esforços de todos nós e do governo brasileiro para que, em breve, todo o trabalho de pesquisa possa ser retomado e o Brasil possa mostrar que teve uma Base, mas que já tem uma outra nova construída.

O custo disso será quase nada se comparado com os custos com a Copa do Mundo, as Olimpíadas e o trem bala. E, com certeza, muito mais resultados positivos para o orgulho nacional e para as pesquisas mundiais. Trata-se de refazer um orgulho brasileiro.

Licitação internacional para reconstruir base

BRASÍLIA – O Brasil abrirá uma licitação internacional para a construção de uma nova estação científica na Antártida. O anúncio foi feito ontem pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Raupp. O complexo deve começar a operar no verão de 2014-2015, no sítio da Base Comandante Ferraz, destruída por um incêndio no sábado.

Enquanto a nova estação não fica pronta, os principais líderes da pesquisa antártica no Brasil, que se reuniram ontem em Brasília, propuseram ao governo duas formas de dar continuidade aos projetos científicos na região: alugando um terceiro navio para servir de base – o Brasil tem dois navios polares, um de pesquisa e um de apoio logístico – e transferindo equipamentos brasileiros para estações vizinhas, de países que já ofereceram ajuda.

Segundo o secretário de Programas de Pesquisa do MCTI, Carlos Nobre, a primeira medida emergencial será colocar no ar os sistemas de coleta de dados que sobreviveram ao incêndio, como o módulo de meteorologia do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Hoje esses sistemas estão ameaçados pela falta de energia.

Já no próximo dia 20, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) levará a Ferraz painéis solares e outros equipamentos para permitir a continuidade da coleta de dados.

Raupp também afirmou anteontem que a pasta vai liberar recursos adicionais para repor os equipamentos que foram perdidos no incêndio. “Teve gente que perdeu equipamento de US$ 800 mil”, disse o glaciologista Jefferson Simões, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera.

O navio polar Almirante Maximiano também deverá receber equipamentos científicos adicionais – previstos desde sua compra, em 2008, mas nunca instalados – que o habilitem a funcionar como base de pesquisas. O detalhamento orçamentário da recuperação da parte científica do programa antártico deve ser conhecido hoje.

A ideia de contratar uma empresa especializada em projetar e construir na região polar partiu da própria Marinha, e foi recebida com alegria, e certo espanto, pelos cientistas.

Fonte: / NOTIMP









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