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Militares e fronteira

O Ministério da Defesa acerta na medicação e erra na dosagem. Este conceito figurado se encaixa perfeitamente bem na questão do controle da fronteira do Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul com os países produtores de cocaína e maconha.

Dia 3, numa coletiva em Cáceres, o general-de-exército e titular do Comando Militar do Oeste (CMO), João Francisco Ferreira, disse aos jornalistas que os militares que ora participam da operação Ágata 3, de combate os crimes transnacionais na faixa de fronteira, sairão daquela região, “por razão legal” e que serão substituídos por policiais militares e federais.

O problema mais grave enfrentado pelo Brasil fora da área política, onde a corrupção foge ao controle, é o tráfico de drogas, que ganhou capilarização nas cidades e zona rural. A cocaína - e a maconha - que chega aos usuários e que espalha problemas de saúde ao mesmo tempo em que é o principal agente da violência, entra no país pela fronteira ora sob o crivo de Ágata 3.

Esse problema é impossível de ser revertido, mas pode ser reduzido a níveis ditos suportáveis. Para tanto o Brasil precisa criar política de segurança permanente na fronteira, investir em tecnologia de patrulhamento e criar uma rede de Inteligência interna e no exterior. No entanto, ao invés de adotar esses procedimentos o governo federal teima em efetuar dispendiosas e improducentes operações conjuntas de militares com policiais para intimidar os barões das drogas.

O que o general do CMO disse não é novidade. Na segunda-feira, o vice-presidente da República e coordenador do Plano Estratégico de Fronteiras (PEF), Michel Temer, vai a Campo Grande (KMS) e a Cáceres, para inspecionar e encerrar Ágata 3, a operação conjunta da Marinha, Exército e Aeronáutica com a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar e Polícia Civil, que iniciou em 22 de novembro e conta com efetivo de 6.500 homens e mulheres que fazem varredura nos cinco estados acima citados.

Se ao invés das grandes operações o governo federal estivesse presente na fronteira permanente e não de modo sazonal, o narcotráfico sofreria duro golpe. Porém com a filosofia ora adotada a estrutura criminosa não é abalada, porque sofre apenas curtas interrupções.

Brasília precisa entender que a questão da fronteira vai muito além do narcotráfico e do roubo e furto de veículos no Brasil para serem trocados por cocaína na Bolívia e vizinhança. A droga também é problema nas áreas de segurança pública, saúde e social.

A realidade da fronteira com os países produtores de drogas não pode ser vista nem tratada com visão limitada. Ela exige amplitude de entendimento, discernimento administrativo e requer apoio popular. O combate aos crimes transnacionais não precisa de tamanha demonstração de força como é o caso de Ágata 3; para enfrentá-lo basta presença constante de militares e policiais na área, mas além deles é imprescindível que haja política de segurança permanente na fronteira.

Fonte: Diario de Cuiaba / NOTIMP








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