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Aeroportos: em vez de greve, eficiência

Funcionários da Infraero rejeitam a privatização, mas deviam se preocupar em prestar serviços melhores aos passageiros .

Denize Bacoccina .

Ao decretar uma greve de 48 horas nos aeroportos de Cumbica, Viracopos e Brasília, os funcionários da Infraero atiraram no próprio pé. Os transtornos que tal atitude vão ocasionar aos passageiros não serão tão diferentes daqueles que acontecem em um dia de operação normal: atrasos de voos, salas de embarque lotadas e compromissos cancelados. Tanto que no primeiro dia de paralisação, na quinta-feira 20, o índice de atrasos ficou praticamente igual ao de outros dias. Mas o que querem os funcionários que cruzaram os braços? Eles protestam contra a privatização dos aeroportos, a primeira boa ideia da direção da Infraero em muito tempo. Temem perder o emprego ou ter de trabalhar mais com a nova administração privada. Já receberam garantia de que ficarão por 12 meses, mas querem muito mais: estabilidade por cinco anos.

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Claro que sempre existe a possibilidade de com a privatização o serviço permanecer tão ruim quanto hoje. Mas é difícil imaginar que possa piorar. Nos últimos anos, a Infraero melhorou um pouco a aparência dos aeroportos brasileiros. Mesmo assim, o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, não resiste à comparação com outros aeroportos internacionais. O principal terminal da sétima maior economia do mundo deixa a desejar em todos os quesitos: de pontualidade e segurança na gestão do tráfego aéreo ao conforto oferecido aos passageiros. Embora os serviços de transporte americano e europeus estejam anos-luz à frente dos brasileiros em oferta de voos e facilidade de conexão, é na Ásia que estão os mais modernos aeroportos atualmente. O de Pequim, que inaugurou um novo terminal em 2008 para a Olimpíada e se tornou um dos maiores do mundo em fluxo de passageiros, apresenta uma eficiência nunca vista em terras brasileiras.

O embarque dos passageiros, em saguões amplos e iluminados, se dá em menos de 15 minutos. Outro lugar que deveria servir de inspiração para os brasileiros é Cingapura, pequena ilha no Sudeste Asiático, considerada um exemplo de eficiência em logística. O aeroporto de Changi, eleito o melhor do mundo em 23 de seus 30 anos de existência, trata seus usuários com a preocupação de prestar um bom serviço. Foi assim que ele se tornou o ponto de conexão mais importante da região, atendido por 102 empresas aéreas, que voam para 209 cidades em 60 países. Não bastasse isso, os 42 milhões de passageiros que passam pelos terminais a cada ano não podem reclamar também da falta de serviços nem de conforto. São 290 lojas, que vendem livros, roupas, cosméticos e bebidas alcoólicas e 130 pontos de alimentação.

Como a grande parte dos passageiros está em conexão, o aeroporto oferece uma série de serviços para amenizar a espera entre um voo e outro. Entre eles, cinco jardins, um deles com mil borboletas, 550 terminais com acesso gratuito à internet (além de conexão wi-fi também grátis), diversas cadeiras reclináveis para descanso, carregadores de celulares com chave, aparelhos de massagem para os pés, um cinema gratuito, um hotel de trânsito dentro da área de segurança e spa com piscina. E tudo isso gerido por uma empresa que, embora pública, tem metas de eficiência e a obrigação de ser lucrativa. Em vez de buscar apenas garantir os seus empregos, seria de bom tom se os funcionários da Infraero seguissem o exemplo de Cingapura e buscassem aumentar a qualidade do serviço que prestam.

Fonte:
/ NOTIMP








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