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Especial Rio: Exército abre inquérito sobre conflito no Alemão



Ministério Público também investiga se houve excesso na ação de militares. Para comandante da Força de Pacificação, confronto pode ter sido reação a apreensão de caminhões do tráfico .

Marco Antônio Martins .

Exército e Ministério Público Federal abriram inquéritos sobre participação de militares no confronto com moradores, no domingo à tarde, no complexo do Alemão (zona norte do Rio). Ao menos 12 pessoas, sendo dois soldados da Força de Pacificação, ficaram feridos. O Exército quer saber se houve excessos dos militares na abordagem a um morador. Ele teria começado a xingá-los durante a transmissão de um jogo de futebol pela TV. A discussão cresceu e resultou no confronto entre 80 soldados e cerca de 20 moradores.

Elaine de Souza Morais, 17, voltava para casa com o filho, de três anos, quando ouviu gritos e tiros. "Quando vi, tinha sido atingida na boca por uma bala de borracha." Atingido no pescoço, o almoxarife Wilson Alves, 31, disse que os soldados ameaçaram levar até o quartel quem estivesse com marca da violência.

Para o comandante da Força de Pacificação, general Cesar Leme Justo, o conflito pode ter sido reação a uma operação, na semana passada, para reprimir a venda ilegal de botijões de gás na favela. Foram apreendidos dois caminhões que seriam do traficante Marcinho VP, detido no presídio de segurança máxima de Campo Grande (MS). "Eles esperaram uma oportunidade para reagir."

O general passou a manhã reunido com as procuradoras Gisele Porto e Aline Caixeta, que decidiram abrir inquérito.

Na madrugada de ontem, moradores e policiais militares da UPP Cidade de Deus (zona oeste) entraram em confronto após um baile funk. Na versão de moradores, duas pessoas brigavam quando os PMs chegaram. Um deles atirou para o alto e outro jogou uma bomba de efeito moral, ferindo um morador. Moradores reagiram atirando pedras.

Fonte: / NOTIMP

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Revolta: Alemão batiza Exército de ‘Comando Verde’

Moradores fazem primeiro protesto contra a ação militar na região. Na Cidade de Deus, confusão acabou com quatro feridos

Bruno Menezes e Maria Inez Magalhães

Dez meses após a ocupação da Força de Pacificação, moradores do Complexo do Alemão fizeram a primeira manifestação contra ação do Exército, responsável pela segurança da região. Eles acusam os soldados de terem agido com violência domingo contra um grupo de moradores em bar, quando quatro militares e cinco locais ficaram feridos. Em outra comunidade pacificada, a Cidade de Deus, também houve confusão domingo. PMs foram atacados após baile funk. Um policial e três moradores foram feridos.

No Alemão, foram estendidas oito faixas nas comunidades contra a Força de Pacificação. “O povo do Alemão é humilhado pelo Exército. Sai o Comando Vermelho, entra o Comando Verde”, dizia uma, em alusão à facção criminosa que dominava a comunidade antes da pacificação. Outra, pendurada na Estrada do Itararé, tinha os seguintes dizeres: “Governador trocou seis por meia dúzia. A ditadura continua”.

Na hora em que uma das faixas era colocada, um caminhão com soldados passou. Um soldado tinha um artefato nas mãos. O Major Bouças informou que o Exército não vai retirar faixas. “Não interferimos na vida das pessoas. Garantimos que a lei seja cumprida”. No início da noite, manifestantes protestaram na Estrada do Itararé.

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou inquérito para investigar a atuação dos militares. Duas procuradoras foram ao complexo nesta segunda-feira e conversaram com o general Cesar Leme Justo, comandante da Força de Pacificação. Moradores contaram, durante o protesto, que passam por humilhações de soldados, que interferem até nas festas de aniversário. “Temos toque de recolher e pedimos autorização para tudo”, reclamou outro morador

“A Secretaria de Segurança se precipitou ao colocar o Exército no Alemão. O Exército tem outra função. Tiveram treinamento para entrar na favela, mas não sabemos até que ponto. As UPPs cumprem bem seu papel no que diz respeito ao controle territorial armado, mas falta canal permanente de interlocução com os moradores”, analisou o sociólogo Inácio Cano.

Armas não letais ferem moradores

No domingo, militares usaram tiros de borracha, bombas e spray de pimenta contra moradores. Uma mulher atingida mostrou o ferimento nas costas. A confusão começou, segundo a Força de Pacificação, quando dez militares tentaram abordar dois homens em atitude suspeita na localidade Alvorada.

“Não sei dizer o que faziam, mas a comunidade impediu a detenção dos dois. Por volta das 17h, eles assistiam a um jogo de futebol bebendo. Bebem muito e cometem excessos”, explicou o Major Bouças, oficial de Relações Públicas da Força de Pacificação.

Moradores contaram que os soldados chegaram atirando e jogando bombas. Segundo alguns, traficantes expulsos deram ordens para que, em caso de problemas, eles partissem para o confronto com o Exército.

Pedras e garrafas nos PMs

Na Cidade de Deus, a confusão começou na Praça dos Apartamentos, após um grupo que estava no baile funk jogar pedras e garrafas nos PMs da UPP, na madrugada desta segunda-feira. O sargento André Luiz foi ferido por uma pedra e vidro da sede foi quebrado. Dois moradores teriam sofrido ferimentos leves. PMs contaram que foram separar um briga.

Comandante das Unidades de Polícia Pacificadora, coronel Robson Rodrigues garantiu que não é preciso mudar o policiamento. Após problema no Morro do Turano, equipes passaram a filmar ações nas comunidades pacificadas. “Adquirimos armas não letais e dialogamos com a comunidade. Não podemos achar que está tudo errado”, disse. O oficial prometeu que não acabará com o baile e vai analisar imagens para identificar agressores.

Outros problemas:

VILA CRUZEIRO
Dia 24 de julho, militares usaram spray de pimenta e balas de borracha contra moradores. Um atingido no olho corre risco de ficar cego.

TURANO
Confronto entre policiais e moradores revoltados com encerramento de baile funk no Dia dos Pais, em 14 de agosto, feriu jovem.

ANDARAÍ
Dia 27 de junho: dois mototaxistas foram mortos a tiros em acessos ao morro.

MORRO DOS MACACOS
Marivaldo dos Prazeres, ex-líder comunitário, foi assassinado próximo à sede da UPP.

BOREL E FORMIGA
Dia 17, um homem foi assassinado em casa, no Morro da Formiga. Na Casa Branca, dois mortos a tiros foram encontrados, dia 29.

Fonte: / NOTIMP

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Após confusão, moradores protestam contra violência no Alemão

Tumulto terminou com três pessoas detidas e uma mulher ferida. Exército apura se houve excesso em ação de militares.

Moradores do Conjunto de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio, fizeram uma manifestação na tarde desta segunda-feira (5) contra a violência na comunidade. O protesto ocorreu um dia após uma confusão envolvendo moradores e militares da Força de Pacificação, que terminou com três detidos e uma mulher ferida.

O Exército e o Ministério Público Federal (MPF) vão investigar se os soldados cometeram excessos.

A comunidade estendeu faixas em várias ruas do morro em protesto contra a ação do Exército. Em uma delas os moradores dizem que foram humilhados, e comparam o comando do Exército ao de uma facção criminosa. Eles dizem que os soldados foram violentos com jovens que estavam em um bar, assistindo a um jogo de futebol pela televisão.

Segundo o Exército, a confusão, no domingo (4), começou quando dez integrantes da tropa da Força de Pacificação faziam uma ronda a pé pela comunidade e um homem, que assistia a um jogo de futebol em um bar, começou a hostilizá-los. O episódio ocorreu a 50 metros da estação do teleférico Itararé.

De acordo com o coronel Nilson Maciel, Chefe de Estado Maior da Força de Pacificação, os militares deram ordem de prisão a um homem por desacato a autoridade. O coronel afirmou que outras pessoas que o acompanhavam teriam se revoltado com o ato, e agrediram a tropa com garrafas e pedras. Os soldados usaram spray de pimenta e deram tiros com balas de borracha.

Comandante do Exército reconhece desgaste

A previsão inicial era de que o Exército ocupasse o Alemão por seis meses. No entanto, o prazo foi prorrogado para oito meses, e agora só deve deixar a comunidade no fim do primeiro semestre de 2012. O próprio comandante do Exército reconhece que a relação entre moradores e soldados já sofreu um desgate.

“O desgaste é natural, quanto maior a nossa permanência, maior o desgaste. Mas isso é administrável, nós temos como administrar, orientando o nosso pessoal, fazendo o rodízio das tropas que aqui estão e tratando não só das ações repressivas e policiais”, disse o general César Leme Justo, da Força de Pacificação.

O Exército abriu uma sindicância para saber se houve excessos no incidente de domingo. O caso também vai ser acompanhado pelo Ministério Público Federal, que já investiga um outro episódio que aconteceu há mais de um mês, na Vila Cruzeiro, também na Zona Norte. Soldados usaram spray de pimenta e balas de borracha contra moradores.

A assessoria da Força de Pacificação informou, no entanto, que não foi aberta sindicância, uma vez que o Exército considerou inicialmente a abordagem aos civis normal.

Menos de uma hora depois da confusão, um morador postou um vídeo no You Tube mostrando o início do tumulto.

Confusão na Cidade de Deus


O fim de semana também foi marcado por violência em outra comunidade pacificadas, a Cidade de Deus, em Jacarepaguá, na Zona Oeste. Na madrugada desta segunda-feira (5), um grupo de pessoas que voltava de um baile funk atacou a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) com pedras e pedaços de pau. Um PM ficou ferido após ser atingido por uma pedrada na cabeça

As explicações para o tumulto têm versões diferentes. Os moradores acusam os policias de truculência. Já a PM diz que investiga a suspeita de que o grupo tenha agido sob o comando de traficantes. A Polícia Militar afirmou, ainda, que uma garrafa de cerveja lançada pelo grupo acabou acertando e quebrando uma vidraça nos fundos da UPP. Ninguém foi preso.

A antropóloga Alba Zaluar diz que é preciso preparar melhor os homens que cuidam das comunidades pacificadas: “Os soldados do Exército nós sabemos que não tiveram uma preparação para isso ou tiveram muito pouca preparação. O uso excessivo da força acaba com a confiança na polícia”, disse ela.

Fonte: / NOTIMP









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