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Gol 1907: Famílias pressionam pela prisão de pilotos



Cinco anos depois do acidente com o Boeing da Gol, que deixou 154 mortos, parentes das vítimas lutam para tornar mais dura a punição dos pilotos americanos do Legacy .

Quase cinco anos após o acidente do voo 1907 da Gol, que deixou 154 mortos, os familiares das vítimas ainda exigem a prisão dos pilotos americanos do jato Legacy. Um dos maiores desastres aéreos do País, o choque entre as aeronaves completa cinco anos na próxima quinta-feira (29). A expectativa é que a Justiça reanalise a condenação dos pilotos até o fim do primeiro semestre do ano que vem.

Em 29 de setembro de 2006, os pilotos americanos Jan Paul Paladino e Joseph Lepore pilotavam o jato Legacy da empresa Excel Air que se chocou com a asa esquerda do Boeing 737-800 da Gol que fazia a rota Manaus-Brasília e caiu na mata fechada em Mato Grosso. Os pilotos estavam levando para os EUA o jato recém-comprado pela empresa americana à Embraer.

Somente em maio de 2011 os pilotos foram condenados em primeira instância a 4 anos e 4 meses de detenção pelo juiz federal Murilo Mendes, da Vara de Sinop (MT), pelo crime de atentado contra a segurança de transporte aéreo na modalidade culposa (sem intenção de matar). Mas o magistrado decidiu que a pena deveria ser substituída por prestação de serviços comunitários em órgãos brasileiros nos EUA.

A Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907 e o Ministério Público Federal (MPF) entraram com recurso contra a decisão. Agora, o caso será analisado no Tribunal Regional Federal de Brasília. O processo está na fase em que as partes apresentam as razões do recurso.

“Foi tudo doloroso e demorado e, no final das contas, os pilotos foram condenados a uma pena ridícula, que faz a gente se questionar se existe justiça. Se pessoas culpadas pela morte de 154 pessoas receberam essa pena, fica a impressão de que qualquer um pode fazer o que quiser”, diz a presidente da associação, Angelita de Marchi.

O advogado dos pilotos, Theo Dias, também recorreu da sentença para que seus clientes sejam absolvidos. Paladino e Lepore alegam inocência, e continuam trabalhando como pilotos na American Airlines e na Excel Air, respectivamente.

Em maio desse ano, a Anac multou Lepore e a empresa americana Excel Air pela falta de uma carta de autorização de voo. A Justiça também tem que analisar os recursos de dois controladores de voo condenados em primeira instância pelo acidente aéreo: Lucivando Tibúrcio de Alencar e Jomarcelo Fernandes dos Santos

A Gol informou que fez acordos para indenizar 515 familiares de 149 dos 154 ocupantes da aeronave. “Não quero dinheiro. Nunca quis. Vou fazer o quê? Ir ao shopping e gastar em roupas? O que eu quero é virar para a minha filha e falar: ‘Olha, seu pai morreu, mas os responsáveis pela morte dele estão na cadeia’”, diz a empresária Rosane Gutjahr, 53 anos, que perdeu o marido no acidente.

Fonte: / NOTIMP

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Tragédia da Gol: 260 semanas sem prisões

BRUNO RIBEIRO

"Eu não quero dinheiro. Nunca quis. Vou fazer o quê? Ir ao shopping e gastar em roupas? O que eu quero é virar para a minha filha e falar: 'Olha, seu pai morreu, mas os responsáveis pela morte dele estão na cadeia'."

A frase é da empresária Rosane Gutjahr, de 53 anos, que perdeu o marido na queda do voo 1907 da Gol, mas poderia ser de outros parentes de vítimas. Passados cinco anos do acidente (que terminou com 154 mortos durante uma viagem de Manaus para o Rio, com escala em Brasília), dois sentimentos ainda tomam os familiares. O primeiro, mais óbvio, é a saudade dos que morreram inesperadamente. O segundo é a sensação de injustiça: todos querem ver os culpados pelo acidente em uma cadeia brasileira.

As vítimas eram do Distrito Federal e dos Estados do Amazonas, do Rio, do Paraná, de Pernambuco, do Rio Grande do Sul e de São Paulo (nenhuma da capital paulista).

Rosane e o marido nasceram no Rio Grande do Sul, mas moravam em Curitiba (PR) e tinham negócios em Manaus (AM). O acidente aconteceu quando ele voltava para casa.

Ela continuou com os negócios e cria, sozinha, a filha deles, hoje com 9 anos. "A ausência não é no dia 29 de setembro (data de aniversário da tragédia). É dia 29, 30, 1.º... O que morreu foi nosso passado e nosso futuro. Não quero parecer melodramática, mas é isso: tiraram uma parte da nossa vida porque não ligaram um equipamento, porque resolveram não ligar para o plano de voo", diz Rosane. "Eu quero o fechamento dessa história, com a Justiça cumprindo a parte dela."

A empresária é uma das organizadoras da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907, criada para acompanhar o julgamento dos responsáveis pelo acidente. O que os familiares classificam como "injustiça" é o fato de que os condenados pela mortes não terem recebido a pena de prisão - mas o cumprimento de serviços comunitários. O processo ainda tramita no Tribunal Regional Federal (TRF) de Brasília, em segunda instância.

O acidente aconteceu quando o Boeing da Gol se chocou, no ar, contra um jato Legacy que seguia para os Estados Unidos. Entre os condenados estão os pilotos americanos do Legacy, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, acusados de negligência ao não perceberem falha em dois equipamentos de segurança. A pena original foi de 4 anos e 4 meses de prisão.

Mudança. Nem todos os parentes conseguiram manter a rotina, a exemplo de Rosane. A funcionária pública Anne Caroline Rickli, de 33 anos, precisou sair de Brasília, onde vivia com a mãe e a irmã, para superar a tragédia. A mãe, Maria das Graças Bezerra Rickli, que tinha 58 anos na época, também voltava para casa após prestar consultoria em uma empresa de Manaus.

"Eu tive depressão e outros problemas de saúde. Perdi 10 quilos. Um dia, falei para a minha irmã que não daria mais para morar na mesma cidade", conta. Segundo Anne Caroline, a casa e os lugares que ela frequentava a faziam lembrar da mãe - uma dor que ela não conseguiu suportar.

O endereço dela, agora, fica no Recife (PE), onde moram alguns parentes. "Eu tinha acabado de passar no concurso quando minha mãe morreu. Eu sempre penso como seria a vida se ela estivesse aqui. Minha irmã casou e também se mudou, mas foi para o Rio Grande do Sul e agora está grávida. A gente pensa como seria a gravidez se minha mãe estivesse acompanhando."

O trauma é tanto que, até agora, há familiares com dificuldades de comentar o acidente. A reportagem procurou outras duas famílias, que preferiram não dar entrevistas.

Punições. A Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907 não tem ações para garantir indenizações às vítimas. Segundo um dos advogados da entidade, Dante D'Aquino, essas negociações têm sido tratadas diretamente entre a Gol e as famílias. A expectativa dos advogados é de que o julgamento do recurso sobre a prisão dos acusados ocorra no começo do ano que vem.

Fonte:

Foto: FAB









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