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Especial Jobim: Após farpas de Nelson Jobim, Dilma afaga o ministro

Presidente deu sinais de que não demitirá o titular da Defesa tão logo – mais por falta de alternativa do que por falta de motivos .

Luciana Marques .

Dilma Rousseff esforçou-se nesta sexta-feira para mostrar sintonia com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, mesmo depois das inconvenientes declarações do subordinado. Jobim declarou ter votado no adversário de Dilma, o tucano José Serra, nas eleições de 2010. Isso um mês depois de ter falado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre a falta de vergonha dos “idiotas” da política.

Na primeira aparição pública juntos depois da declaração de voto de Jobim, Dilma e o ministro não pouparam sorrisos e gracinhas. Dilma reservou espaço na agenda apertada entre os eventos da visita da presidente da Argentina, Cristina Kirchner a Brasília, para comparecer a uma cerimônia com a delegação dos medalhistas brasileiros dos 5º Jogos Mundiais Militares Rio, no Salão Nobre do Palácio do Planalto.

Depois de agraciar os atletas, Dilma saudou Jobim: “Também cumprimento meu ministro da Defesa.” Jobim, que até aquele momento estava sério, sentiu-se à vontade. “Eu disse a Dilma que o Elito era um falso atleta”, brincou, em uma referência a José Elito Carvalho Siqueira, ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência. Dilma e Elito riram.

O bom-humor acabou quando jornalistas se aproximaram de Jobim e perguntaram sobre a relação dele com a presidente. O ministro endureceu o semblante e um assessor respondeu em seu lugar. “Está ótima”, disse o auxiliar, enquanto Jobim ia embora.

Por que não demitir

Dilma mantém Jobim no cargo, apesar do pouco apego dele à hierarquia, por não ter outra opção. O ministro goza de prestígio junto aos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Não é tarefa simples colocar um civil em meio às Forças Armadas.

Além disso, desde 2009, Jobim vem articulando a aprovação da Comissão da Verdade – proposta rejeitada pelos quarteis, mas defendida pela presidente. O projeto de lei prevê a investigação dos crimes ocorridos durante a ditadura militar e será encaminhado ao Congresso Nacional no segundo semestre.

Fonte:
/ NOTIMP

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Jobim continua na corda bamba

Ministro, que declarou ter votado na eleição do ano passado em José Serra (PSDB), de quem é amigo pessoal, ainda corre o risco de ser demitido. Bom relacionamento com militares, no entanto, pode favorecê-lo

Paulo de Tarso Lyra

A situação do ministro da Defesa Nelson Jobim no governo permanece indefinida. Jobim sabe que a declaração explícita de voto em José Serra causou enorme constrangimento no Palácio do Planalto, mas jura que não está demissionário ou que tenha dado a declaração para provocar alguma crise política. Pessoas próximas ao ministro acreditam que a defesa veemente feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dizendo que "Jobim virou ministro por sua competência, não pela opção de voto", poderia diminuir a tensão com a presidente. Mas Dilma continua incomodada, cumprimentou o ministro com frieza durante cerimônia em Brasília e não será surpresa, segundo interlocutores, se ela sacramentar a demissão do titular da Defesa.

A decisão não está tomada. Ao contrário das especulações, Jobim e Dilma não conversaram ontem. A presidente foi ao Rio participar do sorteio das eliminatórias da Copa do Mundo de 2014. Até o momento, não existe qualquer previsão de um encontro de ambos ao longo deste domingo. Jobim mantém a agenda de trabalho da semana, que inclui uma entrevista ao programa Roda viva da TV Cultura, onde o tema, inevitavelmente, virá à tona novamente.

Jobim tem dito a companheiros de ministério não entender o tamanho do problema causado pelas suas recentes declarações. Lembrou, inclusive, que já tinha manifestado opinião semelhante no ano passado, durante reunião ministerial. Avisou ao então presidente Lula que não poderia fazer campanha explícita a favor da petista Dilma Rousseff por sua ligação muito próxima com o tucano José Serra. O ex-governador de São Paulo foi padrinho de casamento de Jobim e Adriana e os dois chegaram a dividir apartamento durante um tempo.

Defensores do ministro da Defesa lembram, contudo, que Jobim, por seu estilo "outsider", coleciona admiradores e desafetos em sua trajetória pessoal. Ao mesmo tempo em que transita com liberdade em todas as correntes do PMDB, em momentos de impasse tem poucos pemedebistas dispostos a lhe dar sustentação. No partido, ele não é unanimidade. No PT, muito menos. E o principal posto político do país é ocupado por alguém pouco maleável a divergências políticas e de opinião.

Há quase um mês, Jobim já havia proferido uma frase que soou de mau gosto para o PT e para o governo. Durante a celebração dos 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso — de quem foi ministro da Justiça —, Jobim enalteceu as qualidades do tucano e aproveitou para citar Nélson Rodrigues: "Antes, os idiotas chegavam devagar e ficavam quietos mas, hoje, os idiotas perderam a modéstia". Mais um tumulto nas hostes petistas.

Há duas semanas, durante coquetel oferecido pela presidente Dilma aos aliados para marcar o encerramento do primeiro semestre legislativo, Jobim não estava entre os ministros presentes. Na ocasião, a presidente elogiou o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) e o vice-presidente, Michel Temer. Aproveitou para destacar a missão dada ao vice. "Ele vai coordenar, ao lado do ministro da Justiça, o Plano de vigilância das fronteiras e manter um diálogo muito próximo com as Forças armadas". Para um interlocutor da presidente, Dilma poderia repetir a mesma fórmula adotada por Lula em determinado momento de seu governo, quando o vice-presidente José Alencar acumulou os cargos de ministro da Defesa e vice-presidente da República.

Caso a presidente não opte por esse caminho — Temer rechaça veementemente essa alternativa — Dilma terá dificuldades para demitir Jobim. O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal foi, indiscutivelmente, o melhor titular da pasta da Defesa. Conseguiu o respeito dos comandantes das Forças armadas e conduz um plano de reestruturação do setor desde que assumiu o cargo, em 2007.

Mas ao longo do governo Dilma, Jobim foi perdendo espaço. A presidente adiou a decisão sobre a escolha dos caças Rafale e o ex-presidente do STF foi afastado gradualmente do papel de interlocutor junto ao Judiciário, fatos que provocaram desconforto no ministro.

Fonte:
/ NOTIMP

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Jobim não se cansa. E Dilma?

O ministro continua sua sanha patética

Não é fácil decidir o que seria mais divertido fazer com o ministro da Defesa. Nelson Jobim: convidá-lo a deixar o cargo imediatamente ou permitir que ele continue a expor de forma patética sua deselegância e infidelidade em troca de alguns minutos de fama. Carta Capital desconfia apenas que, excetuadas as viúvas de Jobim entrincheiradas na mídia brasileira, uma eventual demissão do ministro não causará grande comoção.

Fonte: / NOTIMP

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Pede o boné, Jobim

O ministro da Defesa tem sido indelicado com espantosa frequência. Já é hora de sair

Leonardo Attuch

No finalzinho de 2002, o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, convidou o empresário Luiz Fernando Furlan, da Sadia, para uma conversa reservada. Lula queria um nome representativo do PIB para o Ministério do Desenvolvimento. “Olha, presidente, só tem um problema”, disse Furlan. “Eu votei no Serra.” E Lula, de imediato, rebateu dizendo que não havia problema algum, uma vez que ele fora eleito para governar para todos os brasileiros – e não apenas para seus eleitores.

Nesta semana, uma história parecida surgiu com dois novos personagens: a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Em entrevista à “Folha de S. Paulo”, Jobim disse que, nas últimas eleições presidenciais, de 2010, também votou no tucano José Serra. Apenas mais uma entre várias indelicadezas em série que vêm sendo cometidas por Jobim.

Os casos do passado e de hoje são parecidos, mas têm diferenças também significativas. Ao contrário de Furlan, o ministro da Defesa não estava fora do governo, recebendo um convite para passar a integrá-lo. Estava dentro. Jobim já vinha como herança do governo Lula e, portanto, fez parte do mesmo projeto que elegeu Dilma. E se ele, no processo eleitoral, avaliou que o adversário era melhor, deveria ter tido a dignidade de colocar o cargo à disposição.

Naturalmente, o PT reagiu, pedindo sua cabeça. Segundo o secretário de Comunicação, André Vargas, o ministro se considera a última Coca-Cola do deserto – o que deve ser verdade nos delírios de grandeza de Jobim, inflados pelos quase dois metros de altura.

No fundo, o grande pecado do ministro da Defesa é a soberba. Anos atrás, quando era ministro do Supremo Tribunal Federal, devendo zelar pelo respeito às leis, ele concedeu outra entrevista polêmica na qual confessou ter contrabandeado artigos para a Constituição Brasileira que não haviam sido votados pelos parlamentares. Detalhe: Jobim também havia sido o relator da Constituinte.

O que será que ele ganha com essas pequenas travessuras? Será que pensa que mostra coragem, independência? Ou, repetindo uma citação de Nelson Rodrigues, usada pelo próprio ministro no início desta nova crise, será que os idiotas perderam de vez a modéstia?

O que segura Jobim no governo

Por que as declarações polêmicas do ministro da Defesa, como o voto declarado em Serra, não chegam a comprometer seu cargo

Claudio Dantas Sequeira

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, sempre correu em raia própria. Filiado ao PMDB gaúcho, foi ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso e mantém uma relação histórica com o tucano José Serra, com quem dividiu apartamento em Brasília nos tempos da Constituinte. Também goza da confiança de Lula, especialmente depois que, ao assumir a Defesa em 2007, conseguiu debelar a crise do setor aéreo e pacificar a relação com os militares, que até então resistiam a um comando civil. O êxito em sua missão foi essencial para que a presidente Dilma Rousseff o mantivesse no cargo, embora não cultive grande simpatia por ele. Incomoda a Dilma o jeito falastrão de Jobim, que volta e meia faz declarações deselegantes como na quarta-feira 27, quando disse que votou em Serra. Novamente, o ministro criou um mal-estar desnecessário, dando razão aos radicais do PT que não veem a hora de pôr as mãos numa pasta com orçamento bilionário. Diante de tanta pressão, é de se perguntar o que afinal segura o ministro no governo.

A força de Jobim, em parte, reside no apoio que o peemedebista tem na caserna. Em quatro anos, ele conquistou, como nenhum antecessor, o respeito da tropa ao recolocar a questão militar na lista de prioridades do governo. Jobim mostrou firmeza ao defender reajustes salariais e a modernização das Forças Armadas, com a compra de material bélico associada à transferência de tecnologia. Fechou o contrato para a construção de um submarino de propulsão nuclear e tem insistido na compra dos 36 jatos de combate. Esses e outros projetos reaproximaram generais e empresários, numa relação que retirou a indústria bélica nacional do ostracismo. Jobim também tomou a frente das articulações para a criação da Comissão da Verdade e convenceu a caserna de que é hora de apurar os crimes da ditadura, por questões históricas, garantindo que não haverá abertura de processos penais contra militares. Essa, aliás, é uma questão de honra para o ministro. “Ele só deixará o ministério quando instalar a comissão”, diz uma fonte do Palácio do Planalto. As declarações de Jobim, segundo a mesma fonte, não terão maiores consequências. “Dilma sabe que Jobim é assim mesmo”, afirma.

Os desafetos do ministro, como o secretário de Comunicação do PT, André Vargas, afirmam que Jobim acredita que é insubstituível. “Ele deve se achar a última bolacha do pacotinho”, disse. Há um mês, como se sabe, durante evento em homenagem a FHC, Jobim elogiou o estilo “conciliador” do ex-presidente e afirmou estar cercado de “idiotas” que precisa tolerar atualmente. A frase foi interpretada como crítica ao corte no orçamento militar e à perda de espaço no governo, já que Dilma não costuma consultá-lo com regularidade, como Lula fazia. “Aparentemente, Jobim está querendo sair”, avalia o senador Humberto Costa (PT/PE), líder do governo. Pode ser, mas até que isso aconteça, Jobim, com respaldo na caserna, ainda produzirá outras pérolas.

Imagem

Fonte: / NOTIMP









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