Desmilitarização de controle de voo volta a ser debatida
 
Preocupado  com o crescimento do tráfego aéreo no país e as falhas nos  mecanismos  de segurança, o Planalto voltou a negociar com os  controladores de voo.  Na quinta-feira, o ministro da Aviação Civil,  Wagner Bittencourt,  conversou por três horas com representantes da  categoria, reabrindo as  discussões sobre a desmilitarização do setor.
Os controladores  apresentaram ao ministro uma radiografia do sistema.  Entre os  participantes da reunião, estavam militares afastados das  funções e que  respondem a processo no Superior Tribunal Militar pelo  motim de 2007.  Foi mais um passo nessa reaproximação. Na segunda-feira  passada, o  ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, já havia prestado  depoimento  em defesa dos 51 réus da greve branca que paralisou os  principais  aeroportos do país naquele ano.
Um dia antes do encontro com os  controladores, Bittencourt havia dito  em entrevista a ZH que os  problemas da categoria “estavam superados”.  Na edição de domingo, ZH  revelou como erros sucessivos no controle de  tráfego aéreo quase  resultaram em novos acidentes. Somente no Cindacta  1, em Brasília, há  pelo menos 16 ocorrências de quase colisão  registradas neste ano. A  Aeronáutica, contudo, garante que o sistema é  seguro e cita auditorias  de organizações internacionais, segundo as  quais o Brasil atinge 95% de  conformidade em procedimentos operacionais  e de segurança.
Desde  2008 o governo flerta com a desmilitarização. Em novembro daquele  ano,  lideres dos controladores chegaram a discutir os termos da  mudança com o  então ministro da Defesa Nelson Jobim e a direção da  Agência Nacional  de Aviação Civil. O modelo em estudo previa a criação  de uma empresa de  capital misto para exercer o controle do tráfego  aéreo no país. Seria  uma espécie de Infraero (estatal que administra  aeroportos), mas com  participação da iniciativa privada. Os  controladores continuariam como  servidores públicos, mas sob regime  civil. As negociações, porém, foram  suspensas.
O Planalto esbarra na resistência do comando da  Aeronáutica. Os  oficiais se recusam a abrir mão do controle aéreo e  temem perder os  recursos garantidos pela gestão do sistema, estimados em  R$ 2 bilhões  anuais. O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias  (Snea) não vê  problemas em uma eventual desmilitarização. Para Ronaldo  Jenkins,  diretor técnico do Snea, o importante é que o controle aéreo  seja  seguro e eficiente. Já o Sindicato Nacional dos Aeronautas prefere o   fim da gestão militar.
– Não há transparência. Ninguém sabe o  que acontece nas torres, nos  controles de área e de aproximação –  reclama Carlos Camacho, diretor de  segurança de voo da entidade.
Fonte: ClicRBS

















