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Aeroportos: A privatização decola

O sucesso do leilão do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, em Natal, traz onda de otimismo para as novas concessões, que serão realizadas ainda neste ano .

Denize BACOCCINA e Cristiano ZAIA .

Quando o último lance foi dado no viva-voz, após 49 minutos de leilão na sede da BM&FBovespa, na segunda-feira 22, o ágio de 228,8% oferecido pelo primeiro aeroporto concedido na nova leva de privatizações surpreendeu o mercado. Após 88 lances, o consórcio Inframérica, formado pela brasileira Engevix Engenharia e a argentina Corporación América, arrematou, por R$ 170 milhões, a concessão para construir e operar por 25 anos o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, a 17 quilômetros da capital Natal.

O terminal se soma ao aeroporto internacional de Cabo Frio (RJ), desestatizado em 2001. Foi um início animador para a estratégia do governo, anunciada em maio, de atrair capitais privados para realizar as melhorias necessárias nos aeroportos. A expectativa é preparar o País não apenas para eventos que atrairão milhões de turistas, como Copa e Olimpíada, mas para atender à demanda que, nos últimos oito anos, cresceu 11,9% ao ano.

Até 2014, os 13 aeroportos que serão utilizados durante a Copa devem ter um crescimento de 57,4%, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O ministro da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, avalia que o resultado do leilão da semana passada sinaliza um novo momento. “O ágio mostrou um grande interesse dos investidores, que deve aumentar ainda mais nos próximos leilões”, disse à DINHEIRO. Outros três aeroportos – Cumbica, em São Paulo, Juscelino Kubitscheck, em Brasília, e Viracopos, em Campinas – já estão na fila para ser privatizados, num processo que deverá ser concluído até o final deste ano. Juntos, eles demandam R$ 2,9 bilhões em investimentos nos próximos três anos. O empresário Eike Batista já avisou que entrará na disputa pelos próximos terminais. “O negócio é mal explorado no Brasil”, disse Batista, durante evento empresarial no Rio de Janeiro, na terça-feira 23.

Mesmo pagando um ágio elevado, a Inframérica acha que fez um bom negócio ao arrematar o direito de construir e explorar o novo aeroporto do Rio Grande do Norte, que pode se transformar num hub de voos do Nordeste para a Europa, devido à proximidade. O consórcio planeja investir R$ 650 milhões na construção do terminal nos próximos três anos. “Vamos aplicar 60% do investimento para atender 6,2 milhões de passageiros num primeiro momento, e com o restante faremos uma ampliação para atender 11 milhões, ao longo de oito a 10 anos”, diz o vice-presidente de Engevix, José Antunes Sobrinho, que espera um faturamento de R$ 50 milhões por ano. O outro integrante do consórcio, a empresa Corporación América, tem a experiência de administrar 35 aeroportos na Argentina. Os sócios não têm compromisso de entrar juntos nos futuros leilões, mas a Engevix já avisou que pretende disputar aeroportos de porte médio, como Viracopos, em Campinas (SP).

Martelo batido: a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini, ao centro, com os vencedores do leilão

Com faturamento de R$ 297 milhões no ano passado, a construtora paulista já participou, como contratada, da construção dos aeroportos de Fortaleza e de Belo Horizonte, nos anos 1980. Nos próximos leilões, o modelo de privatização será diferente. Por tratar-se de ampliação da capacidade de aeroportos já existentes, a Infraero vai entrar como sócia, com até 49% do capital. O governo também criou a Autoridade Aeroportuária, que terá representantes dos ministérios da Agricultura, do Planejamento, da Defesa, da Saúde e da Casa Civil, e vai estabelecer metas de qualidade para cada atividade desenvolvida nos terminais. Mesmo com o sócio estatal, especialistas esperam uma procura maior pelas próximas concessões. “Os três próximos são ainda mais atraentes que o de São Gonçalo, porque já têm um fluxo de receitas consolidadas”, diz o consultor em gestão de aeroportos José Wilson Massa.

Entrevista:

Wagner Bittencourt, Ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC)

A demanda crescente faz o governo avaliar quais aeroportos continuarão sendo administrados pela Infraero e quais terminais serão repassados à iniciativa privada.

O ágio de 228,8% do primeiro leilão pode influenciar o preço mínimo dos outros leilões?
O leilão sinalizou um grande interesse dos investidores. Deve haver um interesse ainda maior nos próximos leilões, mas o valor do ágio só saberemos na hora.

Além de Cumbica, Viracopos e Brasília, quais outros aeroportos terão parceria com empresas privadas?
Ainda não decidimos. Estamos trabalhando nos editais de concessão desses três aeroportos, que serão finalizados até dezembro. Como o crescimento do setor é muito grande, teremos de decidir quais aeroportos ficarão sob o controle estatal da Infraero e quais serão concedidos à iniciativa privada.

As empresas têm dito que estão com muitas dúvidas ainda sobre os editais das próximas concessões, neste ano. Isso pode diminuir o interesse?
Não. O que existe é uma preocupação em saber como será o edital. Temos conversado com investidores e representantes das empresas, e o Tribunal de Contas da União vai acompanhar o processo. Queremos um modelo o mais claro e seguro possível e que atraia o maior número de interessados. Teremos regras de produtividade, competitividade e de investimentos nos aeroportos.

Fonte: / NOTIMP








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