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AF447: Mistério perto do fim



Equipe localiza o equipamento no qual estão gravados os diálogos dos pilotos do avião .

Expectativa agora dos parentes é por operação de resgate de corpos no fundo do mar .

Débora Álvares .

Foi encontrada mais uma peça para ajudar a elucidar o motivo da queda do Airbus A330 da Air France que fazia o voo 447, do Rio de Janeiro a Paris, em 31 de maio de 2009, quando 228 pessoas morreram. Segundo informou o Birô de Análises e Investigação da França (BEA, na sigla francesa), que lidera as investigações, o robô Remora 6000 retirou do fundo do mar, na noite de segunda-feira, a caixa-preta que contém o registro de voz dos pilotos na cabine da aeronave – a outra, a Flight Data Recorder (ou FDR, na sigla em inglês), que grava os dados de voo, já havia sido resgatada no domingo.

As caixas-pretas são formadas por material resistente a impactos e ao fogo, e têm registradas todas as informações das últimas 100 horas de voo, além de 36 horas de gravação de voz e de sons da cabine dos pilotos. Segundo especialistas, esses equipamentos costumam ser a peça-chave para desvendar os motivos de acidentes aéreos. E essa é a expectativa tanto de autoridades quanto de familiares das vítimas. As caixas-pretas estão em bom estado, segundo o BEA, e estão no navio francês Île de Sein, que seguirá para Caiena, na Guiana Francesa. De lá, serão transportadas de avião para a França, onde ocorrerá a leitura dos dados.

Embora já tenha cumprido o principal objetivo da operação – resgatar as caixas-pretas a fim de desvendar o que provocou a queda do Airbus –, a equipe de investigação não encerrará as buscas ainda. Nos próximos dias, deve recolher outras peças da aeronave, já identificadas e consideradas importantes para explicar as causas da tragédia.

Análise de dados A recuperação das caixas-pretas retoma a discussão sobre a análise das informações nelas contidas. Por diversas vezes, desde que os primeiros destroços da aeronave foram localizados, a cerca de 10 quilômetros do local onde o avião apareceu pela última vez nos radares, próximo ao arquipélago de São Pedro e São Paulo, a cerca de mil quilômetros da costa brasileira, o BEA afirmou que a abertura do conteúdo das caixas-pretas ocorreria na presença de representantes franceses. Os familiares das vítimas cobram que estrangeiros credenciados acompanhem o processo até o fim das investigações.

Ainda não há a confirmação de como ocorrerá a leitura das caixas-pretas, mas a Força Aérea Brasileira (FAB) lembrou, esta semana, que o coronel Luís Claudio Lupoli, do Centro de Investigação e Prevenção de acidentes Aeronáuticos (Cenipa), representante do Brasil a bordo do navio Île de Sein, tem acompanhado todos os procedimentos.

A participação de Lupoli e de outros técnicos estrangeiros atende à pressão crescente das famílias de vítimas que questionam a transparência das investigações. A desconfiança decorre do fato de o governo da França ser acionário das empresas envolvidas no acidente: a Air France, companhia aérea; a Airbus, fabricante da aeronave; e a Thales, que produz as sondas de velocidade do avião, chamadas Pitot. Essas sondas apresentaram falhas durante o voo 447.

Corpos Além de retirar a última caixa-preta do fundo do mar, a equipe francesa deve iniciar, nas próximas 48 horas, uma operação para tentar resgatar os corpos encontrados sob destroços no domingo. A informação foi dada por uma fonte ligada aos resgates à agência de notícias France Presse, mas não há confirmação da iniciativa. Apesar do rumor, a decisão sobre a retirada dos corpos permanece sem respostas oficiais. O diretor executivo da Associação dos Familiares de Vítimas do Voo AF 447, Maarten van Sluys, não está esperançoso. “A minha convicção pessoal é de que os corpos não serão resgatados, por tudo o que já ouvi a respeito, mas isso não é dito oficialmente”, disse Maarten Van Sluys.

Responsabilidade

A Convenção de Chicago, da qual o Brasil, a França e outros 50 Estados são signatários, estabelece as regras internacionais da aviação civil. O anexo 13 estipula a hierarquia de responsáveis em casos de acidente aéreo: em primeiro lugar, o país da matrícula do avião, seguido pela nação da empresa à qual pertence a aeronave e, por último, o Estado em que a aeronave foi construída. Nos três casos, a França é a principal envolvida. A Associação das Famílias das Vítimas do Voo 447, representando os familiares brasileiros das pessoas que perderam a vida no acidente, havia solicitado uma análise isenta dos gravadores das informações do voo para o Ministério dos Transportes da França e para o presidente do país europeu, Nicolas Sarkozy.

Fonte: / NOTIMP

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França tentará resgatar os corpos

Com a localização da segunda caixa-preta do voo 447, especialistas esperam desvendar as causas da queda no Atlântico

Os corpos dos ocupantes do voo 447 da Air France que caiu no oceano Atlântico em 31 de maio de 2009 quando fazia a rota Rio-Paris podem começar a ser retirados do fundo do mar menos de 48 horas após investigadores franceses terem localizado a segunda caixa-preta da aeronave. – A previsão era a de que os primeiros testes fossem realizados assim que se encontrasse as caixas-pretas– disse o coronel François Daust, diretor do Instituto de Investigações Criminais da Polícia Militar francesa, responsável pela operação.

Segundo ele, testes irão determinar se será possível elevar os corpos à superfície sem que sejam danificados. O risco é de que os corpos não resistam à manipulação durante a subida.

– Teremos de avaliar se o robô vai conseguir puxar os corpos sem que os ossos sejam desarticulados, ou teremos de fazer uma escolha: ou decidimos retirar as ossadas ou deixamos os corpos no fundo do mar – explicou Daust.

Os primeiros resultados dos testes para a retirada dos corpos devem estar disponíveis a partir de amanhã.

Já o Escritório de Investigação e Análise para a aviação Civil (BEA) e o Ministério dos Transportes da França afirmaram que a decisão sobre a tentativa de içamento das vítimas caberá à Justiça.

– Há um aspecto traumatizante – disse o vice-presidente da associação francesa das famílias de vítimas Ajuda Mútua e Solidariedade, Robert Soulas.

Com a recuperação das duas caixas-pretas do voo AF 447, o governo da França deverá convocar técnicos do Brasil, da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos, além de oficiais de Justiça, para assegurar a lisura na transcrição das gravações. A informação foi confirmada pelo Ministério dos Transportes, em Paris. A participação de técnicos estrangeiros atende à pressão crescente de famílias de vítimas, de técnicos e da imprensa, que colocam em questão a independência do BEA.

A desconfiança decorre do fato de que o laboratório é controlado pelo governo da França, também acionário das empresas envolvidas no acidente: a Air France, a Airbus e a Thales. Por exigência da Justiça, a análise deverá ser registrada por câmeras e testemunhas. Segundo o secretário dos Transportes, Thierry Mariani, a decupagem das caixas-pretas também será feita sob o controle de um oficial de polícia.

Outras peças ainda devem ser recolhidas

As suspeitas sobre a lisura do BEA, levantadas por famílias de vítimas brasileiras e alemãs, também são compartilhadas na França por técnicos independentes. Ontem, o consultor Gérard Arnoux disse que o BEA precisa demonstrar transparência. Representante de dezenas de famílias francesas, o advogado Jean-Pierre Bellecave ressaltou que as caixas-pretas e as informações dela colhidas ficarão sob o poder da Justiça, o que, segundo ele, exclui o risco de manipulação.

Os trabalhos em Paris, entretanto, não encerram a expedição no Atlântico. Por prudência, outras peças da aeronave, consideradas importantes para explicar as causas do acidente, já foram identificadas e serão recolhidas nos próximos dias. Entre as dezenas de objetos estão equipamentos eletrônicos e outros elementos do Airbus A-330. Peças que podem esclarecer em que circunstâncias o avião perdeu o controle antes de cair.

Fonte: / NOTIMP

Foto: Pawel Kierzkowski







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