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Negócios da China

Especialistas analisam a abertura do mercado chinês depois de acordos .

Annaclara Velasco .

Em pouco tempo de mandato, a presidente Dilma Rousseff mostrou que não está no poder a passeio. Depois de receber a ilustre visita de Barack Obama, antecipou sua viagem para a reunião dos Brics (Brasil, China, Índia e Rússia) em Sanya, na China, para fechar alguns importantes acordos comerciais em Pequim, além de receber um empurrãozinho (mesmo que tímido) para a candidatura do Brasil a uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Para o professor Fábio Kanczuk, especialista em macroeconomia da Universidade de São Paulo (USP), é um sinal da importância dada pela presidente à política externa.

– A Dilma está sendo mais pragmática neste campo do que o Lula, que tomava algumas atitudes adolescentes de conversar com o Hugo Chávez, se meter na briga do Irã. Ainda não sabemos no que vai dar, mas é um sinal bem positivo – analisa Kanczuk.

Lia Valls Pereira, professora do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), reconhece a importância diplomática da visita, mas afirma que não se surpreendeu com os acordos.

– Foi um acordo estratégico extremamente importante, uma aproximação com a China. A exportação da carne suína e a venda dos aviões foram grandes progressos. Mas o que anunciaram não foi nada inimaginável. Eram coisas que já estavam na agenda para serem discutidas, pois eram preocupantes.

Especialistas alertam: China não dá ponto sem nó

Os acordos fechados por Dilma durante o encontro envolvem a abertura do mercado chinês para a exportação da carne suína, a venda de 25 aviões da embraer e o acordo de fabricar jatos executivos no país, além do investimento de US$ 12 bilhões da Foxconn, que produz eletrônicos e computadores. Com isso, a multinacional vai passar a fabricar em terras tupiniquins, entre outras coisas, o famoso iPad.

A professora Cristina Pecequilo, do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) considera o resultado “moderado”.

– Essa possibilidade de nós vendermos mais produtos para a China foi um adensamento das nossas relações. Mas foi um acordo bem equilibrado: a gente não cedeu tanto quanto eles gostariam, assim como eles também não abriram a economia como nós gostaríamos.

Cristina observa que essa não é uma ação isolada de uma nova presidência, mas uma continuidade do adensamento das relações, uma busca de novas oportunidades.

– As relações do Brasil com o Brics tem crescendo e sua nova posição no mundo, gerado novas parceiras – comenta.

Mas Fábio Kanczuk alerta para um cuidado maior com a relação com a China, grande demandante de commodities de soja e ferro.

– Ela tem sempre um interesse. Há uma grande discussão sobre se os países devem ou não deixar a China comprar empresas em em seus territórios. Ela tem esse costume de chegar firme, fazendo investimentos pesados, mas que, no fim, fica com o controle. Se investe na construção de um porto, só ela terá controle sobre o porto.

BRICS

O termo Brics foi criado para representar as economias mais ascendentes do mundo atual, mas que não necessariamente sejam parceiras. Cada país contribui da sua forma. Para o consultor da área de Relações Internacionais Celso Ramos, apesar de a China ser o mais forte do grupo, o Brasil tem grandes chances de se destacar.

– A maioria desses países enfrenta problemas políticos ou religiosos, o que dificulta a relação com a comunidade internacional. Nós não temos nada disso. Não tem como dar errado – analisa.

Para isso, Kanczuk aponta a necessidade da reforma tributária, “de longe o maior problema do país”.

– Apesar de ser uma economia bastante atrativa, o custo Brasil ainda é muito alto.

Fonte: JORNAL DO BRASIL / NOTIMP







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