Militares prestam serviços no exterior com tecnologia brasileira
Daniel Haidar .
Estatal ligada à Marinha, Emgepron foi contratada por US$ 20 milhões para mensurar costa angolana .
Ao mesmo tempo em que desperta interesse dos gigantes do mercado de defesa internacional, o Brasil também tem sido requisitado a auxiliar outros países com suas Forças Armadas. Além da atuação em missões de paz das Nações Unidas, os militares prestam serviços milionários com a tecnologia brasileira. A Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), estatal ligada à Marinha brasileira, foi contratada na semana passada por Angola para fazer o levantamento da plataforma continental e a demarcação da costa submarina por cerca deUS$ 20 milhões. “Vamos dar a eles os estudos necessários para definir essa plataforma continental. Nem todos países têm capacidade tecnológica de realizar esse serviço. Vamos ajudá-los a ampliar a área jurisdicional do país, na qual poderão explorar as riquezas que estiverem no pré-sal”, explicou o presidente da Emgepron, Marcélio de Castro Pereira. Trata-se de um serviço semelhante ao que a Emgepron prestou para a Namíbia.Otrabalho vai ser feito nos próximos dois anos, de acordo com Pereira. “Eles têm que apresentar proposição para a ONU até o fim de 2013 para que aquelas águas sejam reconhecidas internacionalmente como jurisdicionais do país.”
Renovação da frota
A Marinha brasileira também atrai a atenção de multinacionais estrangeiras. Pelomenos seis países manifestaram interesse em participar do programa de renovação da frota naval brasileira. A Marinha fez consultas internacionais para comprar cinco fragatas, cinco navios-patrulha e umnavio de apoio logístico. Os preços ainda não estão definidos. A proposta envolve também a transferência de tecnologia, como ocorreu no contrato de construção do submarino nuclear e de quatro submarinos convencionais vencido pela francesa DCNS em parceria com a Odebrecht.
O Reino Unido manifestou especial interesse em participar do processo de renovação da frota naval. Geoff Glading, diretor da UK Trade & Investment, espécie de agência de promoção de investimentos do Reino Unido, manifestou especial interesse nesse projeto da Marinha. O governo britânico tenta viabilizar a parceria. A proposta de construção foi apresentada pela BAE Systems. “Achamos que o Reino Unido será um excelente parceiro estratégico para o Brasil. A intenção da BAE é desen-volver um estaleiro para que essas classes de navio possam ser construídas no Brasil”, diz Glading. Os ingleses também têm intenção de fechar contratos na área de defesa e segurança para a Copa do Mundo de 2014 e a Olímpiada de 2016. “A experiência adquirida por nós em Londres em 2012 pode ser útil na Copa e na Olímpiada no Brasil. Claro que os desafios que o Rio vai enfrentar serão diferentes. Mas também teremos muito em comum”, afirma Glading.
A França, parceira da Marinha brasileira nos submarinos, tem interesse nos sistemas de comando e controle que serão construídos, entre eles o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (Sisgaaz), para monitorar a costa marítima brasileira. A francesa Thales vê um mercado bilionário nessas compras. “No longo prazo são bilhoes de dólares de potencial”, afirma Laurent Mourre, diretor para Brasil do grupo Thales.
Fonte: Brasil Econômico / NOTIMP
