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Gastos militares

O ritmo de crescimento do gasto militar mundial arrefeceu-se em 2010. O investimento global em defesa alcançou no ano passado US$ 1,63 bilhão, com aumento de apenas 1,3% em termos reais em relação a 2009, contra um crescimento médio de 5% em toda a década anterior, segundo indica um estudo publicado pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz (Sipri, sigla inglesa), de Estocolmo. O dado reflete de modo geral o impacto da crise financeira nos orçamentos militares. A estatística global, no entanto, é fruto de dinâmicas muito díspares. Em polos opostos, a América do Sul elevou seu gasto em 5,8%, o maior do mundo; a Europa o reduziu em 2,8%. Os pesquisadores do Sipri sugerem três explicações principais para tanto: a crise econômica global teve um impacto muito menor no subcontinente que em outras regiões; a ascensão geopolítica meteórica do Brasil exige um esforço militar do gigante sul-americano, que marca a estatística regional; a persistência de ameaças à segurança interna em vários países da região – as Farc na Colômbia e o Sendero Luminoso, no Peru, justificam um gasto sustentado.

O aumento do investimento é muito marcante. Situando-se ao redor de US$ 63 bilhões, o gasto coletivo da região continua sendo equivalente ao de um país como a França. Especialistas admitem que nos últimos anos houve certa preocupação sobre uma possível corrida armamentista na região, mas observam que há vários fatores que parecem apontar para uma próxima moderação nas despesas com a área militar. O governo do Brasil, país tido como o principal ator no subcontinente, anunciou cortes no orçamento da defesa em favor do setor social; o Chile, terceiro maior investidor da região, debate há tempos uma reforma da lei secreta do cobre, pela qual as Forças Armadas recebem 10% das receitas da venda do metal e dispõem desses fundos com ampla margem de opção. A aprovação da reforma submeteria o gasto a maior controle parlamentar. Na contramão da tendência regional, a Venezuela experimentou uma súbita contração do gasto militar em 2010: 27% a menos. O ciclo econômico negativo teve um impacto. Parte dos fundos para a compra de armamento estaria vindo da Rússia e outra procede do Fundo de Desenvolvimento Nacional, sem muita transparência.

A Europa é a única que registra uma redução do gasto militar: quatro países (Reino Unido, França, Alemanha e Itália) permanecem entre os primeiros 10 investidores do mundo. Na última década, a China elevou seu gasto em 189%; a Rússia, 82%; a Índia, 54%; em 2010, a França reduziu o gasto em 8%. O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, alertou recentemente sobre essa tendência, que pode abrir uma profunda brecha na aliança atlântica. Há 10 anos, os Estados Unidos representavam menos de 50% dos gastos da Otan; hoje, quase 75%. As primeiras semanas de intervenção militar na Líbia salientaram as claras limitações operacionais dos europeus sem o aliado norte-americano. Apesar do grave déficit, o presidente Barack Obama não contempla cortes militares drásticos e, sim, um congelamento do crescimento – os EUA representam 42% do gasto militar mundial. E assim caminha a humanidade.

Fonte: ESTADO DE MINAS / NOTIMP








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