Niveladora de asfalto de mais de 14 toneladas é transportada para Surucucu-RR

A Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (COMARA) conhece bem os desafios de construir na Amazônia. Porém, mesmo depois de 53 anos em aeródromos na Amazônia, alguns procedimentos ainda surpreendem pela complexidade logística envolvida na sua execução. Como exemplo de uma dessas atividades, o mais recente foi o transporte da Motoniveladora Patrol New Holland, que será utilizada nas obras de reconstrução da base do pavimento e execução de novo revestimento da pista que apóia o 4º Pelotão de Fronteiras do Exército, da cidade de Boa Vista para a localidade de Surucucu, ambas no estado de Roraima. A motoniveladora é um equipamento usado para criar superfícies planas.

A recuperação desta pista foi motivada pelo desgaste natural sofrido nos anos em que atuou como único acesso à Surucucu. Em 2008, quando a COMARA iniciou a recuperação emergencial, nenhuma das duas aeronaves – o C130, Hércules, e o C105, Amazonas – que fazem o transporte de insumos para a tropa sediada em Surucucu estava autorizada a aterrissar na pista, por ela apresentar más condições para pouso e decolagem. Este tratamento inicial foi feito de forma artesanal e permitiu o pouso do C105 para que pudessem ser trazidos equipamentos e insumos necessários à realização da obra.

O transporte de equipamentos pesados para áreas afastadas das grandes cidades é rotineiro para os trabalhadores da COMARA e, também, para os aeronavegantes da Força Aérea Brasileira que operam na Selva Amazônica. Porém, esta foi a primeira vez que um equipamento de proporções tão grandes foi aerotransportado. A motoniveladora, que pesa 14,371 toneladas, teve que ser dividida em 23 partes para ser levada para o canteiro de Surucucu.

O seccionamento da máquina exige um alto grau de conhecimento técnico por parte de quem o executa para que esta desmontagem não comprometa o perfeito funcionamento do equipamento após a sua remontagem. Além da divisão em partes, algumas peças precisaram ser adaptadas para facilitar o desembarque da aeronave na localidade de Surucucu. O procedimento é necessário, pois não existem na cidade empilhadeiras e mais equipamentos que ajudem nessa tarefa.

Depois disso, as peças são acondicionadas em caixas de madeira preparadas sob medida para que o material seja transportado com segurança e para que elas caibam dentro do avião que fará o transporte. Depois de serem colocadas nesses compartimentos, o peso do material aumenta para 15,184 toneladas.

No caso da Patrol, contudo, uma das peças – a cabine do operador – possuía dimensões muito elevadas para a aeronave Amazonas, e por esse motivo, ela foi transportada como carga externa içada pelo Helicóptero H-60 Black-Hawk do Esquadrão Hárpia, 7º/8º GAv.

Para percorrer os 460 km de distância entre as duas localidades, o Black-Hawk precisa, em condições normais, de uma hora e vinte minutos, conduzindo os 750 quilos da cabine da motoniveladora, ele necessitou de duas horas e quarenta minutos. O combustível para que a aeronave voltasse para Boa Vista foi levado com antecedência, pois o que sobraria dessa última perna não seria suficiente para que ela retornasse. As peças restantes foram transportadas sem dificuldade pela aeronave C 105 do Esquadrão Arara, do 1º/9 º GAv, em quatro viagens de 50 minutos cada.

Depois que todas as partes da Patrol chegaram a Surucucu, cinco servidores da COMARA realizaram, em três dias e meio de trabalho, a remontagem da máquina que irá agilizar sobremaneira a obra de recuperação daquela pista. Para o 1º Sargento Claudio Almeida Santos, que coordenou toda a mobilização para que o equipamento chegasse ao seu destino, o desafio foi grande, mas a sensação é de dever cumprido, até a próxima missão.

A niveladora de asfalto fica em Surucucu até a conclusão do serviço e segue para alguma outra obra que esteja precisando de seus serviços, quando, o efetivo da COMARA estará mais uma vez preparado para sobrepor as provações de levar acesso e modernização aos mais longínquos cantos da Amazônia.