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Gigantes vão à briga com aéreas de baixo custo








Na Europa, Air France estuda criar empresa para disputar espaço com Ryanair e Easyjet

Andrei Netto

O avanço arrasador das companhias aéreas de baixo custo na Europa, em especial sobre o mercado de médio percurso, deve obrigar uma gigante do setor, a Air France, a criar uma nova estrutura para competir à altura, a Air France Express. A confirmação da existência do projeto, previsto para entrar em funcionamento em 2011, foi feita ontem, em Paris, por sindicatos que rediscutem os acordos trabalhistas coletivos com a direção.

O objetivo da nova companhia será retomar fatias do mercado europeu canibalizadas pelas companhias de baixo custo (low cost), como a Ryanair e a EasyJet, cuja participação nos voos de média duração subiu de 15% para 60% em 10 anos.

A Air France não será a primeira gigante europeia a fazer isso. O confronto entre as companhias aéreas históricas e as low cost vem se acirrando no se acirrou na Europa. Para confrontá-las, a Lufthansa criou na Alemanha a Germanwings, e a Ibéria, a Clickair, na Espanha, ambas seguindo o modelo de negócios das empresas que se notabilizaram pelo preço baixo: aeroportos distantes, que oferecem taxas mais baixas e serviços espartanos ou populares, com a cobrança por bagagens e a venda de "gadgets" durante o voo.

Os planos da Air France foram revelados pela Agência France Presse (AFP) e pelo jornal de economia Les Echos, mas não foram confirmados - nem desmentidos - ao Estado pela direção da companhia.

O projeto, batizado de Air France Express, preveria a descentralização dos voos na França, ampliando o uso dos aeroportos regionais de Marselha, Nice e Toulouse e reduzindo a dependência do aeroporto de Paris-Charles de Gaulle. Assim, voos nacionais e europeus seriam realizados a partir das cidades do interior, sem passar pela capital, reduzindo os custos de operação.

Ainda segundo o projeto, a Air France poderia transferir - atendendo a pedidos dos funcionários interessados - parte de suas tripulações para o sul da França, reduzindo assim gastos de hospedagem e alimentação, os chamados "night stops". "A direção planeja a criação de bases no interior", confirmou Gérard Arnoux, presidente do sindicato União Francesa de Pilotos de Linha (UFPL). "Se há tripulações que dormem em hotéis em Marselha, elas poderão passar a ser domiciliadas na cidade, reduzindo os custos de hospedagem."

Mais horas de voo. A terceira medida de impacto seria a concessão de reajustes salariais da ordem de 5% para pilotos e comissários, em troca de um aumento de horas de voo da ordem de 20%. A equação elevaria a competitividade da empresa frente à Ryanair e à EasyJet. Em lugar de 560 horas por ano, as tripulações da Air France passariam a viajar de 650 a 700 horas por ano - carga ainda inferior à da Easyjet, onde a regra é 750 horas por ano.

"O objetivo da companhia é aumentar a produtividade dos pilotos das linhas de médio percurso, com mais tempo de voo", explica Arnoux.

Um ponto importante a ser decidido seria se a nova estrutura interna levará de fato o nome Air France Express ou receberá uma identidade própria. A hipótese de uso das marcas Transavia, Britair e Regional, companhias do grupo Air France-KLM, estaria descartada. Até mesmo a possibilidade de transformar uma parte da atual empresa em baixo custo estaria sob análise.

O desafio da Air France é conter o avanço da Ryanair e da EasyJet, companhias que exploram aeroportos do interior do país, em cidades turísticas como Biarritz, no Atlântico, e Nice, no Mediterrâneo.

Um exemplo do filão é o aeroporto de Bordeaux, que registrou incremento de 19,9% na circulação de passageiros em agosto, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Dessas cidades turísticas do interior partem voos regulares de empresas low cost para cidades importantes como Paris, Milão, Porto, Genebra, Bruxelas, Amsterdã, Helsinque e Oslo.


PARA LEMBRAR
Problemas em série da Air France no Brasil

Recentemente, a Air France enfrentou uma série de panes e problemas em quatro voos no Brasil. Dois dos incidentes foram admitidos pela companhia, enquanto outros dois foram atribuídos a "fatores externos". O primeiro incidente foi em 10 de julho, quando o voo 443, que fazia a rota Rio-Paris, pousou no Recife após uma suspeita de bomba. Três dias depois, um defeito nos banheiros obrigou o avião a retornar ao Rio, duas horas e meia depois de decolar. No dia 15, um voo São Paulo-Paris foi cancelado por causa de uma avaria na fuselagem. E, no dia 19, um voo Rio-Paris foi cancelado, segundo a empresa, por causa de uma pane eletrônica.

Fonte: O ESTADO DE SÃO PAULO, via NOTIMP




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