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Cancelamento de voos: Passageiro paga o pato






Cancelamento de voos revela falta de ação preventiva das autoridades

Deveria ser uma notícia boa o explosivo aumento do número de brasileiros que passaram a usar o avião para se deslocar a passeio e principalmente a trabalho. O movimento de passageiros transportados pela aviação comercial no Brasil está crescendo quatro vezes mais rápido do que o Produto Interno Bruto (PIB), num ano em que este indicador deve ultrapassar os 7%.

Segundo o último levantamento da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), relativo a agosto, o setor registrou aumento de 34,13% da demanda doméstica em comparação com igual mês do ano passado, ampliando para 27% a expansão acumulada em oito meses. Mas em vez de comemorar, os milhões de usuários da aviação civil brasileira ganharam, esta semana, só motivos para se preocupar.

É que, além das deficiências até agora irremovíveis da defasada infraestrutura e dos serviços aeroportuários, veio à tona um problema que pode comprometer ainda mais a qualidade e a confiabilidade do transporte aéreo de passageiros no país.

Enquanto os voos mantinham a rotina de pequenos e médios atrasos, das eventuais trapalhadas do overbooking e do sumiço de bagagens, a maioria dos passageiros vinha tocando a vida, à espera de dias melhores.

O problema do descompasso entre o aumento do serviço sem a correspondente contratação de profissionais para executá-lo revelou-se da pior maneira possível: o cancelamento de voos, com os quais contavam centenas de passageiros para cumprir compromissos de trabalho ou de estudos.

Os cortes começaram segunda-feira e vão até amanhã, conforme garantiu ontem a companhia aérea Webjet. Até lá, ela está proibida pela Anac de vender passagens. A intervenção da agência reguladora é correta, mas veio tarde. Tem o mérito de estancar a hemorragia, mas a natureza do problema revela que faltou ação preventiva.

É sabido que muitas empresas que atuam em mercados competitivos e o da aviação civil é um dos mais disputados caem na tentação do corte exagerado de custos. Muitas decidem correr o risco, calculado ou não, de baixar a qualidade de seus produtos ou serviços em troca do aumento das margens de ganhos operacionais. Acreditam que, ao menor sinal de terem errado a mão, serão capazes de repor o nível reclamado pela clientela.

A estratégia pode dar certo, mas de modo algum é recomendável quando a qualidade tem a ver com a segurança, como é o caso das companhias aéreas. Não foi por capricho que a legislação que regula o trabalho do pessoal de bordo, incluindo os pilotos, criou restrições destinadas a evitar o estresse e a perda da capacidade de reação. Limita, por exemplo, a jornada em 85 horas de voo por mês e entre 9 horas e 30 minutos e 15 horas o tempo máximo de voo, conforme o tamanho da tripulação. E mais: quem cumpriu até três horas de voo noturno não pode trabalhar no período análogo seguinte.

Sempre é bom lembrar que a aviação civil é um serviço público prestado pela iniciativa privada por meio de concessão. Foi exatamente para se posicionar entre o governo concedente e as companhias aéreas concessionárias, sempre em defesa do usuário, que as agências reguladoras, como a Anac, foram criadas. Cabe ao governo prestigiá-las e equipá-las com pessoal qualificado para que cumpram seu papel. Sem isso, quem compra a passagem continuará pagando também o pato.

Fonte: ESTADO DE MINAS, via NOTIMP




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