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Aeroportos: Voando baixo









Investir na infraestrutura aeroportuária não é uma exigência criada pela Copa do Mundo de 2014, mas pelo crescimento do mercado

Horários de operação esticados, bases militares franqueadas a voos civis e terminais provisórios montados em 12 aeroportos. É essa a receita apresentada pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para compensar a falta de planejamento do governo federal, a ineficiência da Infraero e a lenta execução das obras para adequar os aeroportos do país à demanda que se projeta para 2014, ano da Copa do Mundo.

"Não é demérito, é o caminho para melhorar a qualidade dos terminais" até lá, disse à Folha o ministro do Turismo, Luiz Barretto, ao lembrar que outros países, como Canadá e EUA, já recorreram a esse tipo de solução.

A diferença é que no caso brasileiro são dramáticas as perspectivas de defasagem entre procura e oferta nos próximos anos. Fosse uma situação equilibrada, não haveria de fato nenhum problema em recorrer a módulos temporários para suprir o acréscimo no fluxo de viajantes -com a vantagem de evitar despesas em obras que poderiam se tornar ociosas.

Não é disso, porém, que se trata. O Brasil ainda está longe de ser um mercado maduro. Possui hoje média de passageiros por habitante equivalente a 20% da norte-americana. Ainda há muito a crescer -e será preciso construir instalações permanentes. Nos próximos 12 meses, estima-se que 10,7 milhões de brasileiros farão sua primeira viagem aérea. É um número superior aos 3 milhões que, juntamente com 600 mil estrangeiros, deverão circular no período da Copa -de acordo com cálculos do Ministério do Turismo.

A questão portanto não se reduz a reformar e construir aeroportos para não fazer feio em 2014 ou 2016 -ano da Olimpíada do Rio. É urgente investir em infraestrutura capaz de sustentar o previsível desenvolvimento do setor, consequência inevitável da expansão do mercado interno.

Segundo a Anac, o movimento nessa área poderá triplicar em 15 anos, caso o país se prepare para isso. Hoje, os 20 principais aeroportos apresentam algum tipo de dificuldade no que diz respeito a pistas, pátios ou terminais.

Em que pesem as restrições, as companhias voltam-se cada vez mais para a atração da nova clientela. Já é possível comprar bilhetes a crédito, com prestações a partir de R$ 20, em cadeias de lojas do varejo e pontos de venda em supermercados. Aviões de menor porte são substituídos por outros, com mais assentos, e a grade de horários vai sendo redesenhada de modo a acomodar novos voos, na maioria turísticos, pois é esse o principal interesse dos passageiros de primeira viagem.

Enquanto isso, o governo federal desfila seus preconceitos ideológicos e suas ineficiências de gestão. A abertura da Infraero à participação da iniciativa privada foi deixada de lado neste ano eleitoral, por enfrentar resistências políticas, e os investimentos previstos mal começam a sair do papel.

Uma possibilidade a ser considerada -objeto de um projeto de lei na Câmara dos Deputados- é permitir que o governo federal delegue a Estados a construção e administração de aeroportos, como já ocorre, aliás, nos casos de rodovias e portos. É uma reivindicação que tem sido apresentada pelo atual governo de São Paulo, unidade da Federação com papel estratégico no setor aéreo, que reúne plenas condições de contribuir para a otimização dos investimentos tão necessários ao país.

Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO, via NOTIMP

Foto: Andomenda




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