Aéreas "populares" cortam refeições para deixar passagem mais barata
Para manter preço baixo, vale diminuir os custos e investir em aeroportos do interior
A consolidação da TAM como a maior companhia aérea da América Latina, após a fusão com a chilena LAN, em agosto, vai provocar um redirecionamento nas empresas que investem em passagens de baixo custo, voltada à população que ainda usa pouco o avião para viajar, segundo especialistas ouvidos pelo R7.
Em vez de refeições, as companhias aéreas investem em petiscos, sucos e até em cardápios à parte, eo passageiro paga separadamente o lanche. O motivo é o custo do bilhete. A passagem aérea nunca esteve tão barata nos últimos oito anos, tendo passado de R$ 444,85 para R$ 269,22, segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Para sustentar esse valor, vale parcelar em 60 meses, vender o bilhete no supermercado e até usar aeroportos fora das grandes metrópoles, como são as estratégias já usadas pela Azul e Webjet, segundo Marcos Morita, professor e mestre em administração pela Universidade Mackenzie.
- Essas companhias tendem a cortar todos os custos possíveis, para sustentar essa política “low cost” (custo baixo, em inglês), a exemplo da Southwest. O lanchinho é a ponta do iceberg, porque sem ele, você tem menos tempo no solo, gasta menos combustível e economiza na cadeia inteira, até com os fornecedores. Existem também os aeroportos secundários que estão à disposição para explorar.
A Webjet lançou em agosto o serviço de venda de refeições a bordo. O projeto foi implantado em cinco dos principais voos, que fazem a ligação entre São Paulo (Guarulhos) e Salvador. Os lanches incluem sanduíches, petiscos, bolos, bebidas quentes e cerveja, com preços que variam de R$ 3 a R$ 18, com pagamento em dinheiro direto com o comissário.
A Azul, que responde por 70% dos voos em Viracopos, na cidade de Campinas (a 96 km da capital), já pensa em expandir para outras regiões – como alternativa a Cumbica e Congonhas. No entanto, em relação ao corte de lanches, a empresa prefere investir em petiscos e bebidas para manter a qualidade aos passageiros, segundo Gianfranco Beting, diretor de comunicação da empresa.
- A gente não vê uma necessidade de cortes, pois a Azul já trabalha sem gordurinhas. Nossos custos estão sob controle e nós acreditamos que os nosso produtos devem manter a qualidade [...]. Preferimos investir na facilitação do pagamento para democratizar o acesso ao avião e usarmos a nossa frota nova para outras regiões do país, com um tráfego mau explorado e passagens caríssimas.
Segundo Beting, a companhia oferece três snacks diferentes aos passageiros, acompanhados por bebidas, para voos de até duas horas. Para viagens mais longas, são oferecidos cinco snacks, também acompanhados de bebidas.
Rapidez nos voos
Apesar de parecer novidade no Brasil, os voos de baixo custo já são realidade na Europa. O motivo é a possibilidade de ganhar rapidez nos voos e ainda mais espaço para poltronas, segundo Edmar Bull, presidente da Abav-SP (associação brasileira de viagens).
- É uma tendência de mercado. Muitas refeições são jogadas fora e quem quer [comer] deve pagar por aquilo que está querendo. Existem companhias aéreas que ganham produção e rapidez com as escalas nos aeroportos, porque não há necessidade de escala. Em alguns casos, os aviões precisam carregar e descarregar diversas vezes só por causa das refeições.
Edmar aponta ainda que com menos comida, a necessidade de comissários também diminuiu, o que reflete nos gastos da companhia como um todo. Neste mês, a TAM anunciou um acordo com a rede varejista Casas Bahia para a venda de passagens em até 12 vezes, com parcelas mínimas de R$ 20, nas lojas da rede. Logo depois, o Magazine Luiza sinalizou um acordo com a Azul para a venda de pacotes de viagens da Azul.