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O decolar de um filme






Produzido em Santa Maria, o longa “Hamartia” mostra o cotidiano de pilotos militares

Diante do religioso de farda militar com a Bíblia aberta, o grupo recebe a bênção. Um barulho nos céus faz com que a mensagem do capelão deixe de ser escutada por instantes. O cenário é a Base Aérea de Santa Maria (Basm), onde foi registrada na segunda-feira a primeira cena do longa-metragem Hamartia – Ventos do Destino.

Com direção de Rondon de Castro, Hamartia – segundo longa produzido em Santa Maria, depois de Manhã Transfigurada (2009) – é ambientado no cotidiano da Força Aérea Brasileira (FAB). Por isso, as principais locações serão concentradas na Basm.

O protagonista da história é o tenente-aviador Martin, um piloto de caça que é afastado de seu esquadrão após a morte da mulher. Aos poucos, ele começa a se recuperar e retorna às missões aéreas. Mas essa volta é acompanhada pelas aparições de uma mulher, que pode ser um espírito ou uma alucinação. Ela é uma desaparecida dos tempos de repressão da ditadura militar e impõe a Martin um desafio em meio a uma missão perigosa na Amazônia.

Sem entregar o desfecho da história, o diretor conta que o filme mistura trama psicológica com muita ação. Tanto que Martin será abatido em voo e terá de sobreviver na selva enquanto foge de inimigos e espera o resgate.

– O roteiro traz uma história cativante. Temos a jornada do herói, que passa por altos e baixos – conta Rondon, que é professor da aérea de Comunicação Social da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Rondon se inspirou em fatos reais ocorridos na fronteira do Brasil envolvendo invasões de guerrilhas paramilitares na selva amazônica e missões de defesa do território por parte do Exército Brasileiro:

– O grande medo dos pilotos de caça é ser abatido por um míssil. E isso também temos no filme.

Entre elenco e equipe técnica, mais de 70 pessoas estão envolvidas. Martin é interpretado por Emerson Peixoto, ator com premiações no Santa Maria Vídeo e Cinema (SMVC), que veio de Curitiba para realizar o trabalho. Além dele, participaram das cenas realizadas na segunda-feira os atores André Assmann e Jader Guterres. Na próxima semana, começam a chegar os atores de fora. O mais conhecido deles é Leonardo Machado, ganhador do Kikito de melhor ator no Festival em Gramado de 2009 com Em Teu Nome, filme em cartaz nos cinemas, e protagonista da série da Globo Na Forma da Lei.

– Um filme sempre precisa de um rosto bem conhecido. E o Leonardo está em plena ascensão da carreira – diz Kitta Tonetto, produtora do filme.

O longa gaúcho deve contar com sequências de grande produção. Entre elas, as que farão uso de helicópteros e de caças da FAB e a simulação de um míssil antiaéreo na cena em que Martin será abatido em voo. Hamartia será montado entre setembro e novembro. A finalização deve seguir até abril de 2011. Com tudo pronto, será escolhido um festival para o lançamento.

Segundo o dicionário Aurélio, a palavra hamartia, na tragédia grega, significa “erro de julgamento do herói e que leva à catástrofe”.

Projeto teve início com alunos da UFSM

A produção de Hamartia começou em 2004. Algumas cenas já haviam sido registradas, como as simulações de voo com réplicas de pouco mais de 50 centímetros do caça AMX/A1, usado pela Força Aérea Brasileira (FAB). Nesse período, mais de 10 projetos de extensão ou pesquisa realizados na UFSM ajudaram a produção. Um deles foi a recriação dos caças, feita por alunos de Desenho Industrial.

– É um filme-escola, que envolve diversos cursos e alunos – diz o diretor Rondon de Castro.

Nesses seis anos, também foi feita a captação de recursos para o filme, inicialmente orçado em R$ 4 milhões, por meio da Lei de Incentivo à Cultura (LIC) do Estado e da Lei do Audiovisual.

– Não captamos todo esse valor. E as parcerias da FAB, da UFSM e da Unifra (Centro Universitário Franciscano) reduziram os custos – diz a produtora Kitta Tonetto.

Hamartia é o primeiro longa de Rondon de Castro. E ele assume a referência ao sucesso Top Gun – Ases Indomáveis (1986) estrelado por Tom Cruise:

– Fizemos uma videoteca, que também incluiu documentários e filmes sobre a II Guerra.

Para a FAB, o filme é uma oportunidade de mostrar a atividade militar.

– Ainda não tínhamos, no cinema brasileiro, um filme voltado a um personagem que é piloto militar. E a Força Aérea gostou da ideia de mostrar o cotidiano do Esquadrão Centauro – diz o tenente Barreto, da Base Aérea de Santa Maria.

Fonte: ZERO HORA, via NOTIMP




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