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Agenda fraca e sem temas polêmicos marca cúpula Brasil-União Europeia






Sergio Leo

Dois acordos na área de aviação civil que beneficiarão a Embraer e empresas europeias de aviação e um acordo de cooperação para incentivar biocombustíveis em Moçambique darão o tom otimista no encontro de cúpula Brasil-União Europeia, que se inicia amanhã, em Brasília, acompanhado de um encontro empresarial de executivos. O temor de que por questões burocráticas esses acordos não fossem assinados foi superado, segundo diplomatas envolvidos nas negociações. A parceria de biocombustíveis, contudo, ficará restrita a Moçambique - o Quênia ficou de fora. Serão tratados mais reservadamente temas delicados, como as preocupações europeias em relação a Argentina, Honduras, Cuba e Venezuela, e a preocupação brasileira com o peso do ajuste econômico em países europeus.

Os acordos do setor aéreo permitirão o reconhecimento de certificação de aeronaves expedidas no Brasil, facilitando o ingresso da Embraer no mercado europeu. Também estenderão a toda a União Europeia os tratados bilaterais de aviação comercial mantidos pelo Brasil com a maioria dos países do continente, permitindo a empresas da Europa aproveitarem permissões de operação no Brasil não usadas integralmente por alguns desses países.

Os europeus pretendem pedir que o Brasil atue discretamente para conter as medidas informais protecionistas na Argentina, que chegou a deter sem justificativas carregamentos alimentos europeus no início do ano. Também estão preocupados com a situação em Honduras, onde o presidente eleito após um golpe de Estado, Porfírio Lobo, tem enfrentado pressões da linha dura local. O reconhecimento do governo Lobo facilitaria a transição para a democracia, na visão europeia. O Brasil deverá repetir que, antes de reconhecer o governo, será necessário a apresentação de medidas de conciliação, como a anistia do presidente deposto, Manuel Zelaya.

Apesar de divergências pontuais, o clima na reunião deve ser de comemoração pelos entendimentos entre o Brasil e o bloco europeu, que discutirão, ainda, como garantir o avanço das discussões contra o aquecimento global.

O governo brasileiro e os dirigentes da comissão europeia tratarão, ainda, das medidas para enfrentar a crise financeira e pretendem trocar impressões sobre as melhores maneiras de evitar a retirada prematura dos estímulos ao crescimento. Os europeus acreditam que poderão convencer os brasileiros de que as medidas de austeridade postas em prática por todos os países da região fortalecerão a economia global sem criar uma temida contração global.

Os brasileiros vinham negociando nos últimos dias a inclusão de um ponto sobre o Irã, na declaração final as ser assinada. Aparentemente, há consenso em fazer referências ao direito iraniano a perseguir um programa nuclear pacífico e o reconhecimento, como importante ponto de partida para a negociação, do acordo firmado entre Irã, Brasil e Turquia, prevendo mecanismos de troca de urânio para enriquecimento fora do território iraniano. O encontro vem sendo visto pelos dirigentes de Brasil e UE como oportunidade para fazer um balanço da "parceria estratégica" firmada em 2007.

Fonte: VALOR ECONÔMICO, via NOTIMP




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