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Ordem do Dia da Aviação de Busca e Resgate






PALAVRAS DO COMANDANTE-GERAL DE OPERAÇÕES AÉREAS

Brasília, 26 de junho de 2010.

Imaginemos, apenas por breves momentos, a condição do sobrevivente de um acidente aéreo. Sozinho e com frio, em meio à selva hostil, a sensação de desamparo desperta a incerteza em qualquer ser humano. Some-se ao cenário sombrio, a fome, a sede e a dor aguda dos possíveis ferimentos causados pelo pouso forçado.

Na tentativa de recriar o passado em nossos pensamentos retornemos, ainda que por breves momentos, às 10:25h do dia 26 de junho de 1967. O local: 80 milhas náuticas ao norte da cidade de Tefé, estado do Amazonas, nas margens do rio Japurá, em plena selva Amazônica.

Ao longe, ouve-se o ronco dos motores de uma aeronave e, subitamente, no semblante dos sobreviventes surge uma expressão que mistura esperança e apreensão. Passavam-se dez dias desde a queda da aeronave C-47 que realizava a rota entre Belém e Cachimbo. Transcorrido tanto tempo, pensavam os sobreviventes, haveria ainda alguma chance de salvação? O som característico das hélices que se aproximavam do local do sinistro fazia com que a esperança do resgate aumentasse a cada segundo.

Se no solo havia a esperança do resgate, na cabine da aeronave de busca havia muita atenção e concentração com o cenário que se descortinava pelas janelas de observação. Ali, não havia espaço para o tédio e o cansaço. Prevalecia um estado de profunda atenção ao cenário que se descortinava nas janelas de observação. Cada detalhe, por menor que seja, pode levar ao avistamento do objetivo. É uma missão difícil, que exige motivação constante nas longas jornadas de voo e precisão na navegação para que nenhuma área deixe de ser sobrevoada. A tensão é sempre grande, pois cada minuto que passa diminui as chances de sobrevivência daqueles que estão em perigo. Este era o cenário na cabine.

Tudo isso se passava a bordo do SA-16 FAB 6539 do 2°/10° GAv naquela manhã de junho de 1967. No imponderável momento em que parte da fuselagem era vista em meio às enormes árvores da floresta, tanto em terra quanto no ar, homens uniram-se na emoção única de vencer a morte e a dor.

O resgate não tardou a chegar. No dia seguinte, os rotores dos SH-1D FAB 8530 do Esquadrão Pelicano já cortavam céleres o espaço aéreo, trazendo os cuidados médicos tão urgentemente necessários. A bordo, homens do PARA-SAR, a tradução terrena de anjos salvadores, logo desciam por cordas para cuidar dos cinco sobreviventes e retorná-los à segurança de seus lares.

Trinta aeronaves de diversos tipos foram engajadas na cobertura da área de buscas, tendo sido voadas mais de mil horas. Encerrava-se, assim, uma das maiores operações SAR realizadas pela Força Aérea Brasileira: A saga da Busca e Resgate ao FAB 2068. Iniciava-se o culto ao profissionalismo e dedicação daqueles que se lançaram ao salvamento em resposta à fé e vontade de viver daqueles bravos sobreviventes.

Celebramos, desde então, o dia da Aviação de Busca e Resgate!

Passados 43 anos, a Força Aérea Brasileira engajou-se em um sem número de missões de busca e resgate. Algumas delas com grande divulgação pela mídia.

Como exemplo mais recente tivemos o episódio da localização dos 64 náufragos do veleiro canadense “Concordia”, que soçobrou em meio a uma tempestade a 300 milhas do litoral do Rio de Janeiro. Eram em sua maioria jovens adolescentes de vários países, estudantes e nenhuma das 64 vidas foi perdida, tendo todos os sobreviventes retornados à segurança de seus lares.

Cabe destacar que atualmente os meios aéreos de busca e resgate vêm sendo modernizados, permitindo mais precisão, mais rapidez na resposta com os modernos SC-105 “Amazonas”, que substituirão os velhos “Bandeirantes” de busca. Em breve chegarão os H-36 “CARACAL” para substituir os valorosos H-1H; Novos H-60 “BLACK HAWKS” farão parte do 5º/8º GAv ainda este ano e os poderosos AH-2 “SABRE” completam os equipamentos necessários para a execução de missões no cenário de SAR em combate. A necessidade de retornar tripulantes abatidos em território inimigo fez alavancar o desenvolvimento da missão de C-SAR ou Resgate em Combate. É uma das missões mais perigosas da guerra aérea moderna, exigindo navegar furtivamente à baixíssima altura, localizar com extrema precisão, e resgatar o tripulante em meio ao ambiente hostil e pleno de defesas do inimigo.

Companheiros da Aviação de Busca e Resgate!

Relembro-vos o memorável 26 de junho de 1967, quando ao chegar ao local do acidente do FAB 2068, os militares do PARA-SAR foram recebidos pelos sobreviventes com a aquela célebre frase: “EU SABIA QUE VOCÊS VIRIAM”.

Nos dias de hoje, nossas tripulações ratificam diária, silenciosa e anonimamente as palavras emocionadas daqueles homens, garantindo que, “onde quer que haja uma vida em perigo, a ajuda virá nas asas e rotores da Força Aérea Brasileira”. Essa certeza é alicerçada por uma determinação calma, silenciosa e implacável de se realizar a missão a qualquer custo, a qualquer hora e em qualquer lugar. Uma longa tradição de altruísmo, a matéria-prima única e especial da qual são forjados os homens e mulheres que labutam na aviação de busca e resgate.

A todos, com admiração eu lhes dou os parabéns pelo seu glorioso dia!

PARA QUE OUTROS POSSAM VIVER! BUSCA!

TEN BRIG AR GILBERTO ANTONIO SABOYA BURNIER
COMANDANTE-GERAL DE OPERAÇÕES AÉREAS

Fonte: COMGAR



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