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Aeroporto de Cabo Frio cresce puxado pelo setor petroleiro





Francisco Goés

Construído sobre uma área de salinas desativadas, o Aeroporto Internacional de Cabo Frio, instalado no norte fluminense, começa a se firmar como uma alternativa para a movimentação de cargas. O aeroporto, um dos poucos do país a ser explorado pelo setor privado em regime de concessão, vem ganhando importância como base logística para importações de equipamentos para a indústria de óleo e gás. Em 2009, ele movimentou 17,7 mil toneladas de carga, quase 90% acima do ano anterior. A expectativa para 2010 é repetir o volume movimentado no ano passado.

Esse crescimento se verifica depois de muito esforço e investimento. Os aportes totais no aeroporto, desde sua construção, somam aproximadamente R$ 50 milhões, recursos colocados por União, Estado e Município. Criado na década de 90, o aeroporto de Cabo Frio surgiu para receber turistas, sobretudo os argentinos, que tinham como destino a praia de Armação dos Búzios, a cerca de meia hora de distância. O turismo continua a ser importante para o aeroporto, sobretudo de novembro a abril, mas é a carga que sustenta a operação. Em 2009, Cabo Frio registrou faturamento de R$ 40 milhões, entre cargas e passageiros.

A operação de Cabo Frio foi concedida à iniciativa privada em março de 2001. Na época, o aeroporto já tinha sido municipalizado após os primeiros anos em que a operação coube ao governo do Estado por delegação da União. A ganhadora da concessão foi a empresa Costa do Sol Operadora Aeroportuária, que conquistou o direito à exploração por 22 anos, renovável por igual período. "Cabo Frio demonstra que a operação aeroportuária privada pode ser viável mesmo fora dos grandes centros", afirma Francisco Pinto, presidente do conselho de administração da Costa do Sol.

A empresa é controlada por uma holding chamada Zen, que tem como sócios Pinto e Murilo Junqueira, presidente-executivo da operadora. Os outros sócios do empreendimento são Nelson Carlini, Luis Claudio Dias Lopes e Paulo Roberto Cardoso. Ao ganhar a concessão, a Costa do Sol tinha outros acionistas. Em 2010, o aeroporto completou nove anos sob operação privada. Não foram tempos fáceis. O negócio só começou a deslanchar depois de obras de ampliação da pista de pouso e decolagem que, a partir de 2007, passou a ter 2.550 metros de comprimento por 45 metros de largura.

As dimensões anteriores (1,7 mil metros de comprimento por 30 metros de largura) não permitiam que grandes aeronaves decolassem cheias de combustível e passageiros, o que exigia escalas técnicas de reabastecimento e tornava a operação menos atraente para os clientes. A nova pista viabilizou a operação plena de aviões como MD 11, 747-700 e do Antonov, considerado um dos maiores cargueiros comerciais do mundo que já pousou três vezes no local. Nesta semana, pousou um Boeing 777 com 12,5 toneladas de equipamentos para a indústria de petróleo e gás.

A nova pista também tornou realidade o projeto da Costa do Sol de transformar o aeroporto de Cabo Frio em um concentrador de cargas para a região Sudeste. "Cabo Frio está sendo exitoso por permitir a nacionalização de carga aérea importada e por ter identificado um nicho de mercado a ser atendido", afirmou Delmo Pinho, subsecretário de Transportes do Estado. O governo estadual tem defendido a concessão do aeroporto do Galeão Tom Jobim, o principal do Estado do Rio de Janeiro. "Se em Cabo Frio a concessão deu certo, no Galeão daria muito mais certo ainda", disse Pinho.

Na busca por carga, a Costa do Sol Operadora investiu na expansão da estrutura de armazenagem. Atualmente, o aeroporto tem 20 mil metros quadrados de área coberta e 60 mil metros quadrados de pátio. Mais de 70 empresas, a maioria fornecedoras da Petrobras, utilizam Cabo Frio, que tem área alfandegada e funciona como um entreposto aduaneiro, o que permite aos clientes pagar impostos sobre os produtos importados só na saída das mercadorias.

Jorge Schettini Seabra, administrador do aeroporto, diz que entre as empresas que utilizam Cabo Frio estão Maersk, Devon, Esso, Schlumberger, Goodyear, Georadar, Statoil, Pride, Noble, Transocean, OXG e Petrobras. A OXG, pertencente ao grupo EBX, e a Petrobras montaram no local bases de helicópteros para atender operações de plataformas.

Entre os produtos movimentados, estão motores, raisers (dutos que ligam as plataformas ao leito do oceano), equipamentos de controles eletrônicos de plataformas, robôs de embarcações e transformadores, entre outros. A maioria dessas máquinas chega ao Brasil desde Houston, nos EUA, via Miami. Um dos planos da Costa do Sol é criar um condomínio logístico e industrial em área de 2,5 milhões de metros quadrados vizinha ao aeroporto que pertence à Companhia Nacional de Álcalis. Na visão da Costa do Sol, existe potencial para que empresas dos setores petróleo, eletroeletrônica, farmacêutica e aeronáutica se instalem no local.

Fonte: VALOR ECONÔMICO, via NOTIMP



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