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Traje contra a gravidade






Fernanda Prates

O ser humano pode até não ter sido feito para voar, mas a ciência vem dando seu jeitinho de deixá-lo cada vez mais confortável e seguro no ar. Foi visando à segurança dos pilotos que ousam desafiar esses limites que a Red Bull Air Race volta ao Rio de Janeiro neste fim de semana com uma inovação: a obrigatoriedade do uso de um macacão antigravitacional (ou anti-G) para todos os competidores. O traje especial foi desenvolvido de maneira a aliviar os efeitos debilitantes da elevadas forças gravitacionais – Força G - às quais os pilotos são submetidos ao fazerem manobras agressivas.

A Força G varia basicamente de acordo com a amplitude de comando do piloto e a velocidade da aeronave, podendo ser várias vezes superior à força gravitacional da Terra. Quando muito altas – acima de 6G – e contínuas, podem interromper o fluxo sanguíneo no cérebro, escurecendo a visão e levando até à inconsciência. Na Red Bull Air Race, esse valor pode chegar a 12G, ou seja, um número 12 vezes maior do que em solo.

– Quando um piloto realiza uma manobra com carga G, como um looping, sentimos a força G atuando em nosso corpo fazendo pressão para baixo. Com isso, o sangue migra do sistema nervoso central para as partes baixas do corpo, irrigando menos as superiores, incluindo o cérebro. Um dos primeiros sintomas da falta de oxigenação no cérebro é o escurecimento da visão– explica o Tenente Aviador Plínio, Oficial de Comunicação Social do 1° Grupo de Aviação de Caça, sediado na Base Aérea de Santa Cruz.

– Quanto maior o tempo sob a carga G elevada, os sintomas se intensificam, podendo, em casos extremos, ocorrer perdas de consciência momentâneas ou desmaios. Mas como em geral o que ocorre é o chamado "G instantâneo" (manobras rápidas) o sangue desce e sobe rapidamente, evitando assim possíveis desmaios – ressalta o Tenente.

A ideia do traje anti-G é evitar que o sangue desça totalmente, prevenindo a inconsciência. No caso da Red Bull Air Race, a equipe de pesquisa e desenvolvimento da competição trabalhou junto ao Autoflug GmbH, uma firma alemã especializada em abastecimento de emergência e tecnologia segura, para criar o macacão. O traje, com tubos cheios de líquidos, molda-se de acordo com a alteração das forças G, contraindo-se e colocando pressão nas partes inferiores do corpo para manter o fluxo sanguíneo o mais estável possível. O Tenente Plínio explica que, além do macacão, pilotos treinados podem ajudar a aliviar os efeitos da força gravitacional

– Existem modelos diferentes de trajes anti-G, mas o mecanismo fundamental é esse mesmo: apertar pra evitar que o sangue desça e a circulação seja comprometida – explica. – Um fator que entra em ação é a própria fisiologia da pessoa, que pode suportar mais ou menos as pressões, mas os pilotos também fazem movimentos como travar abdômem e contrair as pernas na hora das manobras.

Os pilotos, que estranharam o traje quente e justo a princípio, já aprovam o experimento, que pode aliviar em até 2G as elevadas forças.

– Demorei para me acostumar, mas acho que o macacão oferece uma proteção útil contra o "G Loc" (a força que provoca perda de consciência). É muito bom para aliviar a fadiga e ajudar um dia de voo a se tornar mais relaxante, se é que 12G podem ser considerados relaxantes de alguma maneira – brincou o piloto inglês Paul Bonhomm

Fonte: JORNAL DO BRASIL, via NOTIMP



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