Aeroporto de Manaus armazena excesso de cargas a céu aberto
Prejuízo das fábricas da zona franca com o atraso das mercadorias passa de US$ 70 milhões em quase dois meses
Liege Albuquerque
Com excesso de cargas acumuladas no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, mercadorias de indústrias da zona franca estão sendo armazenadas agora debaixo de lonas. A informação é de empresários que não quiseram se identificar. Eles afirmam ainda que continuam com o sistema de rodízio de funcionários para trabalhar nas indústrias do polo industrial, para evitar demissões.
De acordo com a assessoria da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fiam), o prejuízo das fábricas com o atraso na liberação das mercadorias já ultrapassa US$ 70 milhões em quase dois meses.
No lado dos empregados, a crise de espaço do aeroporto estagnou as contratações. "Não tivemos nenhuma (contratação) nos últimos meses e os empregados estão trabalhando em turnos, ficando em casa alguns períodos para depois da crise compensar as horas paradas", contou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas, Valdemir Santana.
"Pelo menos não tivemos desemprego, mas as contratações tradicionais no setor de televisores antes das copas não ocorreram", disse. Um cálculo do sindicato aponta que cerca de 4 mil empregos deixaram de ser gerados nos últimos dois meses, a serem recuperados nas contratações de fim de ano.
Segundo a assessoria da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), as cargas acumuladas fora dos terminais por causa da falta de espaço foram cobertas desde a semana passada por lonas, para protegê-las de chuva e sol.
Previsão. Na contabilidade da Infraero, neste mês, de 1.º a 25, foram recebidas mais de 5,3 mil toneladas de cargas de 190 voos, mas, segundo a empresa, hoje há apenas cargas de nove voos a serem liberadas. Ainda segundo a assessoria, a previsão é de que até a primeira quinzena de junho o problema de desembaraço das mercadorias esteja solucionado.
O inspetor em exercício da Receita Federal em Manaus, Renato Alves de Castro, disse que, assim como a Infraero, os inspetores da Receita estão trabalhando 24 horas por toda a semana, no mutirão formado há três semanas. "As medidas adotadas num pré-despacho da Receita já começam a dar mais agilidade no fluxo, mas em nenhum momento houve gargalo no que havia a ser liberado pela Receita", disse Castro. "No período crítico, no fim de abril e início deste mês, tivemos cargas de 48 voos em atraso, e hoje são nove, que dá uma média de dois dias de atraso."
Fonte: O ESTADO DE SÃO PAULO, via NOTIMP