Reforma pretende transformar o Tom Jobim em "hub"
No samba do avião, Antonio Carlos Jobim fez uma homenagem ao Rio de Janeiro e, em um trecho da música, lembrou do maior Aeroporto da cidade: "Dentro de mais um minuto estaremos no Galeão...". E mais adiante completou: "Aperte o cinto, vamos chegar, água brilhando, olha a pista chegando, e vamos nós, aterrar." A letra imortalizou o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro - rebatizado como Galeão-Antonio Carlos Jobim.
Mas por muito tempo o Aeroporto esteve longe de ser um cenário ideal para os passageiros que partiam do Rio ou chegavam à cidade pela Ilha do Governador, bairro da zona norte onde fica o Aeroporto, a cerca de 20 quilômetros do centro do Rio. A falta de investimentos ao longo das últimas décadas acentuou os problemas do Aeroporto, que é administrado pela Infraero, empresa estatal vinculada ao Ministério da Defesa. A Infraero administra os maiores Aeroportos brasileiros.
Embora a situação do Galeão-Tom Jobim tenha melhorado, há necessidade de investimentos crescentes nos próximos anos. A modernização é importante para garantir sua vocação como "hub" e para prepará-lo para grandes eventos, caso da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016.
O programa de investimentos da Infraero, cujos números estão em fase de revisão, prevê que o Galeão receba R$ 648,45 milhões nas reformas dos terminais de passageiros 1 e 2 e na finalização das obras do terminal 2. Entre os serviços em execução estão a recuperação das fachadas do terminal 1, a substituição dos 60 elevadores e escadas rolantes, além da reforma dos banheiros, entre outros. Segundo a Infraero, foi concluída a alteração da programação visual que identificava os terminais como "verde, azul e vermelho", os quais passaram a designar-se "A, B e C". O terminal C foi reformado e entregue aos usuários em janeiro e o terminal B será entregue em abril.
Para executivos do setor privado, os recursos previstos pela Infraero para o Galeão são insuficientes. Luiz Fernando Santos Reis, presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), trabalha com uma estimativa que seriam necessários R$ 1,2 bilhão para adequar o Galeão e o outro grande Aeroporto do Rio, o Santos Dumont. O Santos Dumont é utilizado para voos domésticos, sobretudo a ponte aérea Rio-São Paulo.
No plano de investimentos da Infraero válido até o início de março (o novo plano ainda não foi divulgado), estavam previstos R$ 45,35 milhões para obras complementares no terminal de passageiros do Santos Dumont. A Infraero reconhece que novos investimentos nesse Aeroporto dependem de perícia a ser feita pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), porque o Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou a suspensão das obras em virtude de diferenças nos preços contratados e pagos. Desde 2007, o Santos Dumont recebeu R$ 381 milhões em investimentos, via Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), na reforma e ampliação do terminal de passageiros, pistas e pátios.
Na visão de Reis, o Santos Dumont é uma área inacabada. "Existe um terminal de embarque não concluído com oito fingers (pontes para embarque e desembarque), que é o limite com o nível de operação atual", diz. O Aeroporto conta ainda com uma área de desembarque antiga - cuja fachada externa é tombada - e tem problemas de estacionamento. O Santos Dumont tem capacidade de receber 8,5 milhões de passageiros por ano e, em 2009, registrou fluxo de 5,09 milhões de passageiros, com alta de 40,6% sobre 2008.
No Galeão, a capacidade é de cerca de 18 milhões de passageiros por ano. Em 2009, o Aeroporto trabalhou com uma ociosidade de 35% considerando-se que recebeu 11,8 milhões de passageiros, com alta de 10% sobre 2008. Segundo a Infraero, a capacidade do Galeão deve passar para 26 milhões de passageiros por ano.
Embora a Infraero tenha feito melhorias no Galeão, empresários do setor consideram que o terminal do Aeroporto precisa ser modernizado. Entre as melhorias, destacam-se novos monitores de LCD 42 para as informações de voos, novas esteiras rolantes entre os terminais 1 e 2 e aquisição de 15 ônibus em operação para embarques remotos (longe do terminal).
"O terminal do Galeão, embora seja dos anos 70, foi uma concepção avançada para a época. E estaria preparado para as próximas décadas, não fosse a falta de investimentos nos últimos dez, quinze anos", diz Mário Aurélio da Cunha Pinto, diretor-superintendente do grupo MPE. O grupo tem contratos de manutenção e operação de alguns sistemas. Ele diz que com pequenas mudanças o Galeão pode atender a Copa de 2014. Mas para a Olimpíada as necessidades serão maiores. "O problema do Galeão é atender bem a demanda." Segundo a Infraero, o cronograma de obras está sendo cumprido. Os investimentos para os 16 Aeroportos das 12 cidades-sede estavam definidos antes de o Brasil ser escolhido para sediar a Copa 2014.
Fonte: VALOR ECONÔMICO, via NOTIMP
